Se me amares, Faze teu amor livre de ti: Sem pergunta nem resposta. O silêncio das sereias Que abdicam de encantos Em tempo de descrenças Vence o murmúrio das marés E em lúcido fundo nos mergulha. Salvos um com outro, Seremos quem já somos: Pássaros sem asas a olhar o céu, Cães velando o corpo do dono, Bois sustentando a canga dos labores. O que punge a alma moída Da certeza de tudo ser quase nada É nosso – mais o redentor afeto De, mesmo longe, estarmos perto. Embora solidários, cada um é só Na história que subsiste Em muitos submersos sítios De saudades imensas. Do bem que se buscou Num gomil a se inclinar Sobre as mãos em concha, Nada verteu, além dos vazios. Mas tu me redimes, eu sei, De ser órfão ao desamparo. Ninguém vê. Ninguém ouve. Ninguém sabe onde está o berço. Só tu me encontras, mas Despojado do que foi meu, Senão do que eu mesmo fui. Se me amares, que seja Igual a folhas que caem Sem promessa de flor e fruto, Porque, ao fim deste maio, Toda estação será outono. Do que foi verde-esmeralda Queda ouro doado a quem Acolhe da morte o tom de sépia Definitivo – que só pode amar Quem não pergunta, nem responde.
Respostas
EM SÉPIA
Se me amares,
Faze teu amor livre de ti:
Sem pergunta nem resposta.
O silêncio das sereias
Que abdicam de encantos
Em tempo de descrenças
Vence o murmúrio das marés
E em lúcido fundo nos mergulha.
Salvos um com outro,
Seremos quem já somos:
Pássaros sem asas a olhar o céu,
Cães velando o corpo do dono,
Bois sustentando a canga dos labores.
O que punge a alma moída
Da certeza de tudo ser quase nada
É nosso – mais o redentor afeto
De, mesmo longe, estarmos perto.
Embora solidários, cada um é só
Na história que subsiste
Em muitos submersos sítios
De saudades imensas.
Do bem que se buscou
Num gomil a se inclinar
Sobre as mãos em concha,
Nada verteu, além dos vazios.
Mas tu me redimes, eu sei,
De ser órfão ao desamparo.
Ninguém vê. Ninguém ouve.
Ninguém sabe onde está o berço.
Só tu me encontras, mas
Despojado do que foi meu,
Senão do que eu mesmo fui.
Se me amares, que seja
Igual a folhas que caem
Sem promessa de flor e fruto,
Porque, ao fim deste maio,
Toda estação será outono.
Do que foi verde-esmeralda
Queda ouro doado a quem
Acolhe da morte o tom de sépia
Definitivo – que só pode amar
Quem não pergunta, nem responde.
(E. Rofatto)
Outono – Overtrip
Folhas caídas,
Tapete forrando o chão.
Temperatura amena.
Dias curtos, noites longas,
De dia,
Caminhamos nas folhas macias,
Pisamos devagarzinho,
Olhando arvores preparando inverno.
Longa noite,
Sonhamos com a primavera.
É outono!
Sandra Godoy
Limeira-SP
Muito grata, querida artista!
Muito lindo. Adorei.
Beijo no coração.
Muito grata, Margarida!
Que bom que você gostou.
Beijos.
Com a delicadeza de uma folha caindo, hein, Sandrinha? Lindo, muito lindo!
Muito grata, Rofatto!
Pela visita e pelo comentario.
Fiquei feliz.
Beijo no coração.
Quando as folhas caem
Olhei para as árvores e vi que suas folhas
Com mudança de cor, forravam o chão
Preparando-se para o inverno, sem escolhas
Porque o tempo gira em torno de cada estação...
É outono... As folhas caem e transformam a terra
Num incessante caminhar do tempo que muda
Minha paisagem interior e exterior quando aterra
Alegrias e sonhos, deixndo a face susuda...
O dia é mais curto e anoitece mais cedo
O céu, muitas vezes nublado, traz saudade
Ao coração que vai envelhecendo com medo
Do inverno que virá na alma como tempestade...