Chega novembro com a primeira chuva...
Na janela em silêncio, olho para fora vendo
o lusco-fusco da manhã transitando à minha frente...
O vento balança as folhas enquanto o aroma adocicado
do jasmim espalha tomando o quarto na tentativa
de suavizar as rugas da minha consciência,
de suavizar as rugas da minha consciência,
e faze-las desaparecer...
O céu está cinza ardósia e inchado de nuvens...
A rajada grossa açoita a janela;veloz sacode
O salgueiro chorão
O salgueiro chorão
que verga na calçada com a cabeça de
longa cabeleira verde...
longa cabeleira verde...
Uma gaivota grita no alto contra o vento que
surpreende o mar sussurrando
surpreende o mar sussurrando
sonhos em murmúrios,rasgando uma abertura
no pequeno lugar interno onde estão
amontoadas velhas imagens e abrindo espaço
para a realidade...
amontoadas velhas imagens e abrindo espaço
para a realidade...
Na gaveta guardo seu retrato que me olha com
olhos petrificados de anjo de igreja,à espera
olhos petrificados de anjo de igreja,à espera
minhas preces constantes...
Sinto que morro aqui mas veja:já estará
morto antes de mim,antes mesmo
morto antes de mim,antes mesmo
que a luz fria,trêmula e aquosa dessa manhã
de novembro, permeie seu vulto
que um dia tenha sonhado que jamais!
que um dia tenha sonhado que jamais!
Pereceria em mim...
Marcia Portella
M_25/11/14
Imagem-web
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