Posts de Edith Lobato (90)

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Talvez

Imagem colhida na página de Frederico de Castro



Talvez,
este coração aprenda que ele
estará sozinho no final da jornada.
Todas as ilusões vão se quedar,
e todos os sorrisos se esgotarão,
e ficará, apenas, o lance da saudade
em meio às, esmaecidas, lembranças.

Talvez,
eu me sente, nos fins de tarde,
no silêncio da varanda para sentir,
a poesia que exala, delicadamente,
dos vasos floridos que hão de morrer,
junto à minha, infrutífera, inércia.

Talvez,
eu beba meu último gole de chá,
na caneca preferida, olhando o azul
do céu ser engolido pelos flocos de algodão,
e alinhave meu ultimo poema de amor,
na jocunda imaginação dos teus braços
e do beijo que nunca te dei.

Então,
eu partirei feliz, por ter sentido
o toque do gelo e do fogo,
o sabor do amargo e do doce,
a dor e a alegria correndo por dentro
de mim feito água de cachoeira,
me transformando em poesia.



Edith Lobato - 22/01/16

.

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Delírios

Delírios

Cada peça de roupa
eletriza meu corpo,
ante a visão de tuas mãos
a desnudá-lo, peça por peça.
Saboreio cada toque
e cada gesto,
tal raio de estrela
em eclipse lunar.

Na distância,
um mago a zelar meus delírios.

E esta emoção que me rende
é meu pesadelo que, torpe,
me seduz
e me faz submissa,
e ávida por saciar,
esta sede de amor.

Edith Lobato - 1/01/16

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Visão

Visão

O olhar
saliva a boca.
A boca engole,
torna a salivar.


Explode o desejo
de degustar
o beijo.


Explorar o corpo,
tocar, vibrar,
até o ensejo
do orgasmo.

Edith Lobato - 1/01/16

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Vento

Vento

Vento
que sopra
e toca a pele
que se eriça,
ante o desejo,
do toque de tuas mãos
que vão e vem,
ousadas nos vãos
da minha imaginação,
fazendo meu sangue
pulsar nas artérias.
Sem razão,
entrego-me ao delírio
do teu açoite
no abismo
da minha Via-Láctea
e, deixo-me germinar
por todas as luas de teus desejos.

Edith Lobato - 1/01/16

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Pecado

Pecado

Eu, pequei
quando te senti
aroma de cio.
Razão e emoção
na mesma taça,
feito coquetel
em mistura perfeita.
Rio profundo, intenso
e caudaloso.
Quis imergir em tuas
águas e me enroscar
nas ondas de tua
lascívia, prenha
de desejos.

Edith Lobato - 1/01/16

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Sem solução

Sem solução


Nas águas do mar
que lambe as areias,
deixei minhas lágrimas
caídas ao chão.

Toquei meu trompete,
chamando teu nome,
na dor que me veste,
e a alma consome.

Sozinha, eu chorei,
diante das ondas,
vertendo saudade,
e descrença do amor.

Selei o teu nome
no raio de lua.
No frio do meu peito,
no escuro da ausência.



Edith Lobato - 02/12/15

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O beijo dele

O beijo dele

 

E quando teu olhar na minha boca pousa,

Meu sangue vibra e treme preso em cada artéria,

Eu torno-me rascunho sobre a fria lousa,

Nos braços teus eu vou no assedio da luxúria.

 

E quando os lábios teus nos meus, assim, repousa,

Entrego-me ao sabor da tua boca em fúria,

E da luz do teu olhar que incide, assim, confusa,

Por toda minha face rubra de euforia.

 

Minh’alma não contém o ardor que se derrama,

E escorre nas entranhas qual vulcão em chama,

Nas rendas do prazer o teu prazer em mim.

 

Solfejam nossas almas quais rendadas flamas,

No tato e paladar, sabor, suor inflama,

Nas dobras dos lençóis, no branco do cetim.

 

Edith Lobato – 20/06/15

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Doce sabor

Doce sabor

Era uma dessas noites,
em que o tempo parece parado,
cheio de mistérios no ar,
plugando o imaginário,
instigado por uma infinita necessidade,
de ser, apenas ser, livre.

O perfume da noite excita a solidão
nos cômodos, impregnados de lembranças,
de um tempo que passou
e que, ainda, permanece
cheio de sensações, lubrificando a alma.

Estou só, a olhar pela janela
o tempo se esgueirando
por entre as sombras que
dançam ao sabor da brisa
que vem do mar.

Ainda te sinto!
Diviso o contorno de tua face
neste reflexo de luz sobre as águas,
qual espelho a refletir com nitidez
o meu próprio semblante
no cume dos meus invernos.

O pulsar do amor
que, ainda, me deixa perplexa,
alimenta a esperança
de sentir-te, doce sabor,
concreto e real,
em meus braços.

Edith Lobato - 16/12/15

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Lápis sem ponta

Lápis sem ponta

Um lápis sem ponta meu verso chuleia,
rascunha o rei sol falseando sonata,
surgindo no céu entre a copa da mata,
o lápis sem ponta a visão delineia.

Desenha a emoção que minha alma permeia;
se entrega ao sentir, majestoso, e retrata,
o canto do amor que meu ser arrebata;
no pranto das águas lambendo a areia.

E borda meu verso sem tinta e sem ponta
olhando o carbono escondido na haste
assim, feito o amor dentro em meu coração.

E tudo o que sinto rascunha e dar conta,
a dor e a saudade retrata em contraste,
nos fios das cascatas da minha emoção.

Edith Lobato - 03/12/15

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Declaração

Declaração 

 

A noite voa, a madrugada chora,

E chora, sim, minha alma sem despeito,

Mas chora pelo vosso amor que aflora,

E jorra qual o mel dentro em meu peito.

 

Meu corpo em febre a repousar no leito,

Exposto à sombra esguia da aurora,

Escuta teu cantar lindo e perfeito,

No sicilar da brisa que há lá fora.

 

Não sabes que por ti nos sonhos meus,

O amor que nutro até faria Zeus,

Doar o Grande Olimpo para tê-lo.

 

Nos teus olores meu ser se derrama,

E vai feliz na corte desta rama,

Beber na sazonal fonte do amor.

 

Edith Lobato – 05/06/14

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Pátria amada

Pátria amada

 

Quisera que meu grito nestas sendas,

Rompesse pelos ares das cascatas,

Num coro colossal por entre as matas,

Quebrasse o ritual que habita as lendas.

 

Quisera retirar do povo as vendas,

Cegueira que lhes faz servis fragatas,

Na crença de promessas vis, ingratas,

Discurso que é tecido em finas rendas.

 

Lavar da minha Pátria este dilema,

Que faz a massa não ter mais encanto,

Na ordem e no progresso varonil.

 

Assim se extinguiria do sistema,

A lama que transborda em cada canto,

Manchando as cores deste meu Brasil

 

Edith Lobato – 09/09/14

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Perguntas

Perguntas

 

Diz-me, querido amor, antes que o sol se ponha.

Sou àquela que te faz sonhar acordado?

Quem, do nada, põe um sorriso em teus lábios?

 

Diz-me, amor, quando deitas sobre a fronha.

Sou eu quem habita teus pensamentos?

Sou eu o teu sopro de felicidade?

 

Preciso de tua resposta, simples e pura.

 

Pois, és meu primeiro e último pensamento.

 

Edith Lobato – 28 – 09 – 13

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Para que saibas

Para que saibas

 

Na sala de estar o silêncio exulta,

E insulta meus neurônios, extenuados de saudade.

O cinzeiro e a caneca de chá sobre a mesa,

Contracenam com, toda, minha amargura.

 

O paladar vai degustando o sal da lágrima

Que vaza das entranhas e vai repousar nos lábios.

Na face deste abismo aonde me encontro,

Deixo-me ficar e, ser, ser errante, a procurar-te.

 

Nesta cadeira de balanço, sem sonhos,

Sobre os escombros do meu amor,

Entrego-me à solidão postulante, do momento

A me tocar em mórbida carícia.

 

Todos os sons sincronizados ecoam teu nome.

Os sonhos se perderam no teu suposto amor.

Mas, teu vulto é, minha, constante, companhia,

No inverno das minhas memórias, és meu amor.

 

Edith Lobato – 21/10/15

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Quero te amar

Quero te amar

 

Eu quero te amar lá no fim do arrebol,

No lenço azulado do céu que me espia.

Na tarde que morre arquejando magia,

No sol que se deita por traz do farol.

 

Eu quero teu beijo mais rubro que o sol,

Pulsar no delírio da doce agonia,

Das bocas unidas em prenhe estesia;

No doce perfume da flor girassol.

 

Desenho teu corpo aquecido e vibrante,

Exposto pra mim qual precioso diamante,

Febril e ansioso por minhas carícias.

 

Rastreio teu cheiro e me sinto ofegante,

E quando te encontro, num beijo excitante,

Algemo teu corpo num mar de delícias.

 

Edith Lobato – 06/05/15

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Sinergia

Sinergia

 

No uivo dos ventos e na face dos invernos.

Eu zelei teu amor na senda das primaveras,

Acalentando a esperança em velhas canções,

Nas órbitas das manhãs da minha jornada.

 

Na senzala dos verões, namorei tua alma,

Hiante de amor nos corredores da vida.

Erma serva do tempo coberto de musgo,

Na sonoplastia do subúrbio dos sonhos.

 

No surrealismo bucólico das manhãs,

Teu enigma escondido nos vales da distância;

E eu perdida na rapsódia existencial,

Mascando gomos de solidão nos outonos.

 

Nas liturgias vespertinas da minha tenda,

Teu amor sem endereço e sem selo postal,

Na vertigem crepuscular dos meus sentidos,

A instigar a antropofagia dos meus orgasmos.

 

Na concavidade das brumas noturnais,

O amor borbulha em sinérgica sintonia.

Teu amor revigora minha mortalidade,

E é luz no calabouço da minha prisão.

 

(Edith Lobato – 15/07/13)

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Taí

Taí

 

Taí, ao lembrar do teu adeus,

Sinto os olhos alagados,

Vejo os dias desbotados,

Pois não tenho os lábios teus,

No calor dos lábios meus.

Nesta hora, então, me vejo,

Um errante, sem desejo,

De continuar vivendo,

E eu me sinto até morrendo,

Neste mundo, sem teu beijo.

 

Edith Lobato – 26/06/14

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Meu amor

Meu amor

 

Sublima meu presente, um sibilar prelúdio,

De amor, unção divina, em mágico momento.

Um odre de candura, a borrifar alento,

Nos vãos da solidão dum tempo de interlúdio.

 

O amor a me domar, varrendo todo tédio,

Na força da paixão, na foz do sentimento.

Loucura por loucura, atroz meu pensamento,

Incita-me o desejo em visceral assédio.

 

Sou pura combustão no entrelaçar da trama.

Na flor da pele estou, no teu dulçor deslizo,

Suspensa na emoção do nosso amor em drama.

 

Assim é que me sinto ardendo feito chama,

Querendo o mesmo sol que incita teu sorriso,

E o mesmo ar que pousa em uma flor na rama.

 

Edith Lobato – 15/03/14

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Teu nome

Teu nome

 

Murmura no beiral do meu telhado,

A brisa que soprando lá do mar,

Parece sussurrar teu nome, amado,

Varrendo a noite calma sem luar.

 

Na densa escuridão olhando o nada,

Devora-me a saudade, devagar,

Pois quero estar contigo abraçada,

Na escuridão da noite sem luar.

 

O beijo do silêncio me estremece,

E faz minha alma, triste, soluçar,

Rogando aos céus uma suave prece,

Na noite que escorrega sem luar.

 

Eu quero ter teu beijo apaixonado,

Sorvendo minha boca, doce amado.

 

Edith Lobato

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Rima encantada

Rima encantada

 

A noite chegou cavalgando a deidade,

No fim de uma tarde exalando jasmim.

Vestida de seda vermelho carmim,

Entrego-me ao puro sentir da vaidade.

 

Eu bebo um licor com sabor de verdade,

Que tem a textura do fio de cetim.

O amor se debruça espalmado por mim,

E a noite é poesia montada em saudade.

 

No véu da aurora a cratera da alma,

Exangue e sedenta, faminta de amor;

Despida adormece no baio da noite.

 

O teto do céu cravejado de estrelas,

Ilumina a garganta da noite em flor;

E a rima encantada dá forma a poesia.

 

Edith Lobato – 29/04/15

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CPP