zana-zen (27)
Foto: interior da casa de Cora Coralina - Museu Cora Coralina.
Enchente...
II
Alguns objetos espalhados...
Sobre a mesa das lembra
Chove choverando
Chuviscos chove
Chuva fina...
Na calçada,
Do Rio Vermelho
Pó e cipó,
Poeira levanta,
Coriscos cantam.
Chove choverando
Chuva e agonias,
Na noite fria,
Inundação... sem fim.
Chove chove
E molha
Tecelã
Teci o teu corpo –– nos fios dos anos...
Madrugueiramente,
O meu olhar –– emparedou-se.
E das tuas curvas leves,
Brotaram:
Sangue,
Mel,
Formas e pele.
E a doçura breve...
A esgarçar-se,
Cingindo...
Anoitezinhante,
Órgãos, sentidos,
Sede de Outono
Tua sede é-me minha
Sediando todas as sedes
Sedenta fui-me indo...
E me tornei sedosa.
Sediosa senhora,
E, sensivelmente sonora...
Que ora se derrama...
Gotas caem espraiadas de mim,
Mas não dessedentei por completo,
A Fábio...meu esposo e eterno namorado!
Devoção...
Ao meu amor
Serei presença
Ora (vereis) estrelas no firmamento!
Quando estiverdes apaixonado
(falar-te-ei de pronto:)
Precisas estar aberto e predisposto,
Para perpassá-las com sentimento!
Pois, madrugaremos sob encantamento!
No es
Trampolim
Na corda bamba do medo
Alcei um voo perdido...
Fiz-me sem asas num grito.
A platéia imóvel, assistia
A dor encravada n'alma,
Que solitário, tremia.
No palco da vida ensaiei
Leve pulsar de borboleta...
Que mesmo de asa quebra