NARCISA PEGOU O BECO

 

Uma pessoa simples

Sem destaque nenhum

Passava pela gente

Sendo apenas mais um

Construiu a sua história

Sem passar de comum

 

Narcisa foi uma dessas

Que por aqui passou

Sua vida desregrada

Foi o que lhe marcou

Por causa da sua escolha

Sua vida então se findou

 

Nascida em Várzea Alegre

A data ninguém sabe

Os pais eu desconheço

Mas ante que se acabe

Essa sua lembrança

E por terra se desabe

Sempre era vista

Pelos bares e calçada

Mendigando cachaça

Ou pela praça jogada

Pra ela uma vida boa

Pra nós desgraçada

 

Tinha uma voz linda

Gostava muito de cantar

Por um gole de birita

Cantava pra trocar

Fedia muito a grude

Ninguém podia agüentar

 

Mas sempre existe alguém

Que tem um bom coração

Que ajuda ao semelhante

Sem visar condecoração

Se compadeceu por Narcisa

E lhe estendeu a mão

 

Rosa Amélia é o nome

Desse anjo de bondade

Decidiu ajudar Narcisa

O tirando da obscuridade

Decidiu fazer uma dama

Cheia de muita vaidade

 

Ela foi morar na residência

E lá teve boa educação

Comidas e roupas lavadas

E ela engordou então

Mas ela não era feliz

Sentia em seu coração.

 

Um dia sem se esperar

Da casa ela resolveu fugir

Jogou toda mordomia

E de novo voltou a sorrir

Voltando a beber e cantar

E começou a sucumbir

 

Todo dia a gente via

Ela na rua cantando

Bebendo e caindo

E o povo zombando

E ela seguindo na rua

Cambaleando

 

Narcisa vá para casa

Muita gente lhe dizia

Você ta muito doente

Mas ela nem se quer ouvia

Seguia sempre bebendo

Pois o vicio lhe consumia

 

Eu sentia muita pena

Mas não podia ajudar

Ajuda ela não queria

E pegava a xingar

Quem lhe advertisse

Não queria nem escutar.

 

As doenças apareceram

E ela se definhando

A cachaça se bebendo

E vendo tudo acabando

A morte seria o destino

Que ia se confirmando.

 

Muita gente comentava

É triste seu estado

Mas não foi falta de ajuda

Pois já tinha lhe ajudado

Esse era seu destino,

Ver tudo consumado

 

Num dia muito triste

Ela foi encontrada morta

Esse era seu destino final

A morte bate a sua porta

Escreveu a sua história

Por linha bem torta.

Quem conheceu Narcisa

Não consegue lhe esquecer

Vagando pelas ruas

Implorando para beber

O seu estado deplorável

Era horrível de se ver

 

Narcisa foi uma personagem

Que não devemos esquecer

Mesmo sendo alcoólatra 

O que podemos então ver

Ela nos marcou com seu jeito

Simples humilde de ser.  

 

Narcisa então ficou

Na memória popular

De uma pessoa que

Com seu jeito peculiar

Bebeu, curtiu e caiu

Pra na história entrar.

 

Fim

 

Israel Batista

 

Personagem folclórico de Várzea Alegre no Ceará, ela tinha uma voz muito linda, mas a cachaça foi a sua perdição.

 

 

 

 

 

 

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Comentários

  • Belo cordel! meus aplausos!

  • Que triste fim,poeta!

    Já vi muitas Narcisas por ai!

    Bjs

  • Israel Batista, aqui estou para lhe dizer que li do começo ao fim seu cordel, nota dez, poeta.

    Quantas Narcizas, estão a cair nos bares da vida. Quantas Narcizas(homens e mulheres) foram e estão dominados pelo alcool?

    Muitos, poeta, são muitos que amanhecem bebendo e destruindo tudo ao seu redor.

    Em minha família, tenho 3 alcolatras e pense em algo terrível, principalmente quando a pessoa não reconhece ser doente e precisar de ajuda.

    Reverências!

  • Triste fim, bela homenagem!

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