CHOVE EM SETEMBRO

Vi o fim
O fim que vi fitava-me com olhos amendoados através da janela
E havia lagrimas
Não foi veloz
Oh por que para mim nunca parece acabar rápido?
Sem misericórdia no ultimo ato
Lenta dissolução
Eu vi o fim
Um final presente com gosto de cinzas
Um ar pretérito em nosso ambiente
Palavras desnecessárias nasciam e morriam em minha boca
Não as proferi
Eu vi o fim
Na cálida manhã cor de chumbo do sul
Chuva mansa sobre a cidade pacata
Entre nos desvanecia o amor
Eu vi o fim
Com gestos afetados e curtos
Rosto endurecido acenei do alpendre
Vi o carro afastando-se num rodar macio
Vagaroso
Na janela ainda os olhos
Ainda as lagrimas
Um curto e frágil gesto de adeus
Sob o céu chuvoso de um setembro morto
Eu vi o fim.

RODRIGO CABRAL

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Comentários

  • Bela construção, Rodrigo, ficou primorosa.

  • Tristemente lindo! bjs

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