Posts de Assis Silva (67)

Classificar por

Velando

Eu te observo a dormir, amada;

e dormes lindamente!

Respiração tranquila,

lábios semicerrados.

Sonhas, amada,

Pois sorrir…?

 

Assis Silva 

 

Saiba mais…

Paixão avassaladora

Apaixonou-se sexta-feira à noite.

Namorou no sábado.

No domingo se casou.

Segunda-feira veio o divórcio.

Terça-feira morreu de amor!

Um tiro só: do lado direito para o esquerdo,

no pé do ouvido.

Acreditou, deveras, num amor para a vida inteira

mesmo sendo um curto período, de poucos dias.

 

Assis Silva

Saiba mais…

A chuva da madrugada

O galo dá seus primeiros cantos,

A saracura responde na mata ciliar.

Os dedos da mão fogem pelos buracos da rede; os dos pés, pelo lençol

(que também fora feito de rede)!

Desperto, olho para fora, mas fora já estou.

Um vento gelado me faz tremer de frio,

Um relâmpago corta o céu escuro.

A chuva cai e afoga o canto do galo e da saracura.

Para quem pouco tem,

até a chuva trata com desdém.

Meu sono e sossego foram enxaguados!

Saiba mais…

Silêncio

A poesia tem que ser parida quando ela quer, e não quando o poeta tiver tempo. Pensei este texto dias atrás, mas não escrevi, relutei, nem era sobre isso, embora os versos teimassem em sussurrar. E por ter passado da hora de nascer, não nasceu como na ideia primeira.

 

Silêncio

 

O silêncio da tua voz perfurou as veias mais remotas

e importantes do meu coração

E ele sangrou, ficou pálido...

A omissão das tuas palavras estourou seus tímpanos

e ele ficou surdo.

Em vão seus olhos lhe procuravam, mas você se escondeu.

Enquanto seus passos seguiam em direção aos teus

Os teus fugiam dos dele...

E a esmo, num deserto de sentimentos, desfaleceu.

Agora, sob uma nuvem sombria

Dentro deste túmulo frio

Tu descansas, foste sem se despedir.

Descanse em paz, amada;

Enquanto este silêncio ensurdecedor me atormenta o peito.

 

Assis Silva

Saiba mais…

No tempo do meu avô

Meu avô era do tempo em que os momentos

não eram “guardados” em fotografias

nem em telefones “inteligentes” (Smartphones).

Era do tempo de sentar e prosear e contar “memografias”.

E hoje quando queremos mostrar ele às pessoas

Não mostramos fotos nem vídeos

Contamos suas histórias e presepadas

De anos idos tão bem vividos.

 

Assis Silva

Saiba mais…

Pensamento sobre sexualidade

Tenho visto, ultimamente, muita gente — transvestida de um moralismo farisaico — preocupada com a família, ou melhor, com a educação familiar das crianças. Criticam novelas, filmes, livros que apresentem conteúdos homoafetivos. Será que a essência da educação familiar das crianças é essa? A educação de uma criança, disse um educador, começa muitos anos antes dela nascer, ou seja, com a educação de seus pais. Não seria a melhor educação o exemplo dado pelos adultos que a cercam no dia a dia? Opção sexual é terra alheia que ninguém vai.   (Assis Silva)

Saiba mais…

Pai Nosso pela Amazônia

Pai Nosso que estais nos Céus,
santificado seja vosso reino, nossa Amazônia
venha a nós a vossa proteção ambiental,
que seja de vossa vontade que a floresta não tenha agonia
 
A nossa riqueza de cada dia protegei-a hoje,
perdoai-nos os desmatamentos descabidos,
assim como as queimadas sem medidas,
que a tanto o tem ofendido.
Não nos deixeis cair em tentação
em destruir um bem da nação,
livrai-nos desse Mal. Amém
 

Assis Silva

Saiba mais…

O romper do amor

 

 

Ainda era cedo quando ela chegou.

A aurora ainda reinava

quando ela escancarou a porta sem licença.

Não estávamos preparados para tal experiência

Além de cedo, éramos imaturos.

Uma paixão avassaladora nos tomou por inteiro

Rompeu a aurora da maturidade

Deixando-nos atordoados, encandeados.

A paixão chegou cedo demais

O amor se foi cedo de menos.

Talvez se fosse a essa altura do dia

Neste momento da vida

Casaríamos.

E você se foi, Maria, para o nunca mais

E eu parti, Maria, com os cacos

que sobraram do coração na mão.

E como o tempo tudo cura, Maria,

meu coração se regenerou.

Espera-te um dia!

 

Assis Silva

Saiba mais…

Um café amargo e ruim

 

 

Um distinto senhor chegou em um desses estabelecimentos americanos de Fast Food e solicitou a atendente:

— Por obséquio, senhorita, gostaria de um café amargo e ruim. Disse em tom de brincadeira.

— Ah, já sei o que o senhor quer: um café amargo, preto e ruim.

No outro dia, o senhor voltou ao mesmo estabelecimento e fez o mesmo pedido, mas dessa vez um jovem lhe atendeu:

— Meu jovem, por gentileza, gostaria de um café amargo e ruim.

— O senhor quer um café amargo, ruim e preto? — fez a pergunta em tom de brincadeira.

No outro dia voltou no mesmo estabelecimento e repetiu o pedido.

— Quero um café ruim e amargo. Era um terceiro atendente.

A resposta foi a mesma:

— Já sei o que o senhor quer: um café preto, forte, amargo e ruim.

Interessante como o preto está associado a coisa ruim. O adjetivo preto acrescentado pelos atendentes não era somente por causa da cor do café, mas por causa da palavra ruim dita pelo senhor.

 

Assis Silva

 

 

Saiba mais…

Pensamento espinhoso

Sinto-me embriagado pelos sonhos

Bêbado pelo futuro

Tropeçando nas coisas do ontem

E deitado em um presente

que perfura minha epiderme

causando agressão em meu interior.

Estou infeccionado de futilizas

Com náusea desse tempo que nunca passa!

 

                                                Assis Silva

Saiba mais…
CPP