ÂMBAR

ÂMBAR

Sumo
É o que escorre
Não só do fruto sempre mordido,
Como também do pensamento
Raras vezes moído
Por ser rala a coragem.
Líquida, quando há fome,
A vida escorre,
Represado rio entre represas
De tempo e sentimento.
Fio de água e sal.
O fluir sem fruição.
O amar – o gosto
Do que é mais sumo
(E nele, a verdade)
que seiva doce
(o suco do beijo)
Com sabor de não saber
O quanto é sumarento
O amor em seu curso.
E o amargo fica
A travar a face,
E se multiplica
No sumo,
Que vira âmbar,
Uma gema a guardar,
Em essência,
Dentro do ocre,
O que foi amor
E que não some.

(E. Rofatto)

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E. Rofatto

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Comentários

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    • Grato, Juliano! Sintetizou exatamente a ideia do texto: "represa de sentimentos". Um prazer ser lido na medida do que foi escrito!

  • Parabéns, poeta amigo, poema lindo, primoroso, adorei. Seus poemas são sempre cheios de sabedoria, encantado... Uma ode ao eterno amor. Abraços, paz e Luz!!!

    • Grato, Ilário, pela leitura! Digo-lhe o mesmo, seus versos também carregam a sua sabedoria e a sua sensibilidade que nos inspiram - logo, duas vezes, sou-lhe grato: pela leitura do que publiquei e por tudo que você escreve!

  • Edvaldo, lendo teus versos eu tomei um banho de poesia. Embebi -me no sumo lírico espremido em cada verso.Simplesmente maravilhosoooooooooo! Bjs

    • Grato, Marso! Também eu banho-me de poesia a cada visita que lhe faço!!! (Como gostei da imagem que criou e que revela tão bem o meu objetivo com esses versos curtos: "sumo espremido em cada verso" ! Leu-me na palavra e na minha intenção - leu meu poema todo, no que se mostra e no que subjaz.) Um prêmio para mim, a sua leitura!

  • Uma perfeita alegoria do que se tornam as lembranças mescladas de vivências, especialmente, de uma grande amor.
    Mês passado vi algo assim, um casal que conheci na minha infância, casaram-se bem jovens, cunharam a vida juntos, tiveram filhos, filhas,
    netos, bisnetos, uma multidão de amigos, passaram luas e luas juntos, verões e invernos, até que este ano ao 86 anos o homem desta história faleceu,
    A mulher ficou, todas as lembranças cristalizaram, eles viveram na plenitude a fase âmbar da vida, dois meses depois, ela também partiu, deixou para os filhos esta gema dourada como relíquia e modelo de vida. Um momento de reflexão, absoluta em teu poema.

    Meus sinceros aplausos pelo maravilhoso poema.

    Deixo meu Destaque!

    • Grato, Edith! Pelo comentário, pelo destaque e pelo compartilhamento de uma história tão bonita (que virou a gema dourada) e tão representativa do meu escrito (um privilégio ter uma leitora como você: mil vezes obrigado)!

  • Escreve como se tivesse decodificando nossa alma. Você tem humildade e muita astúcia, é isso que te faz diferente.

    • Grato, Sam! Um comentário assim, sem dúvida, é para colocar em xeque a humildade diante do orgulho suscitado por tamanho elogio.

  • Teus versos são o âmbar que adoça nossas almas!!!

    Belíssimo! Sempre um prazer visitá-lo! Melodia perfeita!

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CPP