Posts de Gilmar Ferreira (25)

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No Princípio

  1. No princípio tudo era propício,
  2. Tudo nos era rios de sorrisos
  3. Em mares azuis, ares e marasmos
  4. De orgias em múltiplos orgasmos.
  5. Tudo era fabuloso, muito e mágico.
  6. Beirava o divino e tocava o fantástico.
  7. Eram beijos em bocas de borboletas,
  8. Chuvas torrenciais em fogos de estrelas.
  9. No início era o verbo e nunca era demais.
  10. No início éramos os mais felizes dos animais.
  11. E, provocados, provamos do fruto proibido.
  12. Sentindo um vazio, fomos expulsos do Paraíso;
  13. Saímos de mãos dadas para povoar o planeta;
  14. Aprendemos a lavrar a terra, a prever rotas de cometas;
  15. Criamos utensílios, aprimoramos nossas ferramentas,
  16. Derrubamos florestas, nos abrigamos em cavernas, fugimos das tormentas,
  17. Aprendemos a contar os dias de lua, a adorar o deus-sol,
  18. A amanhecer juntamente com a aurora, a apreciar o arrebol...
  19. E, assim, fomos criando os nossos rebentos, nossos filhos
  20. E, fomos seguindo nosso caminhos, nos guiando pelos trilhos
  21. Da vida e fomos plantando em cada lugar nossas fortes raízes...
  22. E, assim, nos tornamos humanos:
  23. Seres parcialmente... Felizes!
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Marraquexe

Eu canto o instante já, aqui e agora.
Eu verso a vida, a morte, até cerveja.
Eu tenho boca boa que me beija,
Caneta, prato, garfo, chá, colher...

Em casa tenho gado e hortaliças;
Capado bom, capim- gordura, leite...
Pomar, galinha, linho, mel, azeite
E vinho vindo lá de Marraquexe.

Eu sonho a vida como sonha um peixe
No fundo do oceano da lagoa.
Eu sou assim, eu sou quem não conhece
Tristeza nessa terra grande e boa.

O sol me aquenta a tarde, a noite vejo
O céu coberto em brumas, estrelado;
O gado já pastando no relvado...
Viver feliz assim jamais tem preço.

O meu semblante calmo, frio e teso
Reflete minha calma transparente.
Eu vou de galho em galho e, de repente,
Eu faço um verso e conto meu passado.

Talvez eu seja errado em certo ponto.
O ponto certo é aquele que eu descubro.
Vasculho ponte, muro, cemitério...
Aguardo o sol se pôr detrás do monte.

Se acaso sonho um sonho diferente,
No ocaso dessa vida tão medonha,
Eu peço a Deus que vista o meu presente
Do sonho que o futuro sempre sonha.

Aguardo meu destino, minha sorte.
A cada dia faço a despedida.
Ao Céu eu agradeço o dom da vida
E peço a Deus que seja boa... A morte.

Gilmar Ferreira (06/02/2019)

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O Vale de Gimmerton

Uma cascata sonora
No vale de Gimmerton
Reverbera na pele rochosa
Uma lamúria de som.

Viola um reino xiita
Que prima por volição
Da água que dali evola
Da ave que dali volita.

Opróbrio servil inocula
Inócuos óculos fugidios
Campestres galos no cio
Naquilo que não coagula .

Um verso vistoso e verídico
Percorre a planície e planilha
Cozendo a carranca do cínico
Nos cisos mortais da matilha.

O ocaso laranja o alpendre
O monte de Vênus que cobre
Desliza suave no ventre
Nos seios rosados que morre.

Um terço daquilo que faço
Recai sobre a planta mofina
Nos olhos daquela menina
Que me recusou um abraço.

Desfiz do giz e disfarço
Naquilo que a noite eu fazia
A espera do rei de Antioquia
Que um dia foi preso no mastro.

Não diga o que digo, meu caro
Que a festa não tem primazia
No raio do sol que eu me calo
Na réstia dessa... Poesia!


(Gilmar Ferreira 14/12/2018)

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Amanhã

 
 
Não tenho domínio do inseguro, 
Do desespero que aflige,
Da mordaça que abafa
Que cala a voz trêmula
Que insiste em me silenciar.

Talvez eu tenha perdido
O Sol se pondo pela janela
Mas deixarei a porta aberta
Para o amanhecer do novo dia.

Minhas esperanças adormecem
Mas aguardo o retorno do ramo da paz
Vindo de algum bico da Ave alvejante.
As águas diluvianas tendem abaixar
Após recuarem para o leito natalício.
As águias americanas 
Tendem a fazer pouso em um outro lugar.

Minhas esperanças estão repousadas
Na Caixa de Pandora.
Ninguém está de todo abandonado.
Do outro lado da rua alguém acena e sorri.
Do lado de cá as açucenas estão impedidas de florir.

Os homens merecem o perdão divino
Pois são crianças adultas e não sabem
O que fazem. Pai, por favor, perdoai.

Não vanglorio de estar do lado vencedor.
Pelo conteúdo eu me sinto constrangido.
Meu irmão, meu amigo... Meu amante não é seu inimigo.
Apenas sonhamos sonhos diferentes
Já que adormecemos em outro sítio,
Em camas separadas e distintas
E quando acordamos percebamos que pertencemos ao mesmo mundo.

O riso contido é o choro confesso.
O abraço não dado é o beijo que espera.
Veja como se comporta a animália 
E aprenda com ela a arte de ser feliz.

Hoje resolvi dormir mais cedo.
Vou deixar entreabertas as persianas.
Amanhã de manhã beijo o primeiro Sol.
Desejo do fundo do peito que esteja comigo.

 

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Canto I

A menina que eu namoro
E que tanto amo e quero
Mora longe donde eu moro
Mas somente ela venero

Se a percebo, logo coro
Bem maior ainda espero
Sendo assim, a Deus eu oro
Oração que pede esmero.

Se tivesse menos muro
E mais ponte para nós
Sem macega em flor-de-liz...

Queira Deus um bom futuro
É o que pede a minha voz
Que hoje canta tão feliz!

Gilmar Ferreira 30/08/2018

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Canto II

Tens na boca mil doçuras
Tens no corpo mil pecados
És a mais bela figura
Que os deuses tem criado .

Tens dos anjos a candura
Tens nos olhos dois diabos
Todo mal em ti tem cura
Lábios doces bem cuidados.

Tens os seios tão pequenos
Teus poemas encantados
Os teus versos tem venenos
Beijos bons e mui molhados .

Sinto o bem por ter te amado
Diamante em rocha dura
Sou feliz e sou amado:
Eu te amo, Criatura!

Gilmar Ferreira 03/09/2018

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Vida Poesia

Encontro em ti virtudes tais e límpidas
Assim da forma como água em terra
Isenta d'água boa, d'água insípida
Que corre rumo certo e em si se encerra

E acessa a água doce a doce água
Que brota em jarro doce em doce boca
Liberta assim de mim toda esta mágoa
Que pranto chora, chora e molha a roupa.

Eu vivo a vida assim sem ter escolha
Querendo alguém que não está aqui
Eu vou ao céu, ao vento feito folha
Pensando o amor da vida que eu perdi.

O pranto meu esconde uma lagoa
Um mar de sal que tenho só p'rá ti
Um sopro só de vento em vil canoa
Que leva o vento bom sem eu pedir.

Talvez um dia eu volte vento forte
Talvez eu volte um dia ventania
Se não me leva a vida, leva a morte
Porém que fique a vida... Poesia!

Gilmar Ferreira 02/09/2018

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Néon

As boninas bonitas pela relva.
O arvoredo coando a luz solar.
De longe o bafo bom do mar
Adentrando a pelúcia da selva.

O murmúrio suave do regato
Que vai movendo as pedrinhas.
No céu um bando de andorinhas
Fazendo da tarde um espetáculo.

O Sol queda no seu berço marinho,
A brisa trazendo essências do mato:
Uma mescla de hortelã e rosmaninho.
Em pouco tempo o céu todo estrelado!

Detrás do monte sobe a Lua cheia.
As nuvens se vão em balés mansos.
Os seres dos dias procuram descansos.
As ondas vem beijar levemente a areia.

Entre as folhas secas o vento sibila.
A várzea rejubila em gozo e em festa.
Na noite os seres noturnos da floresta
Deixam vestígios na amarelada argila.

A Lua, jóia de prata que pouco se consome,
Pelo céu escuro desfila de deusa rica.
Na noite os Homens amam e fazem Homens
Na placidez calma de uma luz néon que pisca.
 

Gilmar Ferreira 

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Vou Voando

Eu vou de parapente rente as nuvens.
Olhar distante fito o que é finito.
Me perco pelos tantos tons ferrugens
Abismo feito crio o próprio grito.

A brisa sopra em minha triste face
O vento bate sobre os meus cabelos
Mas nada muda o meu olhar, disfarce
Procuro por teus olhos sem os vê-los.

Eu vou rente aos rochedos, mar aberto
Trazendo um sonho próximo do peito
Desperto quando noto não ser certo
Sonhar com teu amor sagaz, desfeito...

Eu vou voando pelo mar profundo
Levando um sonho grande na bagagem
Eu vou voando pelo mar do mundo
Levando teu semblante, tua imagem.


Gilmar Ferreira 19/08/2018




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Instintos

Vestida de lírios um dia vieste
Rescendendo aromas divinos
Das flores exóticas e agrestes
Argênteas lagoas de jacintos...

Vieste suave, trajada de santa
Vistosa em jardim de ornado altar,
Exalando as essências das plantas
Amalgamadas com os frutos do mar...

No primeiro momento nada percebi
A não ser as fragrâncias odorosas
Uma mescla de morango e caqui,
De cana caiana com mangas-rosas...

Adocicado pelo sabor dos teus beijos
Meus mil instintos afloraram, loucos,
Fiquei a esticar os meus finos dedos
Mas vieste perfume; esvaía-se pouco
A pouco...
  
 
Gilmar Ferreira




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Toque

E quando for pisar meu pobre peito
Pise bem devagar que ele é frágil
Machuque com cuidado, seja ágil
Pise-o com muito carinho e respeito.

E quando for ferir esse sujeito,
Sobrevivente dum outro naufrágio,
Faça sem hesitar, faça direito,
Lembre-se daquele sabido adágio...

Meu coração é de vidro, de cristal:
Resiste ao líquido, de riscar duro,
Mas com suscetibilidade ao choque.

Não o machuque. Não me faça mal
Que eu te espero no próximo futuro.
Assim, bem de leve, apenas o... toque!

Gilmar Ferreira

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"Quem Faz Um Poema Salva Um Afogado."

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"Quem faz um poema abre uma janela.
Respira, tu que estás numa cela abafada,
esse ar que entra por ela.
Por isso é que os poemas têm ritmo
- para que possas profundamente respirar.
Quem faz um poema salva um afogado."

(Mario Quintana 1919-1994)





Não quero e não vou
Dissecar o teu texto
Como único pretexto
De decantar o meu amor.

Não vou.

Não sou perfeito
Nem sou pecado
Sou só sujeito
Sem predicado.

Me empresta um verso
De inverno e de verão
Que eu farei o inverso
Em coordenada oração.

(Em tuas mãos, ainda pulsando,
entrego-te o meu coração).

Se atenha ao emblema
Sobre a bifurcação.
Ponha mais lenha
Na penha do fogão.

Na veia pulsante
Na linha que a pena
Vai criando no horizonte
Da imaginação serena
Talvez nasça um elefante

Quem sabe, de assalto,
Não nasça um flor
Na superfície baça
Do asfalto!?

Assim se faz o poema
Não importa o tema,
Meu amigo e irmão,
E sim a satisfação.


Lembro do poeta bacana,
Que já passou para o outro lado,
(Mário Quintana)
Que disse que quem
Faz um poema...
Salva um afogado!
 

Gilmar Ferreira 14/08/2018

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Poemas & Poesia

Perto do morro alto
Tem uma fonte baixa
Que ressoa palavras
Quando beija a rocha.

Os peixes prateados
No líquido cor-de-cobre
Dançam lutas minerais
No segredo que envolve

O revólver e o gatilho
O Rolls Royce do mendigo
A foice dentada e cega
Da alimália que vegeta.

Tem poder na juventude
Que abarca em velhos cais
Que afronta temporais
Tem poder e tem virtude.

Amanhece na caverna
Dos teus olhos duas Luas
Escuras.
Anoitece no vale das espumas
E no v do ventre um segredo
Espera ser descoberto.

Chama acesa em boca
Aberta
Rama seca em terras
Vermelhas
Em casas sem telhas
Adormece o paquiderme.

Lisa e fina a fina pele
Que cobre o corpo
Exposto
Na pelúcia veludosa
E leve de uma rosa
Morosa e breve
Que só desabrocha
Em madrugada
"Desestreladas".

Abra a porta
Da sua casa
Para a palavra
Fazer morada.

Respire o afeto
Do alfabeto
Que te ofereço
E o preço 
Do pão
E o vinho
É a minha carne.

Tem poema pelo teto
Poesia pelo chão
Música assada no fogão
E o portão está aberto.

Seja lua ou seja dia
Seja sol ou seja noite
Que seja a língua 
O seu açoite
E que seu ventre
Feito de pó
Seja só pó e poesia.
 
Gilmar Ferreira 13/08/2018


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À Sereia Do Poema

Num céu de estrelas turbulentas
Ou num oceano de águas bravias
Vejo-te com pálpebras sonolentas
No serenar das madrugadas tardias...

Cavalos que soltam fogos pelas ventas
Que se arrastam pelas nuvens corredias
Com Apolo nas rédeas das horas lentas
Ditando as regras das noites e dos dias...

Assisto ao espetáculo escoando o tempo
Entre os meus dedos feito grãos de areia
Presos em redomas das ampulhetas antigas.

Assim eu me perco em meu pensamento
Sem cera para ouvir o canto daquela sereia
Que me clama em versos de gestas cantigas.

Gilmar Ferreira

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Pássaro Ferido

Acorda, corre e vai... Que o sono passa e fica.
O sonho não termina, apenas tempo alonga.
Um deus existe em tua vida. Vai! Se enrica!
Saúda o tempo teu, que o tempo não delonga.

Na ponta conta o tempo já passado e findo.
Levanta atento o teu olhar ao céu terrestre.
Em riba tem poeira, tem astro celeste.
Quem sai chorando agora amanhã está sorrindo. 

Por vezes não entendo nosso amar bandido
Que fere, fura, mata, quebra ciclos e correntes.
Talvez eu seja apenas pássaro ferido
Talvez eu seja apenas risos diferentes. 

Amar alguém me faz um bem que não consigo
Amar um outro alguém que não seja você.
Eu amo e amo muito e amor assim, amigo,
Amor suado, amor bonito eu quero ter.

Gilmar Ferreira 12/08/2018

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O Coração Do Poeta

Na paz dedilhada do aconchego
Onde repousa um trôpego pássaro
Que, de vez, foi expulso do Parnaso
No primeiro ato de um deus grego.

Da mesma forma ocorreu ao palhaço
Que não trazia no semblante seu riso
Assim sendo descolorido ficou o circo
E não nasceram flores nos campos de aço.

E os rios caudalosos se tornaram perenes
As manhãs não foram beijadas pelo solar lume
A passarada, tristonha, em harmonias solenes,
Deixaram ao relento seus rebentos implumes.

Os eflúvios das rosas perderam seus perfumes
O orvalho pela relva se dissipou na madrugada
E o coração do poeta que nunca acha pousada
Lambe as feridas em outras plagas... como de costume.




Gilmar Ferreira

 

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Laços De Aço

Não sei do que é feito o laço
Que me prende ao seu pulso
Creio que, movido ao impulso,
Que ele chegue a ser de aço.

Não serão palavras ao espaço
Nem o meu poema será avulso
Mas toda vez que eu te abraço
Sinto o coração do peito expulso.

Sei que é por querer a minha prisão
E que o laço de aço é mui perfeito
Dentro do contexto deste poema.

Então que seja este o nosso lema
Que sejam enlaçados deste jeito
O meu (todo seu) no seu... Coração!

Gilmar Ferreira

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Pena

Tem poema
Na esquina
Da vida
Que foi lida. 

Há um verso
Escondido
Dentro do livro
Que não foi
Descoberto.

Há um universo
De sabores
E cores
Da primavera
A sua espera.

Seja leitor
Amigo
Do poema
Que te aguarda.

Guarda o verso
Que espera
De braços
Abertos.

Seja a rosa
Da primavera
A prosa
Que espera
Na esquina
Para se tornar
Avenida
De linhas
Curtidas
E sonhadas.

Seja parte 
Do poema
Pois sem você,
Querido leitor,
Não vale a pena
O meu suor
Ousar da pena
Do poeta maior 
Que dizia
Que tudo
Valia a pena
Desde que 
Alma não seja
Pequena.




Gilmar Ferreira (07/08/2018)

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A Chuva

Chove tanto lá por fora
Do meu ser e o pensamento
Foge junto e vai com vento
Levando esta chuva embora .

Na vidraça a chuva ora
Lágrimas, ressentimento
Não sei mais se aqui por dentro
Seja chuva que em mim chora.

Abro a janela em minha alma
Busco o novo sol lá longe
Antes montes, após serra.

Tanta chuva leva a calma
Mesmo a calma de um monge
Que dentro de si se encerra.



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CPP