VOLTA
Não importa quantas vezes não,
A frequência do tom,
A insistência do som,
Se é outono ou verão,
Se o mundo desistiu de nós,
Se apesar de tudo não chover,
Se A Lua brilhar,
Se o bem querer viver,
Estar, ser, permanecer, ficar,
Quantos obstáculos teremos de superar
Ou quem nos dará razão,
Para quais ouvidos poderemos dizer
O tanto que nos faz pensar,
Por que devemos ser
O que realmente não somos.
Não somamos ao universo
Uma gota da perplexidade
De um olhar apaixonado.
O que ou quem estará contra nós,
O calar da nossa voz,
O atroz castigo de viver
Dentro do que não somos,
A soma da nossa vergonha,
A desculpa da nossa desonra,
O castigo ao nosso pecado,
Sem nunca termos pecado.
Não nos interessa estarmos inebriados
Nesta solidão solene,
As taças quebrarão sem as nossas mãos.
O coração que reclama dentro do peito,
Bate por que ama.
Neste mundo invisível
Vestimo-nos apenas
Com a pele coberta de alma.
Neste mundo invisível
Vestimo-nos apenas
Com a pele coberta de alma.
Sem artifícios, o sacrifício
É ceder ao que não faz sentido.
Viver por apenas ter vivido,
Mesmo com o sofrimento
Deste amor que teima
Em resistir aos ventos da saudade.
Mário Sérgio de Souza Andrade - 09-07-2017
"Quantas vezes o poeta erra nas palavras, somente por sentir mais do se pode dizer"
Comentários
Poema de uma grandeza reflexiva imensa.
Muito obrigada pelo brinde desta leitura.
Destacado!
Parabéns, poeta, poema lindo, primoroso, adorei. Abraços, paz e Luz!!!
Eu li e senti seu poema...
E pretendo expressar numa única palavra o que senti após ler e reler.
AMEI!!!
Beijos!
Nina Costa