CINZAS DE ROSAS

CINZAS DE ROSAS.

Era fim de tarde,passeava na praia de areias mornas
Descalços os pés.descalça a alma
Uma sensação de não ser
Talvez por sentir demais
Olhava o por do Sol,sentindo o seu calor
Enquanto a brisa do mar refrigerava os sentimentos
Meditava na beleza de tudo que via
As lindas ondas do mar azul,rendadas de cristas brancas
Captando o dourado do Sol,que descia pouco a pouco
Imaginava o mar se abrindo a espera,do encontro glorioso
Quando o Sol nele mergulha-se num instante
O céu que observava o gozo desse encontro explodia em cores
Tudo se tornava infinito,num instante eterno,suavíssimo
E ela cantarolava,baixinho,canções antigas de lembranças que doíam
E porque doíam?
Porque o dia fugia,como o véu de uma noiva em fuga,levando o canto para longe
E a noite descia,a rodeava,refletindo em seus cantos escuros
Caminhava de volta para casa,não se apercebera que fora tão longe
A noite sem lua e sem estrelas,estava apagada,escura
Mas não apressou o passo,nada temia,não por ser corajosa demais
Mas por não se importar,já não ser
Quando entrou em sua casa,soava o som da meia-noite,no velho carrilhão
Lavou-se e nem comeu,sua fome era outra
Deitou-se nua,sentindo na pele o cetim do lençol,cheio de saudades
Era lindo,todo desenhado com rosas,e o usava como se fosse um amuleto
O cheirava sentindo o odor do perfume dele,que permanecera
Gemendo em silêncio,tentando encontrar num fragmento de sono
O sonho que queria sonhar
E o sono a abraçava
E ela lutava num tormento,de alcançar algo indefinido e ansiado
Ouvia palavras que não foram pronunciadas
Sentimentos impróprios,mas inevitáveis,na tentativa de reencontrar o passado
Onde a memória lutava com o esquecimento
Quando conseguia encontra-lo,o abraçava sedenta do seu amor e carinho
E ele a beijava e amava como antes
E ela ouvia sons de músicas inimagináveis
Sentia o sabor de seus beijos e o seu odor era de rosas
Tentava segura-lo,as vezes suavemente,como quem segura as sedosas asas de uma borboleta
Outras vezes com força,como quem segura um bicho bravo
Mas ele virava cinzas em suas mãos
Não.não queria acordar,e perder aqueles momentos que eram só dela
Mas tudo fugia e acordava
Sentindo na boca o sabor do último beijo
E nas mãos,cinzas de rosas

Marize Rodrigues Ukwakusima.

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Comentários

  • Nossa, muito linda tua prosa poética.

    3582476?profile=original

  • Mais uma linda pérola de teu atol de poesias, Marize. Magnífico! Bjs

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CPP