QUE SE CHAMA SOLIDÃO

QUE SE CHAMA SOLIDÃO

Dorme, pelo embalo do carrossel
Das horas, a música dos brinquedos
Cobertos de heras, sob os arvoredos
Que contemplam a vigília do céu.

Balanços e gangorras sem tropel
Desfazem na ferrugem seus segredos
– O que outrora foi canção de folguedos,
Hoje é prece aos mortos nesse vergel.

Por esse bosque só o menino anda
A observar ruínas da engenharia
Do velho templo de riso e ciranda.

Vai pelo cemitério da folia,
Sem saber que a vida trança guirlanda
De viva cerca que impede alforria.

(E. Rofatto)

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E. Rofatto

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Comentários

  • A palavra substitui o mundo porque, ao poeta, cumpre lembrar o sonho e deslembrá-lo ou, dele armar a sua fantasia para sorrir, chorar, sentir saudade, enfim, se lambuzar de infância ou, de realidade. Lindoooooooooooooooooooo! Bjs

    • Grato, Marso! Em versos, realmente, erigimos um universo feito de palavras - eis o risco: ali, estamos de volta ao paraíso perdido; ali, sabemos que a realidade se faz de beleza - dali talvez nem queiramos sair, pois que recuperamos a infância ou qualquer outra estação, todas mais verdadeiras na ficção. Bj 

  • Uma poesia para alimentar a alma. Impressiona-me a sua facilidade de desenvoltura com as palavras. Para que estender o comentário, se é mais fácil se render ao seu talento.

    • Grato, Sam! Sua presença sempre generosa é um distintivo que indica a pessoa que você é!

  • This reply was deleted.
    • Grato, Márcia! Ter a aprovação de quem admiramos é uma grande alegria!

  • É no cárcere da memória que toda a existência vivida fica aprisionada. Na verdade é esta, incrível capacidade de aprisionamento da memória que torna as duas ultimas estações da vida mais interessantes. O homem, enquanto vive ou até quando sua mente se mantém lúcida, sempre volta ao local dos seus fósseis para relembrar o que foi e o que viveu no passado e, com isto, abastecer as energias, saciar a saudade, ouvir vozes que se silenciaram, ou que se distanciaram por razões que, muitas vezes não se compreende. Ninguém controla as viagens da memória no túnel do tempo, eu gosto de pensar que esta constante volta ao passado faz o ser mais fortes e mais maduro conforme vai se compreendendo a razão e a causa do nascimento de cada braço de rio nesse decurso.

    Maravilhoso soneto.

    Peço até desculpa por ter me alongado em meu comentário.

    Reverências!

    Destacado!

    • Grato, Edith! Não tem de quê se desculpar; antes, tenho eu tudo a agradecer: o comentário alongado me lisonjeia pelo tempo que dedicou a estar em contato com o que escrevi. Obrigado mesmo!

      Sua ponderação, Edith, vem como resultado do crivo de quem entende a vida pela lógica da sensibilidade. Será uma controvérsia ser lógico e sensível a um só tempo? Penso que não, pois digo que se sente com o cérebro, não com o coração: deve-se buscar o entendimento do afeto e reconhecer as suas causas. Daí a satisfação de encarcerar-se na memória para entender, cada vez mais, as emoções que nos atingem para as compreendermos e nos fortalecermos, como você bem assinalou e eu endosso.

      Sempre um prazer receber a sua atenção, Edith!

  • Retalhos coloridos de uma vida. Lembranças de uma infância perdida, embora ainda viva na alma do poeta, ja maduro, vivido, que guarda na alma a criança que foi um dia. Como é bom ler você, caro poeta Edvaldo. Seu talento faz com que as palavras ganhem musicalidade. Parabéns.
    • Grato, Francisco! Penso que primeiro escrevemos por necessidade íntima - tem de ser assim; depois, pensamos que talvez sejamos lidos - se assim tiver de ser. Nessa segunda etapa, é um grande privilégio ter a sua companhia, meu amigo! Privilégio igual ter também a sua cumplicidade ao desdobrar dos versos os sentidos das suas origens. Obrigado!

  • Poeta Edvaldo poesia leve com uma canção

    de ninar parabéns pela beleza em versos poéticos abraço...

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CPP