ESCRITURAS
No derrame de verbo e ação,
Repete o inquieto coração
A suma escrupulosa de um rito
Dos velhos livros em que debito
A paixão crescente a letras de ouro
Tornadas lírio e chumbo: tesouro.
Gargantas de antigas ampulhetas
Ecoam sons de muitas facetas
Na velada alquimia dos monges,
Que sabiam evocar dos longes
Os espíritos das letras mortas
Renascidos com força em aortas
De sintaxes pulsantes de dor
E gozo, rebentando em clamor,
Comunhão de corpo e espírito.
No meu miserere ficam escritos
Os arcanos que acompanharão
Os cruzamentos da minha mão.
Às minhas perguntas sem respostas,
No reverso do que a vida aposta,
Um cicio pode encontrar a foz,
Um grito talvez comova algoz.
Assim, apresento-me à Esfinge,
Que desafia mão e laringe
E exige, para salvo-conduto,
O verbo conformado em tributo:
– Decifra-me em doce mistério,
Ou devoro-te, no ministério
Em que dúvidas tu enclausuras,
Para triunfo das minhas usuras!
(E. Rofatto)
Comentários
As metáforas implícita nas entrelinhas dá um toque divino e profano aos teus versos. Lindooooooooo, Edvaldo. Bjs
Grato, Marso! É motivo de uma imensa alegria para mim ter uma leitora como você, preocupada com as entrelinhas do que escrevo. Grato, mais uma vez!
Notável inspiração!Parabéns
Grato, Lilian! Ter a aprovação dos talentosos amigos aqui da Casa é motivo de muita satisfação!
Seu talento é inqualificável, aplausos meus amigo Edvaldo, beijinho.
Grato, Cristina! A generosidade do seu comentário é mais um estímulo que só estende a sua dimensão quando se tem de reconhecer o seu talento, Cristina, também inqualificável.
Parabéns, poeta, poema muito bem redigido, feito com maestria, divino. "Em que dúvidas tu enclausuras,
Para triunfo das minhas usuras!". Versos, maravilhosos, fechou com chave de ouro. Admiro a sua capacidade de criação. A música também é de bom gosto, tem algo de Sacro e Mundano... Abraços, paz e Luz!!!
Grato, Ilário! No limite do sagrado e do profano, do humano e do divino, do tosco e do sublime, estão as palavras que eu, você e todos os amigos da Casa usamos. Todos frequentamos esses mesmo lugares, todos nos esbarramos e deixamos um pouco da nossa amizade! Um abraço!
Que divino Edvaldo. Amei. Parabéns!
Grato, Marta! Admiro a delicadeza dos seus versos, por isso minha satisfação pelo seu comentário! Pessoas como você entendem a poesia na sua origem.