Sou puta: santa fruta que te serve
Embriagada no ópio,
Cheirando almíscar
De todo mundo.
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Não tenho futuro.
Só tenho passado,
E o presente,
Brinco –– sem trinco na orelha
De portas abertas.
***
Sou puta: santa fruta que te serve
Na labuta...
Embriagada no ópio,
Cheirando almíscar
De todo mundo.
***
Não tenho futuro.
Só tenho passado.
E o presente,
Brinco –– sem trinco na orelha
De portas abertas.
***
Abrir e fechar,
Jogos de pernas
Não sentir dor.
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Ser cuspida e escarrada...
Des (amada); mãos atadas.
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Ser flor –– pisada...
Nas raias do des (amor).
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Escrever memórias, talvez!
Duma espúria trajetória...
Ser de ninguém –– e ser
De todo mundo!
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By Elzana Mattos
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Decifra-me, oh meu amado!
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Vem, decifra-me, oh meu amado!
Vem sorver o mel dos meus lábios,
Abraça-me forte, apertado...
Ao preludiar de nossos fados!
...
Vem, decifra-me extasiado...
Na rutilante seda dos ventos,
Em corpos trêmulos e sedentos...
Num afã rubente, inebriado!
...
Vem, invade a rosa repousada...
A exalar olores de primavera
No ninho ardente da madrugada!
...
Vem, colhe-me na hora marcada!
Decifra-me, pois, estou à tua espera...
Acesa e terna –– apaixonada!...
...
Elzana Mattos
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Amar versus sofrer!
Por que se amar em chamas?
Queimar e arder sem alarde.
Por entre lençóis de fogo e sóis
Acender em êxtases os faróis,
Nas noites sem luas!...
Por que se amar em brasas?
Deitar nas cinzas e gemer
de frio, em doces arrepios,
e loucamente se perder.
Por que se amar em fogo?
Queimar, arder, gemer.
Que, de tanto amar...
Se fere... se morre...
Eternamente,
Sem razão ou porquês?!
Elzana Mattos
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Gotas Acesas
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A chuva cai...
E o silêncio repousa...
A névoa surge escura, e finda.
A brisa deita indecisa.
Ofusca o vidro da janela que embaça.
Trovões rugem na vaga hora.
Relâmpagos acendem faróis...
Dentro de mim.
E a chuva lá fora
Com voz sem fim...
Que ecoa do silêncio...
Escorre... segredos tão pequeninos,
Por entre vitrais e sentimentos
Nevoentos, incógnitos, profundos.
Enquanto chove, espero...
Enquanto chove, brotam...
Versos e Versos...
Nasce mais um poema!
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Elzana Mattos
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Falácias, trocadilhos, fortuitos.
Imagens distorcidas, propositais, creio.
Gritos sórdidos.
Jogos desiguais à espreita.
Cuidado - com o olho que te aquece.
Incríveis fantasmas que te rondam.
Cuidado: cães ladram nas calçadas dos desejos...
Ah desejos... Corruptores e insanos.
Falanges, degredos.
Cuidado...evasivas palavras,
Fel extremo, Veneno.
Pus social, escala crua
Que agride e sua...
Na hora triste, sem desvelo.
Jogos inglórios,
Flores secas,
Sinuosas palavras...
S-e-r-p-e-n-t-e-s-!
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Elzana Mattos
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Núpcias Calientes
...
O corpo espera repousado
Na penumbra acesa que refrego
Sob o frescor da hora que chega,
Aquecendo os lençóis de seda.
...
Frenesi da pele qu’se deita
Sob aromas e elixires da terra,
Corpos despidos qu’ se mostram
Excurrentes líquidos jorram...
Espumantes e quentes se molham
Inebriantes cheiros a prova.
...
Lá da alvorada –– o dia amanhece
Dança soltinho suspenso, e floresce.
Ah, e o amor –– se rende em brasas,
Amor que vem em núpcias calientes,
Sob hálito divino, sorrindo...
Numa alcova perfumada, dormindo.
...
Beber o aroma dulcíssimo das pétalas,
Qu’ se abrem em fontes maceradas,
Escorrem-se pelas bordas,
Ávidas de carícias mornas,
Pétalas por pétalas, extasiadas.
...
Qu’eriçam arrepios calientes
Transbordantes... em sais e mel,
Jogos de pernas tateantes...
Cabeça a girar feito carrossel,
Sob absintos afogueados, sedem...
Aos devaneios de amantes.
...
Entre quatro paredes, retidos.
À luz de velas e incensos...
Reascender a paixão –– que ora s’entregam!
...
Elzana Mattos
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Credits: Dormindo com o Inimigo (vídeo)
Michael Bolton - A Time For Letting Go
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Disponível: Editora Chiado, Fnac, Wook, Bertrand; Cultura & Saraiva
seringueira
Na seringueira da tarde
Canta um chiado de morte,
Canta um chiado de vida...
Escorrendo saudade!
Elzana Mattos
Rasgar D'alma!
Rasgar o tecido d’alma
Arrogância arrotada à espreita – desnuda-
Pensar no in (suficiente) marasmo
De ser seco ao fechar comportas.
.
Rasgar tessituras do orgasmo – embutido-
No fremir d"alma em combustão.
In (contido) pesadelos sob arranha-céus derretidos.
.
Então, se morre desavergonhadamente, se morre...
Na colheita suspensa -se encolhe nas paredes-
Do desassossego.
.
Elzana Mattos
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