CINZAS

Assim que tudo se transformar em cinzas

Vou encher meus pulmões de gases tóxicos

Mas a lembrança que lateja em meu cérebro

Dá-me a certeza de que nem sempre foi assim

 

As manhãs de sol preguiçoso no lado leste

E a feira nos vendendo frutas e convivências

Tangendo um viver tão simples e tão sincero

Fragmentos de um céu possível entre os montes

 

As tardes de trabalhos e observações quando eu

Esse eu que talhou madeiras e palavras em versos

Para construir o mundo objetivo e subjetivo

Para amparar corpos e almas da minha espécie

 

E as noites que chegavam sem nos amedrontar

Sem precisarmos lutar contra nossas sombras

Ou então viajar pelo portal de um copo de veneno

Em bares ou em lugares nada recomendáveis

 

O cinza da aridez de uma paisagem que morreu

É tudo que tenho além das doces lembranças

Em dias que o pão não passa de uma saliva seca

Engolida junto com a lágrima que desceu ao acaso

Pelo sulco no rosto que já recebeu carícias de tuas mãos

 

(CLÁUDIO ANTONIO MENDES)

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Comentários

  • Lindooooooooooooooooo!!

    Amei cada verso,poeta!!

    .Aplausos!!

    Bjs

  • Lindo poema. Fzçaz refletir.

    Parbéns Claudio. 

  • O presente cinza ensina que há algo positivo que marcou. O poeta extrai o melhor e se acolhe em versos, na poesia da vida que ensina a superação. Viver na poesia é curar feridas e seguir! Parabéns.

  • Nossa! Deu-me um nó na garganta enquanto lia seu poema...

    Não quero ver esses dias.

    Beijos!

    Nina

  • 34042627?profile=original

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