CIGARRO DE PALHA


A poeira da estrada
Que o carro véio levanta
Enche de nó e faz trança
Os cabelos da menina
E cá nos meus pensamentos
Fumo um cigarro de palha
Sentado numa toalha
Feita de folha de urtiga

Quizera eu ser artista
Pra cantar esse lamento
Que é todo de sofrimento 
E faz meus olhos chorar
Assum preto eu seria
Na dor que trago no peito
Pra cantar todo o mal feito
Que eu vejo nesse lugar

Ah, quizera Deus me ouvir
Rogo ao céu tão inclemente
Pra que vingue a semente
No meu esturricado chão
Quando tantas mãos se fartam
Do que me falta e até mais
Saber que o céu dos seus quintais
Não é o mesmo céu do meu sertão

 
 
(Petronio)
 
 
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Comentários

  • Nossa Petronio!! A intensidade da emoção em teus versos nos faz viajar junto neste véio carro e sentir toda a tristeza do nosso sertão, tão sofrido. Encantada com seus versos! PARABENS!!! DESTACADISSIMO!!
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CPP