TAMBÉM OUVI O LEÃO !

A cidade acordou quando a verdade aprendeu a rugir...
E havia fugas nas avenidas vazias das periferias sujas pra onde ninguém foi
O fogo se espalhou nos prédios sem qualquer remorso
Queimaram como papel a própria luz da ruína e da morte
Eu sentia o fim chegando sem esperar demais
Sem ânsia alguma...
La embaixo alguém chorava suas tragedias pras sarjetas fedidas da cidade
E não consegui pensar em lugar mais adequado pra tragédias
E se houve um tempo mais escuro e selvagem antes deste eu não posso lembrar
Haviam multidões nas ruas caçando almas desavisadas de gente que não sabia que devia fugir
Havia solidão rondando na noite tal qual o leão faminto
Fedia a medo...
E desprezo...
Desci para as ruas certo de que caminhava de encontro a algum destino que me queria
Sem beijos apaixonados ,sem sexo,sem tesão
A noite era amarga e o fim jazia doce em algum beco a espera
Caminhei ereto e lívido pro fim de tudo
Assoviava alguma velha canção tão desconexa e sem sentido que fazia tudo valer a pena
Encontrei o que procurava numa esquina antiga em frente a decrépitos prédios carcomidos
Morri pro mundo que não me queria aquela noite
E fui feliz.
 
 
 
RODRIGO CABRAL
 
 
 
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Comentários

  • Há, sempre uma desculpa para quem se envereda por um beco escuro.

    Excelente texto.

    Aplausos Rodrigo.

  • Poema tremendamente belo

    Leio e relei-o e deixo meu veeemente aplauso

    FC

  • """Encontrei o que procurava numa esquina antiga em frente a decrépitos prédios carcomidos
    Morri pro mundo que não me queria aquela noite
    E fui feliz."""
    Uauiuuumlindo e triste poeta!!.
    Aplausos de pé,Rodrigo!
    Bjsssss
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CPP