Quando vi a serpente na relva pensei em decepar-lhe a cabeça
Como ideia ruim que se extirpa da mente...
Deslisava o réptil silencioso e alheio
Avançava sem medo...ignorando minhas ideias assassinas
E pra onde vão as serpentes nestes dias frios do sul?
Serpente tem lar?
Serpente tem família?
O que sei é que serpente tem fome...
Quando vi a serpente na relva ela parecia desejar os pássaros felizes do bebedouro
É má a serpente eu pensei...é má
De um verde indistinto camuflada no gramado
Atrevida rastejando abjeta na vida
Vai matar os pássaros...
Pobres pardais ,pobres canários ...
Talvez ansiosa por ceifar alguma vida humana
Como saber?
Quando vi a serpente na relva armei-me de pronto
Bebi fundo na taça do medo...
Aproximei-me sorrateiro pronto pra matar
Mas não matei...
Quando vi a serpente na relva entendi que ela só fazia o que lhe cabia
O papel que lhe calhou na ordem da vida...
De porrete em punho espumando medo atávico e ódio infundado estava eu
De certo também cumpria o papel que me cabia?
Ela deslisou pra longe...
Um ciclo foi quebrado ali.
RODRIGO CABRAL
Comentários
Parabéns, poeta, poema lindo, reflexivo, Afinal, "A aranha que é má ou a Mosca que é ingênua". Abraços, paz e Luz!!!
Lindo texto poeta Rodrigo. Para reflexão em dias vindouros
Abraço
FC