Posts de RODRIGO LUCIANO CABRAL (234)

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só um lugar nas sombras

Só um lugar na sombra...
E nenhuma vontade de se explicar
Quem quer pautar desejos?
E há tanto medo por ai agora
Só um lugar na sombra...
Ninguém vai até lá agora
Ninguém pode saber
Escuro e confortável o bastante para suas lagrimas
Discreto o suficiente para ninguém o ouvir gritar
E o que ele grita?
Só um lugar na sombra...
Sem mais do medo que ninguém quer
Sem toda a sua dor cortante
Sem frieza e indiferença
Aprendeu a entender o vazio no olhar alheio
Aprendeu com o cinismo do sorriso caloroso
Aprendeu...
Só um lugar na sombra...
Lá onde você não pode estar e ele pode ser de verdade novamente
Onde o personagem ficou a porta
Onde o olhar alcança profundezas
Além do medo
Além da dor
Além até mesmo do amor
Esse amor que sufoca sem piedade
Só um lugar nas sombras...
Seu lugar

 

RODRIGO CABRAL

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IDADE

Idade é um lobo nas sombras,
Um salto que já não posso mais dar
Uma memória dolorida que não acaba...

Idade uivando para mim das arestas do tempo
Surfando louca nas tempestades da vida
Nas lagrimas que escondi de todos
Nos amores que sufoquei em segredo...
Incontido, impossível e inseguro

Idade me perseguindo no caminho desnudo
Nenhuma sombra me esconde...
Nenhuma ilusão me protege
Os espelhos não contam mentiras
Os espelhos... há os espelhos...

Idade enfraquecendo meus ossos
Enevoando minha visão...
Diminuindo meu ímpeto...
Trazendo cinismo a meu coração cansado

Idade esperando no amanhã
No novo dia que nem sempre é florido
Na antiga aurora que um dia eu julguei inalcançável
Idade rosnando alto lá dos restos da minha juventude

Tudo o que fui, tudo o que sou tudo o que serei...
Idade que chega num suspiro impercebido
Você não é mais o mesmo
Não sente mais o que sentia...
Idade me esperando nas ranhuras dos dias...
Vou seguindo...vou seguindo.

 

 

RODRIGO CABRAL

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CARTAS EM MINHA GAVETA


Tenho antigas cartas em minha gaveta
Sim cartas antigas com antigos dilemas
Com velhas dores e poucas vitorias
Tenho antigas cartas em minha gaveta
Escritas com emoções passadas que nunca
se repetiram
Só a tristeza sempre volta
A alegria?
As vezes...
As vezes
Tenho antigas cartas em minha gaveta
Com histórias reais de outros tempos
Vividas por pessoas que já não existem mais
Não somos mais os mesmos
Não somos mais aqueles
Não sabemos mais daquelas coisas
Não sabemos mais nada...
Tenho antigas cartas em minha gaveta
Um pequeno pacote de passado escrito
Uma pessoa que não tenho forças para entender agora
as recebeu
Uma pessoa que não sei mais como é as escreveu
Tanto tempo...
Tantas memórias ...
Tantas dores...
Tenho antigas cartas em minha gaveta
Não consigo reler nenhuma...
Não consigo voltar tanto...
Leio pequenos trechos e os olhos marejam
Leio pequenos trechos e as memorias dominam
Antigas cartas na minha gaveta...
Não posso lê-las ...
Ainda não.

 

RODRIGO CABRAL

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NÃO CONTE A LUA

 

Fez a escolha na escuridão e nunca entendeu
Seus rostos seus corpos indizíveis nas trevas
E nenhum lugar para ir...nenhum lugar
A noite segue alta e sem humanidade
Nenhum segredo sussurrado sobreviveu
Nos copos , nas garrafas toda a verdade que entendeu
Não vai a lugar algum
Não vai a nenhum lugar
Já perdeu a partida aconteceu a tanto tempo
E o que seu medo disse aquela noite?
O que a lua escondeu de você?
O amor não brilha na noite isso é mentira
La onde o amor tem gosto de facas e álcool
La onde a dor sempre te encontra destraido
Você vai voltar e sabe disso
Vai voltar por que precisa
E fugir nunca foi seu talento
Ficar nunca foi sua escolha
Permanecer só permanecer é esta sua natureza
E no céu avança a noite sem estrelas
A lua nem liga
Você espera
Permanece
Não muda.

 

RODRIGO CABRAL

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MURMURIO NAS SOMBRAS

Não foi sem surpresa que ele viu o fundo do copo
Taça sem garbo vinho barato um dia qualquer
No céu o cinza se espalha anunciando a próxima tempestade
A relva se inclina a força do vento
Sibilante é o sussurro que ele faz nas calhas , nas curvas dos
muros... na escuridão dos porões
Outro vinho talvez traga mais clareza
O que pode ser mais claro que esse coração gritando?
Ele lembra desse medo não lembra?
Rastejando nos andrajosos caminhos de sua mente entorpecida
Nenhum sentimento esta além do alcance agora
Nenhuma luz chega lá...
Na sobra das trevas , no escuro mais esquecido de seu âmago
Ele grita, você grita, TODOS gritam...
E quem vai ouvir o lamento do homem?
Quem se importa?
O copo esta cheio de novo
E ele sabe o que fazer
Ali em algum lugar embaixo do espesso liquido esta o fundo
Vamos a ele ! Murmura nas sombras
VAMOS A ELE.

 

Rodrigo Cabral

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ELE ROSNA NAS TREVAS

 

O segredo lhe escorre entre os dedos

Nuvens cobrindo o céu esta noite

Nenhum luar... nenhuma luz

A quanto tempo ele sabe?

Escondendo seu medo em copos grandes...

Afogando sua dor em qualquer bebida!

O mundo clama pela vítima que ele pode ser

O mundo aguarda faminto...

E vai ter mesmo que aguardar

Do poço profundo ele olha ...

Do vazio que segue o vazio ele olha

O mundo espera...

Aguarda sua dor, seu choro, sua hora...

E ele?

E ele?

Ele rosna em resposta!!!

 

Rodrigo Cabral

 
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APESAR DE TUDO

São estranhos esses nossos dias. Ando por ai tentando reavivar minha fé em nós mesmos. Tentando aceitar que o mundo embora destrutivo e feroz pode sim ser bom... Um dia fui um menino que saia a noite pra rua em frente de casa e perscrutava as estrelas fascinado. Parecia haver tanto a se descobrir lá em cima, o mundo parecia tão vasto sob meus pés. Hoje em dia sou um velho rabugento que vê nas estrelas luzes mortas de corpos celestiais que podem nem estar mais lá. E a Terra por onde caminho minguou em sonhos, feneceu em descobertas. Acabou-se sem encanto ou novidade. Eu sigo vivendo pelas razões que ainda valem a pena(para mim é claro) apesar de todo o Funk ,politica e idiotice do mundo.

 

RODRIGO CABRAL

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TORRE

Na escuridão da torre apenas seus olhos...
Cheiro de gaz...
Luz do luar...
Sangue...
Seus olhos...
No vazio daquele coração apenas seu ódio...
Medo que teve...
Terror que provocou...
Horror que era...
Seus olhos...
No instante da explosão apenas seu som...
Trovão irrefreável...
Luz fatal...
Destroços e sombras...
Seus olhos...
Nas cercas do campo apenas sua liberdade...
Arranhada em arame farpado...
Lacerada em pontas afiadas...
Pulsante e doentia de sofrimento...
Seus olhos...
Na ultima luz do crepúsculo sua esperança...
Batalha terminada...
Noite piedosa...
Sem dores? Sem gemidos?
Seus olhos...
Na escuridão da torre a aurora...
Seus olhos machucados...
Seus olhos marejados...
Seus olhos temerosos...
Seus olhos em esperança...
Foi o fim das batalhas ...
Os canhões se calaram...
Os tanques pararam ...
Na escuridão da torre seus olhos...
Vendo a luz...
A verdadeira ....
LUZ!
 
 
 
Rodrigo Cabral
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BEBIA SEM GELO

Não viu sentido em chorar
Bebeu então...
Era uísque e sem gelo
Cigarro na mão esquerda
Ele é destro...
Diante da janela daquele jeito
La fora o mundo não mudou
Algumas flores de jardim
Alguns olhares indiferentes
Algumas vozes dissonantes
Julgamentos até onde os olhos podiam ver
Julgamentos até os ossos
Até a tumba ...
Até o fim...
Julgamentos...
Bebeu seu uísque diante da janela vendo o mundo
De fato nada mudou.
 
 
RODRIGO CABRAL
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A CANÇÃO DA ESPADA

A noite da treva extrema chegou
O brandir das espadas não te desperta?
Num circulo de tochas desce a legião
Horror nos olhos...gosto de sangue na boca
E seus amigos onde estão?
Meu amigo é minha lâmina que a tudo corta sem perguntar por que...
A morte dança no campo esta noite
Sorriso bizarro em sua face nua
A morte sabe quantos irão com ela
A morte espera você também
Brandir de espadas e calor das chamas
Corte na carne gritos na garganta
Você pode ouvir a canção da espada?
Pode entender o que ela diz?
No fim de tudo só resta a lâmina
No fim de tudo é só silêncio
 
 
 
RODRIGO CABRAL
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OCUPADO

Tenho andado ocupado
a chuva cai e não me molha
a musica toca e não ouço
Tenho andado ocupado
o pássaro canta e não percebo
o caminho termina e eu sigo
sua lagrima vem e eu não vejo
Eu ando em carros velozes
eu faço refeições ligeiras
eu escrevo rabiscos ilegíveis
Ando ocupado
Deixo os livros sem ler
Esqueço as músicas que ia ouvir
fecho os olhos nas sombras a noite
durmo sem sonhos
Não tem chuva pra mim la fora
não tem vento nas minhas vidraças
não tem amor no meu peito
Ocupado
Vazio...
 
 
RODRIGO CABRAL
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DE BECOS E VIELAS

Na cidade fez-se o muro
encostou-se a ele em desuso
tão calado que ninguém viu
Fumou na sombra que a noite trazia
pensou o impensável só por que podia
Nenhum crime seu veria a luz do novo dia
Observou sem interesse a mulher passar
ondulante,oscilante,lascivamente ,apressada
Não disse gracejos ...
Não falou nada
Olhou pro céu cheio de seu próprio vazio
Não trazia nada daquele dia
Não deixaria nada para aquela noite
Pegou na garrafa com certa urgência
Aroma forte desprendeu-se dela
Haviam cães ladrando nos becos
Haviam gatos nas vielas
Haviam homens sofrendo nos barracos
Havia ele...
E ninguém viu.
 
 
RODRIGO CABRAL
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O VELHO PARTIU

O VELHO PARTIU

Eu não vi o velho senhor nascer, você viu?
Sei que caminhou por estes lugares agrestes em dias tristonhos
Sei que desbravou as matas cerradas em cortes ousados
Sei que não soube esperar...
Eu não vi o velho senhor nascer, você viu?
Sei que procurou novos lugares no mundo vasto
Sei que pescou do rio o que o rio que tinha pra dar
Não caçou ursos,não viu ursos...pois ursos não havia
Eu não vi o velho senhor nascer, você viu?
Sei que entendia antigos idiomas de tribos reclusas
Sei que ouvia os animais como ninguém mais ouve
E ele cantava...o velho senhor cantava como ninguém mais canta...
Ninguém!
Eu não vi o velho senhor nascer,você viu?
Sei que andava pensativo em dias outonais
Sei que apreciava a chuva no telhado barulhento
Sei que aprendeu a viver com pouco...
Não soube dizer pra ninguém os segredos
Não soube expelir de si as mentiras
Não soube nada!
Eu não vi o velho senhor nascer,você viu?
Sei que entendia os mistérios mais que as verdades
Sei que amou em silêncio e odiou com reservas
Sei que desistiu sem suspiros
Sei que resistiu sem justiça
Sei que se foi...
Eu não vi o velho senhor nascer,você viu?
Ninguém ainda vivo deve ter visto...
Sei que não esta na sombra da arvore esta tarde...
Sei que não caminha na orla da mata como antes...
Sei que não voltou...
Eu não vi o velho senhor partir...você viu?

 

 

RODRIGO CABRAL

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PARTIU

Fugiu dos relatos estranhos
Desta primavera sem rosas
Destes lugares sem canto
Destas virtudes duvidosas
 
Terminou solitário no alto
Montanhas sem alma
Motivos sem logica
Foi...só foi!
 
Navegou em mares escuros
Naufragou em verdades incômodas
Sobreviveu em certezas bobas
Chorou ...dois traços nos olhos
 
Esperou pelos que nunca viriam
Atuou em cenas obscuras
Interpretou papéis que não lhe cabiam
Cansou...partiu...perdeu
 
Rogou a deuses que não ouviam
Rezou orações em que não podia crer
Fez seus próprios sacrifícios
Mudou...sentiu...mudou
 
Não é mais o mesmo sob o mesmo sol
Não caminha mais igual nos mesmos caminhos
Não vê mais as mesmas coisas com olhos de antes
Partiu...ninguém viu...
 
Partiu.
 
 
 
RODRIGO CABRAL
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Tarde vadia

Eu vim te dizer pra parar
Por que chove na praia...
Chove agora em lugares improváveis que você não vê...
Que você não sente
Eu vim te dizer pra voltar...
Por que naquele lugar o sol nunca mais voltou
Por que não é amor o que a jarra oferece
Por que esperar nem sempre vale a pena 
Eu vim te pedir pra partir...
Por que é o vento sempre o vento quem sopra as perguntas
Por que o tempo trás de outrora medos desnudos
Por que ficar pode ser perder e partir pode ser sobreviver
Eu vim te pedir pra lembrar...
Por que a memória é fugidia quando o favor foi grande
Por que a nudez é vazia quando o coração não esta lá 
Por que o ódio vem e nunca quer voltar sozinho 
Eu vim te dizer pra esquecer...
Por que as coisas são o que são sob este mesmo céu a tanto a tempo
E você não pode mudar tudo,as vezes não pode mudar nada...
Eu vim te jurar que consigo...
Por que ainda florescem ´plantas no meu jardim que eu não sei o nome
Por que ainda busco as sombras em tardes vadias
Por que julgo ser mítica toda a fome me impele
Eu vim te dizer pra parar...

 
 
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VEM VILÃO

 
Estou trazendo presentes
Ideias no álcool para os poetas que bebem
Por que se escondem assim?
Achando que terão visões nos fundos dos copos
Às vezes o mundo parece tão surdo quanto os tijolos das casas
E eu rezo quieto por nada
Estamos todos loucos
Enfiados em fantasmagóricos aventais brancos
Olhos mortiços
Como os dele naquela cadeira antiga
A porta de seu quarto no hospital
A que reflexões mortas ou antigas lembranças se entregava?
Talvez só estivesse com medo
Como todos os outros sentados nas fileiras desalinhadas das salas de aula
Sonhando senas eróticas e amorosas com a professora loira
Escrevendo poesia perdida durante as aulas
Só ela não liga o bastante
Melhor cheirar solvente e mentir para parecer rebelde
Falar de demônios e vozes sentir-se Aleister
Delirar
Eu também deliro e viajo preso as maquinas
Vida de operário
Um salário qualquer e dividas
Estou sofrendo
Mas trago presentes
Por que de alguma forma tocamos violão no quartinho dos fundos
De alguma forma isto nos parece arte
A se pudéssemos correr pelas avenidas com nossos carrões caríssimos
E recitar poemas pagos nos tele jornais do meio dia
Mas isso e só aqui
Sonhos de Porto Alegre só estão aqui comigo
Não posso alcansalos ainda
Talvez nunca possa
As coisas começam e vem carregadas no minuano
Pelo menos e o que esperamos
Aborrecidos manhãs a fora
Em direção ao ônibus ao trabalho a rotina
Sentindo nos presos
Há como e grande o desejo de ficar
Como urge a necessidade de mudanças
Mas não mudamos, não por fora.
Não para os outros pelo menos
Apenas para-nos mesmos, apenas por dentro.
Num labirinto no castelo da alma
Tentando desistir e falhando
Tentando uivar em papel xerocado
Tudo e tão irremediável
Para que tantas ideias?
Tantas criações?
Nossas mentes se perdendo, achando que seria bom se tocássemos em bares.
Ou em festas a cinquenta centavos no boné
Um couvert artístico
Achando que da pra viver de poesia
Um rosto qualquer na capa de um livro
Recitando para os outros, para os leigos.
Como ilhas cercadas, nos sufocando num mar idiotamente azul.
E mudo
Por que e só o que somos
Entregues aos longos banquetes da sanidade furtiva
Não temos medo da sombra
Somos o abismo
Comprando refrigerantes baratos em lanchonetes vazias
Escutando os ciganos vendo o tempo passar
Como pedra nas águas de um riu
Ouvindo musicas barulhentas de CDs emprestados
Uma vida de empréstimos compulsórios
Uma multidão de amigos viciados, carecendo de ritmo e magia.
Espalhando-se em fugas do atlântico, e do humor do jovem selvagem de hoje.
Jovem que nos somos, e escondemos no armário do quarto.
Por traz da pilha antiga de roupas
Só o que e bonito esta ai para mostrar
Só o que e bonito
Noites de outrora e jovens e belas promessas
Mostre a eles o que eles querem ver
Pode ser divertido fingir o tempo todo e enganar enquanto se espera a própria vez
O momento de ser enganado
Como se não pudéssemos fugir da noite
Ficando sempre a espera
Às vezes e fácil deixar para La
Ficar em casa olhando fotos velhas, reconhecendo rostos toda uma vida desfilando diante dos olhos.
Revendo antigos fantasmas
Espectros antigos, mas atuantes.
A garota gorda do colegial, com suas lentes grossas e coloridos desenhos.
Um horror nos punhos fechados de um inimigo maior
Medo, terra, chuva e vento como um presente indesejado.
Vem vilão que já não o tememos
Temos canetas e blocos e xícaras de café fumegante
Tem os o vinho e a poesia
Somos outros agora
Sim somos outros
Ainda que imolados em ódios disformes e lembranças
Pra podermos luzir nos caminhos da vida, na batalha sem trégua do dia a dia.
Você ainda acha que pode fugir?
Eu conheci alguém que tentou amigo
E ate hoje não conseguimos encontrar todos os seus pedaços
Pobre Queli onde andara perdendo pedaços seus agora?
Em quais bares estará esquecendo sua própria vida?
A que caralhos estará tentando agradar por mais uma dose?
Suas fugas nunca foram longas minha amiga, jamais foste a qualquer lugar.
Não e que estivesse errada, não e que não devesse ter tentado.
E só o seu caminho garota
Só o método e que te condena
Queli bebendo cerveja pra ficar alta e distante entre os vagabundos do bairro
Queli fungando carreiras perto das mesas de sinuca
O pó sobe rápido, eu a vejo pobre Queli você já esta longe, mas logo volta, logo cai pesada como chumbo.
E tudo ainda esta La
Tudo ainda esperando por ela
Silenciosa sentindo medo
Um gosto de morte na boca a má sorte grudada nela
Ela nunca mais será a mesma meu amigo
Nunca mais
Esta perdida
Agarre se a seus panfletos musicais e CDs
Você não pode fugir
Vem vilão por que não podemos fugir
Por que estamos cansados e tristes
Às vezes impacientes
Eu me pergunto
Quanto tempo mais?
E um ciclo que se fecha
Um grito que termina como devia terminar
Debatendo-nos no escuro
Debatendo-nos no escuro
Ate o fim
Futuro adentro
Debatendo-nos no escuro
No ESCURO!
 
 
 
RODRIGO CABRAL
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DAMA EM ESCARLATE

Vestido vermelho
Olhar abusado
Corpo sinuoso
Opulento decote
Será vinho em sua taça?
Para quem ela joga languidos olhares?
Quem já provou do mel de seus lábios?
Não ouso imaginar
Gestos largos e firmes
Mãos bem cuidadas
Unhas longas em esmalte escarlate
Madeixas de um negrume absoluto
Você tem medo dela...
Eu tenho medo dela...
Os homens tem medo dela...
Qual gata preguiçosa e ronronante ela se estica
Ela observa...
Seu sorriso é uma arma
Seu olhar um convite
Seu ardor uma armadilha
Ela chama e repele
Ela atrai e despreza
É senhora de sua sina
Dama da noite.

 

RODRIGO CABRAL

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UM CORAÇÃO NO RIO

As aguas deste rio são escuras
Da ponte posso ver sua extensão
Crespada é sua superfície de piche
Torturado esta meu coração
As aguas deste rio têm detritos
Restos falhos de imundície humana
Flutuam em caudalosa confusão arvores mortas
Como cadáveres que o rio transporta
As aguas deste rio tem destino
Descem encostas e atravessam vales rumo a um fim
Existe objetivo para esta jornada
A estória deste rio tem um fim
Meu coração quer descer com estas aguas
Quer navegar desesperançado rumo ao fim do rio
Meu coração que tem tantos detritos em seu amago
Quer ser mais um detrito neste rio impessoal
As aguas deste rio encontram o mar em derradeira comunhão
Beijam o mar...
O mar é poderoso e as recebe indiferente
As aguas deste mar são salgadas
Salgado é o gosto que minhas lagrimas tem
Meu coração quer seguir por este rio ate o mar
Quer ficar a deriva no oceano sem fim
Na gigantesca lagrima atlântica
Meu coração sabe que estará em casa outra vez

 

RODRIGO CABRAL

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VELHA DOENÇA

Velha doença de onde vens?
Colada a meus ossos fragmentários
Inundando minha boca com teu fedor de morte
Um odor impregnado nas roupas
Uma presença que segue meu olhar
Um ponto escuro no fundo abissal dos meus olhos
Um furtivo sentimento de tragédia
Você pode ver que não me alegro mais com o nascer do novo dia?
Percebeu meu mutismo diante da grande cidade?
Da grande e suja cidade...
Habitações sem alma...
Vidas sem por quês...
Você precede a razão nao é?
Velha doença que se deita comigo
Meu leito de enfermo que ninguém pode mudar
Uma forma ali comigo na cama
Derradeiro descanso que já me leva longe
Ah velha doença me deixa entende-la
Me fala teu nome?
Me explica teus motivos?
Preciso que tenhas motivos
Tens que ter algum sentido
Eu sigo andrajoso com você
Eu serpenteio com você
Ate mesmo rastejo...
Sim eu rastejo!
Velha doença sinto que não vais partir
Não podes partir
Não queres partir
Tens aqui solo fértil
Tens aqui sangue fresco
Alimento para a prole horrenda que geras
Para teus monstros
Sim... posso ver que ficas
Posso entender que ficas
Estas comigo
Estas nesta casa
Neste bairro
Neste país
Neste mundo
Vive o homem sobre a Terra
Vive você com a humanidade
Teimosa, terrível...
Eterna.

 

RODRIGO CABRAL

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VEIO COM AS CHUVAS

Me deixa cair...
Eu vim com as chuvas
Me deixa cair...
Escombros e sombras
Retornando calado...
Tantas vozes outros tempos
Tantas vozes...tanto tempo
Me deixa cair...
Na ultima morada montanhosa
A rocha me suportará
A relva vai me ver escorrer
Sem sonhos,sem crises
Me deixa cair...
Os túmulos tão mudos de agora não vão reclamar
Ninguém vai...
E você?
Me deixa cair...
Sem distinguir quintais de campos,prédios de florestas
Sem reconhecer batalhas...
Me deixa cair...
Pesadamente estou perto...
Sombra que sempre esteve em teus olhos...
Memória que volta incontida
Saudade que vem...
Me deixa cair...
Me deixa chover...
Se entrega esta noite menina
Chore...chore...
 
 
RODRIGO CABRAL
Saiba mais…
CPP