De tanto chorar minhas magoas
Agora vivo embaixo d'água
Se é pra vive com água nos pé
Vou voltar pro meu Sento-Sé
Lá inte que tem água seu moço
Mas, aqui bate inté no pescoço
Levando tudo pelo caminho
Segura o toca-disco Toinho!
E amarra os minino na cama
Segura senão ela descamba
Valei-me meu Senhor do Bonfim
É muito castigo pra mim
O Senhor não tem coração,
O que nóis passamo no sertão
Com cede e com fome, garanto
Que isso é castigo de Santo
Por termos trocado o roçado
Pelo tal de solo abençoado
Fugindo da seca e lascado
Pra mode morre afogado
E os pés que só vevi inchado
De tanto vive ajoelhado...
Isso é praga do meu Padim Ciço
Toinho! Segura esses disco!
(Petronio)
Comentários
Todo ano o mesmíssimo drama da enchente, é triste demais ver quem trabalha de sol a sol perder o que conseguiu com tanto esforço.
Aplausos pelo poema.