Respostas

  • Fotossíntese

    Das flores que desabrocharam

    Há uma, tão bela e serena

    Fora das entranhas que a abrigaram

    Semeia-se a compor a paisagem

    Singela feito uma folha pousada ao chão

    Se faz árvore ao desfolhar a vida em outonos

    Dia a dia mais maravilhosa!

    A vida, flor, escritas em perfeitas letras

    Torna a leitura o ponto cruciante aqui

    Mais importa, o transportar a vida aos olhos

    Teus, neste cenário idílico e se deixar iluminar

    Numa completa fotossíntese do momento.

    Jennifer Melânia

  • Caminho de individualização.

    Mergulhei na paisagem e na leitura e me esqueci da vida
    Neste momento, banho-me com o prazer que se manifesta em
    claridade, silêncio e mistério que paisagem e leitura me transmitem
    e me revestem de uma força misteriosa que eu chamaria de paz.
    Minha atenção voltada para dentro, meus sentidos organizados,
    mergulhados e refugiados num abstrato desabrochamento
    de sentimentos sem nome, indistintos, ressonância de sensações informuladas,
    concentrada, absorvida na leitura que me absorve totalmente,
    mas, sintonizada com a beleza da paisagem que me cerca.
    Afundo no verde e na leitura sem ter palavras para transmitir o que leio
    nem expressar as emoções por ela produzidas. Mastigo cada palavra com o prazer
    que cada uma delas me proporciona produzindo um efeito não comum sobre
    o meu pensamento quando penetra as cavernas escuras e sombrias da minha mente
    e as impregna com um belo e luminoso clarão, cujo brilho se estende além de suas entradas,
    fazendo a passagem de uma sensação para uma reflexão e, de um estado
    de percepção passiva para uma contemplação voluntária como uma convicção
    da minha real existência. E, neste momento, entro em comunhão com minha natureza
    imaginativa, intelectual e sensitiva que, encontrou na leitura, o caminho da individualização para,
    em seguida, juntar paisagem e livro e, me inserir neste contexto
    Quem fecha o livro não é a mesma pessoa que o abriu. Aquela faz parte do enredo.

    Marsoalex – 30/07/2017

  • LEITURA

    Entre verde e azul, uma fresta aberta em livro para vislumbrar herdades de verões que se alongam, de norte a sul, por recônditos hectares de sonhos, apesar dos pesares.

    Sobre o relevo das palavras, eterniza-se a paisagem de um momento e nela, em lufadas de repetido enlevo, rufla entre relva e brisa a alada quimera outra mais poderosa verdade insincera.

    As vidas que um livro me dá são cheias da poesia que não está nas avenidas das realidades de cada dia. Páginas viradas são asas batidas num voo sem igual de águia em corpo de leão para a contemplação de universos de outra topografia, alheia e minha - surreal.

    Nessas searas de bélica ou bucólica beleza, evocativa de tardes langorosas, eu, circunspecto e nostálgico, sou personagem de mim mesmo, alçado a um céu aberto para cruzar léguas e léguas de lirismos imantados em idílios e guerras. Ao sol posto das intempéries do mais árido agosto, há o retorno ao éden florido num impávido setembro.

    Em verso, ou prosa, sensível às efemérides, revelam-se perenes as miragens da ficção, cintilam em laudas de sol nascente as cores que não vi por mero descuido e o eco que não ouvi por descaso singelo.

    Entretanto, afeito aos matizes e à sonoridade do texto, sou levado para além do tempo da vigência do livro espalmado. Fechada a verde fresta azul dos verões herdados, restam nuances e acordes tomando-me de assalto os sentidos. Em aleluias!

    (E. Rofatto)

  • Reflexão

     

    De manhãzinha me isolo

    pra fugir do cansaço,

    pensar,

    meditar,

    me recompor,

    aí eu mesma me consolo,

    me abraço

    com vigor,

    concordo com o que está

    pra recuperar um sonho

    que deixei pra lá.

     

     Ivone Boechat

  • MERGULHO NA NATUREZA
    Eri Paiva

    Para me achar em mim
    Mergulho na natureza!
    Só o encanto das campinas,
    O canto doce das aves,
    A chuva que do céu declina
    Me traz e de novo me salva!

    Quando de mim tu partiste
    Quebrou-se a minha inteireza
    Mas, a doce mãe natureza,
    No seu regaço me toma
    E me dá sua verde cama
    Para eu me refazer, relaxar
    E o meu todo resgatar...

    No colo da natureza
    O céu de mim se aproxima
    E eu volto a ser a menina
    Que fui, que era e que sou
    Perdida dentro de mim
    Depois que puseste à deriva
    A beleza do nosso amor!

    No meio da natureza...
    Lá eu choro minhas lágrimas,
    Lá eu grito minha dor,
    Desato o nó da garganta...
    Faço cicatrizar a ferida...
    Que em mim fez teu desamor!

    No meio da natureza
    Eu danço, eu canto, eu respiro,
    Eu me vejo ressuscitando
    Das cinzas das minhas lembranças.
    Quando penso que acordei
    Abro meu livro de saudade
    Em cuja página me dizias: voltei!

    Em 20. 05. 2017
    Washington/USA

  • A calma de um sonho

     

    O jardim me acolheu pela manhã

    As flores acenaram com abraços no verde das folhas

    Pedi licença para me acomodar

    Ler histórias que me levam ao infinito

    Os troncos das árvores me vigiam e não deixam as moscas me perturbarem

    Sonhando sem pedir para ficar

    Esqueço a hora de me deitar nem alimentar

    O perfume das flores alegra as borboletas

    Que posam juntinho de mim para me agradar

    O amarelo, o verde e o branco sabem me cativar

    Sonho dentro de mim, muito amor e alegria quero levar

    As letras de um livro me fazem apaixonar

    Quero meu amor esperando alegre por mim ao cair da tarde no bosque

     

    José Hilton Rosa

    Brasil

    • É impressionante o sentir de cada poeta. As diferentes interpretações são preciosas.

      Parabéns José Hilton. Ficou lindo teu texto.

    • Olá Edith! obrigado pelo elogio. As interpretações realmente falam para cada pessoa. 

  • O Lugar

    Tão menina sonhando ser mulher, num romance antigo, cheio de desejos,

    Amores platônicos, longos suspiros, cochilos e a fofura da grama lhe serve de leito

    Flores nos campos, nas árvores e em seu florido pensamento que só vê beleza e cor,

    Seu róseo vestido completa a mais bela tonalidade de suas faces e de sua história,

    Menina flor, menina mulher, só menina, só sonhos, tantos a realizar.

    Fique aí nesse momento leve, não acorde, não desperte. Este é o melhor lugar!

    Maria Helena da Silva Campos Cruz

    • Parabéns Helena!

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