Posts de Alexandre Montalvan (556)

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No fundo do Poço

Faça de mim apenas um poço
em qualquer deserto sem água
neste infortúnio causal que ouço
em que a ternura pouca mirrava

Faça-me tela de linho branco
onde amor se desmancha nas cores
e que a dor é um mal natural
linfa impura de tantos horrores
que escorre por entre pedras dos açores

Faça de mim amor para quem não entendeu
que é para todos o respeito, as regras, as leis
faça-me o fogo no qual me queimei
sonorizando a dor que arrefeceu
na noite sem a lua cor de breu

Faça de mim o ator que não sou ou fui
e nesta tristeza que me coça e arde
sem que eu possa dizer um Ui
nas entrevidas de sombras que polui
ao me ver morrer na minha finita tarde

Dê-me então teu abraço; Ò noite escura!
Já não há lei, nem dos homens, nem de Deus.
Aos meus olhos mostre o meu fim!
Somente o negrume é que não
poderá negar para mim...
ou para os meus.


Alexandre Montalvan

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O Rosto!

No oco de um sujo espectro
o enrosco que surge é o rosto
e os contornos suaves do resto
que restam no chão é um pouco

Que liga, liga esta sombra triste
em elos de um extinto país distante
no jardim que não tinha um fim nem existe
na imagem de tristeza de cada instante

No espelho um reflexo disforme
um engodo sem cú ou sem nome
o fruto é fogo falso que o consome
enquanto os monstros no pasto dormem

Do falso ao que não é verdadeiro
porem absurdamente o rei está nu
uma criança grita ao mundo inteiro
enquanto vacas no pasto gritam muuuuu

Pois comeram sanduiche desfermentado
no lugar de um matinho da harmonia
beberam água de um tacho mal lavado
água benta ao final da liturgia

Porem acho que tudo não tem sabor de nada
são só ondas de vento sopradas na rua
enquanto o resto e o rosto dão risadas
da circuncisão da enorme glande da escultura

Alexandre Montalvan

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Soneto da Alma Prisioneira

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Ecoa a tua voz em minha cabeça
Faz rolar na face uma lagrima oleosa
É este poder que não deixa que eu esqueça
De teus lábios vermelhos cor de rosa

Não posso evitar que o mal me impeça
De fugir desta sina, sereia venenosa
Vou me iludir com tuas falsas promessas
Quero me afastar desta dor caprichosa

Mas dos céus vão cair flocos de desejos
Que incendeiam meu sangue quando a vejo
Fazendo do meu corpo uma fogueira

Mulher de sonhos que me enche de tesão
Faz deste meu amor loucura e perdição
E da minha alma uma louca prisioneira.

Alexandre Montalvan

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Céu Cada Vez Mais Fundo

Neste mundo no qual me afundo
sou apenas um simples naufrago
meus segredos escondo bem fundo
e o amor com as mãos eu esmago

Fodo-me aqui onde eu sou um plágio
com palavras de um sentir profundo
são poemas que escrevo e propago
mas que não sou ou serei um segundo

Farta-me de todo o horror do mundo
e fulmine-me com o calor de um raio
ou faça-me a lama na qual me afundo
aí eu mostro o quanto eu sou falho

Falho nas poesias das quais me valho
pois que valham no buraco no qual eu caio
mas quando olho deste buraco e vejo o céu
o mesmo céu que me enterra cada vez mais fundo

Alexandre Montalvan

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Soneto - Amar Loo' Kisses

O amor é sempre um sonho do humano
porem que nem sempre tem o tato
nós o confundimos a um contrato
para a destruição nós o levamos

O amor não poderá ser medido
todo minuto será infinito
não se pode sufocar o grito
Amo até sem ser correspondido

É isto! O amor é esta maluquice
é como a porta do hospício abrisse
a vista, ofuscada por um véu

É melhor é retirar que eu disse
pois se um raio agora me atingisse
seria expulso para sempre do céu

Alexandre Montalvan

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Ver Você

Eu posso e tenho um corpo sem olhos
Pois é em um nada que eu posso te ver
Ajoelho e aos deuses eu agradeço
Pois cego eu sou como cego é você

Mas eu consigo ver a tua felicidade
Mesmo não tendo boca para sorrir
É a imanência absoluta e pode fazer
Com que eu me interiorize em você

Triplicado em múltiplos sou este ser
Que se revela na ausência de nascer
Com a língua largada e fria finjo pertencer
À uma cloaca impura na qual voltarei ao morrer

Se o surreal desta vertigem é ser virgem
De corpo, é apalavrado, mas de alma não existe
A não ser em muros que negros se insurgem
Pichado em tintas brancas com o dedo em riste

Eu tenho um nada comigo mas apenas sou desnudo
Uma aflição desmensurada que escrevo sem jeito
É uma faca na garganta que me rasga até o peito
Perdoe este jeito de falar... é meu medo
de morrer mudo.

Alexandre Montalvan

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Ao Nascer de cada Manhã

As palavras que nadam em teu olhar,
são infinitas estrelas em um céu de fogo,
elas desenham as cores de um rouxinol
num canto de amor em um romântico jogo

Os instantes contemplam sua inocência eterna
enganam o tempo por não querer que ele passe
a essência do amor é sua irrealidade terna
a sensualidade mundana e o verdejar de sua face

Da solidão ao vento que a leva em suas asas
sem que faças desta dissolução um pensamento
como o mundo fazendo do coração a sua casa
quando o mundo é mais escuro que o momento

Abrace o alvorecer! Pois tua alma influencia o dia
intua o olhar no infinito, o verbo é só poesia
poesia ao beijo com o hálito perfumado de maça
e no beijo só amor existiria no nascer de cada manhã

Alexandre Montalvan

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Amor de um Instante

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Perpétuo é este amor de um instante
do inferno de Dante até o paraíso
é preciso viver a vida com um sorriso
é centelha de luz efêmera mas brilhante

Como este amor foi feito de improviso
seu toque de mão nunca foi constante
ah! amor terrível que me fere o siso
a cada dia que passa é pior que antes

Sei que não há de restar nem mesmo cinzas
pois todas serão levadas pela brisa
não pense quem me lê que sou ranzinza
é tão somente uma influição concisa

Há tanta dor de amor que eu poetizo
versos no lugar de lágrimas inocentes
                                                  é viver no inferno e não no paraíso
                                                  quando o amor se torna esta vã serpente

                                                                               alexandre montalvan

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Cão de Rua

Nunca eu fiz tudo que pude
Para ser o melhor em nada
Tenho tão poucas virtudes
E as falhas são demasiadas

Tu não peças que eu mude
Elas completam a m'jornada
E nesta louca vida amiúde
Sempre temo qualquer cilada

Afinal trago comigo a verdade
Sem ocultar nada eu digo
Minha vida é sem fronteira

Sou como um cão jogado na rua
Minha cama é a calçada sob a lua
Vivo feliz por viver sem coleira

Alexandre Montalvan

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Sangue Latino

O poema não tem sentido sem teu tino
mas eu me atino a errar mais uma vez
salta o verbo percutindo meu destino
e o faz no erro para que tu possas ver

Claro que isto pode ser muito ferino
que fazer se a realidade é um talvez
se o erro faz parte do sangue latino
é este o motivo para expor sua nudez

Não de principios a sintaxe aprofunda,
abunda o uso eriçado em seus trilhos
Mas não é bom nadar em águas profundas

Pois se a sua isufruição impacienta
A linguagem engasta versos com brilho
E a poesia latina ou é oito ou é oitenta

Alexandre Montalvan

 

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Delirio de Amor

Um amor infinito
em tantos rostos, como flores num jardim
e a cada um, o renascer de um ardil
que remetem a eternidade
mas são pedras levadas por um rio
 
Uma espuma branca, que o vento expressa
uma esperança em seu leve embalar
Uma prece. Como se este amor pudesse
infinitamente assentir ou afrontar
 
Nas veredas uma neblina fina
Vibrações que nas sombras invadem a colina
Amor e tempo em contínuo conflito
Do brilho no olhar como água cristalina
 
E quando a noite invade as ruas
Desfazendo as silhuetas dos andantes,
Como sempre foi, como antes
Surge no firmamento a luz da lua
 
São delírios de uma alma para o amor
aonde bocas em outras bocas selam
Os amores infinitos que revelam
colibris que voam de flor em flor
 
alexandre montalvan
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Abandono

Oh! marulhar deste mar de tantos sonhos
ninguém pode sentir aquilo que sentes
ou a dor nos longos caminhos do abandono
e deste grande amor que se faz presente

Oh! este amor tão transitivo e tão raro
só foi ave de um verão curto e passageiro
ele que não se deu a você por inteiro,
no outono partiu, e a deixou no desespero

Oh! tão frio aterrador é este sombrio inverno
este amor moderno que pra ti é eterno
a tua pobre alma se arrasta na loucura
e na insensatez que é amar na desventura

É chegada à hora de dividir o indivisível
de reinventar este triste coração partido
por este amor perdido que é cinza, mas já foi chama
que desfigurou a tua pobre alma nesta emoção,


Deste abandono que sobre ti a dor derrama
são restos de um amor que foi apenas ilusão,
risco que só se corre quando se ama.

E quando se entrega eternamente o coração...

Alexandre

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Vazio

Não chega a mim os
Desejos da m'alma
E apenas há na terra
Um som distante
Como o rugido de uma fera
Agonizando em uma jaula

É neste abismo profundo
No qual afloram os meus medos
Estou cansado e sem sonhos,
Tão real... tão cru
e vazio de desejos

Eu entrego o meu olhar
A um firmamento imenso e azul
Mas nem mais tua presença
Eu percebo
Nem mais... meu próprio
Corpo eu percebo...desfalecido e nu

Neste vazio infindo que depreende tudo
Tudo, é uma doce nostalgia
Neste frio sem fim
É inverno e eu não me iludo
É o nada que se impõe...que faz parte de mim

Alexandre Montalvan

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Labaredas do Amor

Leve-me contigo, eu te digo
Ou venha comigo num neste ritmo alucinadamente  lento,
viveremos o amor.
Ao flutuar nas águas vermelhas das paixões
Dedilhar no teu corpo macio
Sentir o bater dos nossos corações

As labaredas sensuais da carne
Trazem para o frio da noite o calor, o tesão
Neste emaranhar de corpos os suspiros surgirão
Uma sensação de enorme prazer
Um gozo infindo em uma enorme explosão

Perdidos na linha de um horizonte lindo
Não importa para onde estamos indo
Almas livres nesta imensidão
E para o amor convergindo
Na urgência esplendida da nossa união

A magia de nosso amor em um suave verso
Que nasce no âmago do coração
É na invenção lúdica do universo
Que transmuta todo o ato concreto em pura emoção

Mais um beijo molhado por inteiro
Do deleite ao carinho a diferança é pouca
E nossos corpos ensopados de prazer
Suspiros saem abafados das nossas bocas
É o amor que nos ensina o êxtase que é viver

Alexandre Montalvan

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Fazer ou não Fazer Sexo

 
12391746459?profile=RESIZE_400xO amor pelo sexo
traz em si o pecado?
Pergunto e peço
Não deixe que isto
vire um significado

Nada é mais justo e sagrado
mas juro confesso
que um pouco de sexo
é muito bom

As coisas sensíveis
que vem do coração
muito mais que o amor
indica onde podemos pôr a mão

Claro que tudo é intenção
mas são travas impostas ao ser humano
Ah! A vida é curta mano!
Vamos ser feliz então!

Enfim a verdade, se é que existe,
é o pudor que fica ao redor
não fazer sexo é triste
e como ele existe fazer muito sexo
é muito melhor...

Alexandre Montalvan
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Soneto da Venenosa

Mas não há nenhuma verdade suprema
Todas as verdades são mentirosas
Claro que sei! ...Você não sabe, mais teima!
Teus desejos carnais cheiram a rosas

Nos teus seios macios, pede que eu beba
Mas os toco de forma maliciosa
Então ao invés de pedir você ordena
Olhando-me de forma venenosa

Meu único canto é explorar teus cantos
Mas saltas sobre as eroticidades
Suscitando tesão e tantos encantos

Que se esparramam nas ruas da cidade
Certo é que as verdades eu quero tanto
Carregam em si um saco de maldades

Alexandre Montalvan
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Tempo para o Amor

Quando há tempo para o amor,
o sonho perde sua virgindade,
o corpo resplandece em suavidade,
e o renascimento surge superior.

Vivi meu corpo pensando em outro,
Todas as noites sonhando com isso,
somente assim percebi que existo,
com meus braços em um mar revolto.

Abracei tua sombra nas paredes da casa,
com meu corpo entorpecido em enganos,
eu atravessei por você mil oceanos,
mesmo eu tendo perdido as minhas asas.

Hoje eu sinto que sou apenas uma imagem,
nas flores que murcham na minha janela,
escrevendo nas areias tantas bobagens,
E me perdendo em lágrimas de amor por ela.

Alexandre Montalvan

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Soneto da Alegria

Já é meia noite e começa a folia
e este é o tudo, somente alegria
já está quase na borda da vasilha
o sêmen que rola pela face vazia

Sonoros ventos correm pela trilha
nela uivam ratos avivados na melodia
alheia ao alarido a ficção é dicotomia
entre as feras o amor cruel, fervilha

Fervilha a sede pela gozo infinito
no oposto encontro corpóreo absorvido
gemidos lascivos rompem a madrugada

Estalam frases soltas embaçando vidros
apurando os ouvidos para escapar dos castigos
enquanto jegas e grades rangem enferrujadas

Alexandre montalvan

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A Cura

A poesia é a cura
do mal que aflige a minha cabeça
e esta dor que me censura
é o que a poesia faz com que eu esqueça.

O certo é que o absurdo pondera
nas formas que trazem no peito
as lagrimas que escorrem assustadas,
são as que ensopam meu pior defeito.

Com o infinito social aos pedaços
eu os retrato. Oh! doentia paixão
recortando a poesia passo a passo
assim como retalhado esta o meu coração.

Em oceano profundo, imensos abismos
areias de sangue de um sepulcral divino
a poesia navega sobre este destino
nas águas de horríveis organismos.

Salta-me aos olhos
este grande pudor ufano
este farol que ofusca e fode
é este teu olhar podre e desumano.

Se por certo a poesia é a minha cura
por fazer com que eu veja no passado
o que quer que a m'alma procura
é um futuro que não quero ver desenhado

Se a poesia faz com que a dor desapareça
foda-se se é certo ou errado
pois há um proverbio antigo que diz
antes que o mal cresça
corte a cabeça
das ideias que nos quer como gado marcado.

Havia na podridão, de tudo um pouco,
e um mar de fogo
reverberando em teu rosto, estalos
em luzes ofuscantes...
era uma fileira infinita de carros
todos parados e enferrujados
de desavergonhados governantes.

Alexandre Montalvan



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Pecador

Iluminado por uma luz artificial
um vulto se ergue como uma assombração
situação absurda aflitiva e anormal
e eu sinto uma benévola afeição

Muitos milhões de anos se passaram nesta casa
a lua com seu olho brilhante procurava em vão o amor
fria tão fria a cada era que extravasa
alternadas em vão por eras de calor

Estou tão só e este vulto é a única companhia
tenho em mim a sua alma e de outros tantos
que me vejo ensopado pelo espanto
que nenhum outro pensamento ou vontade me valia

Sou uma alma lançada a um fosso profundo
como um verme preso à língua do satanás
corro da morte desde o inicio do mundo
e a fome de amor me transforma em um ente voraz

Enquanto espero este sentimento supremo
vivo em desespero nesta existência de horror
eu como o pó da terra e por isto eu blasfemo
e este ser saído da luz é meu eu pecador

Alexandre Montalvan

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CPP