SÓ O PÓ

Os dentes mordem comida fria.

Os sonhos se perdem ao adormecer.

Os olhos choram sem saber porque.

A lua foge antes do amanhecer.

 

Falta coragem para ferir o verbo.

Falta coragem para abrir a porta.

Falta coragem para abrir os olhos.

 

Aranha ressabiada descendo pelo lustre do quarto,

Parece desistir de suas escaladas

Para sucumbir sob a sola do meu sapato.

 

Junto a poeira que se confunde com meus olhos

Sobre a prateleira que se confunde com os livros.

 

Repito dez vezes que não vou morrer.

 

E o que é proibido

Rasteja no assoalho,

Valha-me Deus desse destino!

 

Mário Sérgio de Souza Andrade – 01/08/2017

 

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Comentários

  • A morte é o que sabemos de mais certo.

    Parabéns, poeta.

  • Parabéns, poeta, poema lindo, primoroso, adorei. Abraços, paz e Luz!!!

  • 3678074?profile=original

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