Travessia

Passa o mar dentro d'alma

Exaurida e machucada das andanças

A sudorese abre  poros latejantes

Tenho na garganta um aperto

Nem respiro com receio de sumir

Não cabe nesta coisa chamada consciência

Este amargo fel dos meus dias feridos

Tentei fugir: corri, cai, levantei

Esfolei a alma na teimosa persistência

E veja só a minha sina: morri de morte

Vencida, e o destino zomba de mim

Agora não mais carrego cores

Minha íris tingiu-se de breu fundo

Profundo no branco da amnésia

e neste vazio precisei sair de mim

Agora me vejo espalhado feito lesma

Gosmenta e rastejante não consigo

Nem mesmo fingir que rastejo 

Porque a mentira toda me torceu

E hoje no avesso encontro verrugas

Lombos e deformações animalescas

Feiura que se escondia por debaixo de Carrara

era lisa e  transparente

Era imagem sugerida e aceita, amei

Sim amei!! O feio desta vida...bela

E eu estive sempre ali cega e feliz

  

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Comentários

  • Estimada poetisa estou navegando por suas páginas.

    Tenho que voltar com mais tempo, para me banhar no mar das suas ilhas.

  • MARAVILHOSA INSPIRAÇÃO...

    NOSSOS APLAUSOS!!!

    GADS

    3585728?profile=original

  • Oi Jennifer. Gostei muito do teu poema, realmente escreves com uma pena forte, com profundidade de quem conhece as dores e alegrias da vida e também as nuances da alma humana... Por favor, aceite os meus humildes aplausos pela bela obra poética. Beijos, Marcos.

    3584865?profile=original

    • Agradeço de coração, abraço, amigo Marcos.

  • This reply was deleted.
  • Impresionante.

     Bom demais, querida Jennifer.

     Parabéns!

     Beijos

    3584673?profile=original

    • Bom dia, Nieves, agradeço de coração. Bjs
  • This reply was deleted.
  • 3584705?profile=original

  • 3584718?profile=RESIZE_1024x1024

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