FILIAÇÃO

FILIAÇÃO

Entra pelos seus olhos a mesma luz
Dos meus tenros dias gloriosos
Num tempo que não se conta,
Impregnado de êxtase-agonia,
Homeostase a encher a vida de tudo
De que o coração já está cheio.
Repasse de geração a geração,
Meu filho se reencontra comigo
Vivendo longe de mim análogo enredo.
Ao pisar um chão todo desconhecido,
Leva como atávico destino
Telúrica herança do descanso da vista
Em ribeira de pálpebras
Cheias de memoriosas pastagens.
Foi arar seu futuro num eito ancestral,
Que sangue e suor de parentescas veias
Percorreram muito antes dele.
Eu e os meus em semelhante senda
Cumprimos a nossa caminhada
Por campos iguais a esses,
Onde agora ele deixa, sobre
As nossas, a sua pegada.

(E. Rofatto)

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E. Rofatto

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Comentários

  • Parabéns, poeta, poema lindo, primoroso, adorei. Você resumiu o viver em pouquíssimas palavras, toda a complexa ancestralidade herdada por nossas proles, que tem em comum conosco muito mais que eles pensam. É uma honra escrever junto contigo e aprender coisas tão grandiosas que muitos julgam sem valor. Meus sinceros aplausos... Sou seu fã. Abraços, paz e Luz!!!

    "Foi arar seu futuro num eito ancestral,
    Que sangue e suor de parentescas veias 
    Percorreram muito antes dele."

    Magnífico...

  • Acredito que a satisfação de todo pai e de toda mãe é ver o seu filho colhendo os frutos do seu trabalho e, mais ainda quando segue este caminho seguindo os exemplos tidos na família.
    É maravilhoso ver a marca, o registro de seus passos na sobre o chão onde os ancestrais pisaram e lavaram sua história. Lindo poema que nos leva refletir sobre a educação dos filhos, a importância e peso da orientação familiar. Sinceros aplausos ao teu poema.

    Parabéns, Edvaldo e Destacado!

  • Ver os filhos seguindo o seu próprio voo sem esquecer o que aprendeu no ninho é a nossa maior recompensa. Lindíssimos versos, Edvaldo! Bjs

    • Grato, Marso! Sim, é bom ver que, de alguma forma, eles continuam a história: venho de uma família de roceiros, e o meu caçula optou por trabalhar com a terra! Digo-lhe que está no sangue!

  • Nossa parece que hoje esses poetas da nossa amada CPP resolveram todos mexer com meus sentimentos e memórias, desse jeito eu não aguento. Desculpa, mestre Rofatto, mas não pude evitar a emoção! Parabéns por essa maravilha de escrito que você nos ofereceu!

    • Grato, Sam! Aqui nesta Casa,oferecemos, como você disse; mas também recebemos, generosamente, de amigos como você!

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