Posts de Assis Silva (67)

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Tipos de pessoas

 

Há pessoas doces

Que falam palavras carameladas

E têm ações adocicadas.

 

As pessoas não são abelhas

Mas têm umas que de um jeito

Diria, quase perfeito...

Adocicam o mundo!

 

Do contrário também há:

Pessoas azedas

Que espalham tristezas.

 

E algumas são tóxicas, diria

Por onde passam envenenam

Falam mal, condenam...

Sem que nem porquê!

 

Assis Silva

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A igreja do diabo

Ah! Meu diabo, que mundo é esse?!
Em que a vítima leva a culpa
por ter dado bobeira — onde já se viu!
Roubam milhões, matam milhares
e ninguém vê o extravio.
E a culpa, diabo, nem você vai acreditar:
Dizem que é do povo que não sabe votar;
Da mulher que não sabe se vestir nem se comportar;
Do mal-uso do poder de decidir;
Por não ter o cuidado de onde residir.
“O que queres tu, meu pobre diabo?”

 

Assis Silva

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Poema nostálgico

“A gente” anda por esse mundão a fora.
Mas chega um dia, bate uma hora
que dá uma saudade danada
do nosso lugar de meninada.

Desbravamos terras, conquistamos amigos,
conhecemos culturas; ávidos
por mais... e mais crescimento.
Mas, bate a hora do recolhimento.

Aí vem a saudade da mãe e do pai,
dos irmãos e até dos vizinhos. Ai!
Somos paradoxos: vindas e idas,
livres escravos de nossas vidas.

Assis Silva

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Trecho de um romance que estou escrevendo

Para que servem os sonhos? O que são os sonhos? Como gostaria de saber, pois assim descobriria a razão do sonho que tive nesta noite. E como foi intenso, mas diferente dos outros; sabia que, este, era apenas um sonho.Tudo aconteceu onde tivemos um de nossos encontros mais intensos, lembra? Deve lembrar, se não, refresco a sua memória: era um almoço em que estavam reunidas as nossas famílias e, deixamos todos preocupados, pois fugimos para ficarmos a sóis lá no igarapé. E como foi gostoso aquele encontro, quando lembro ainda consigo sentir as mesmas coisas que senti naquele dia. Teus beijos cheios de vontade de me devorar por inteiro, teus abraços fortes que parecia não me deixar desgrudar de você. Rolamos pelo chão da casa abandonada sem nos preocuparmos se haveria pulga. Sentia teu corpo quente colado no meu, tua língua passear pelo meu corpo. Depois fomos para dentro do igarapé e, a água, somente ela, era testemunha de nossa paixão.Não sonhei com esse nosso encontro, mas foi no mesmo cenário; no encontro nos amávamos feitos loucos, mas no sonho você fugia de mim. Aconteceu assim: nossas famílias iam para lá, para o balneário (igarapé), íamos também, mas distantes um do outro. Vez ou outra você me lançava um olhar provocador. Havia uma pessoa entre nós, não fisicamente, mas que não permitia nossa aproximação. A estrada ainda era a mesma; um caminho por debaixo da mata. Chegamos no balneário, todos se instalaram. Sua preocupação era apenas uma: fugir de mim. Seus olhos não saiam de mim e, quando procurava um jeito de me aproximar, você fugia. Eu fazia de tudo para chamar sua atenção, mas seus olhares apenas me provocavam, pareciam que queriam dizer alguma coisa. Mas o quê? Infelizmente, não sei!Despertei na última tentativa, você estava conversando com umas pessoas que não eu conhecia, fui ao seu encontro e antes de me sentar na árvore caída onde servia de banco para vocês, levantou-se e começou a correr por entre tocos, árvores, até que chegou em um campo aberto — bem nas margens do pequeno rio — consegui chegar mais perto e te dizer umas poucas palavras: “quero ficar com você, por que foges de mim?”, sua resposta veio não antes de um toque de charme no olhar — o mais provocador e sensual que já vi: “quero ficar longe de você, mas não tanto que não possa tê-lo sobre meus olhos, amo-te, mas você não fez por merecer meu amor”. Parei de andar e aos poucos se afastou de mim, sem me tirar o seu olhar.Não sei o que são e nem para que servem os sonhos, apenas desconfio. Este sonho me revelou o amor que ainda tenho por ti, como nossa separação não significasse absolutamente nada e, se você me dissesse venha meu amado, iria. Sua fuga é como uma armadura que você usa para se proteger de mim, de todo sofrimento que te causei, das mentiras que contei. Não posso dizer nada sobre o que você sente agora, mas eu, ainda não me libertei do nosso amor.Assis Silva
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Murros em ponta de faca

O namoro não começou como os outros

Já no primeiro mês ele a bateu no rosto

Ela achou que ele iria mudar, perdoou-o;

Os dias passaram, assim como o desgosto.

 

No mês seguinte, veio ataques de ciúmes

E como consequência o poder;

Ela achou que ele iria mudar, perdoou-o;

E sobre isso tentou o máximo esquecer.

 

Engravidou e veio o casamento, que alegria

Mas nas núpcias ele a estuprou;

Ela achou que ele iria mudar, perdoou-o;

E para que fosse diferente se esforçou.

 

No casamento o amor acabou, a violência aumentou:

Era contra si, contra o filho. O respeito inexistiu.

Ela achou que ele poderia mudar, perdoou-o;

Sua dignidade depois, nunca mais viu.

 

Até que um dia, em um ataque de fúria

sem motivo; enfim, ela percebeu.

Ela viu que ele não ia mudar, não o perdoou.

Mas já era tarde, fechou os olhos...morreu!

 

Assis Silva

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A traição

Um silêncio pairava sobre o apartamento, as luzes estavam desligadas, parecia não haver ninguém. Um homem chega em frente do prédio, olha fixamente para as janelas de um apartamento, dá uma longa respirada e chega próximo ao portão. O portão se abre.
— Boa-noite, seu Marcelo!
— Boa-noite! Responde o homem com os olhos arregalados. Pensei que o senhor só voltaria na semana que vem.
— Pois é, voltei mais cedo, aconteceram uns contratempos.
O porteiro, não sei por que, assim que avistou o homem pegou o interfone e ficou segurando durante a conversa. Continuou o homem, que parecia cansado da viagem.
— Vim sem avisar ninguém, queria fazer uma surpresa a Janice...
— Ela, sem dúvida, ficará surpresa — interrompeu o porteiro.
O homem se retirou. Entrou no elevador e apertou o número 9. Conforme subia, ia tirando o paletó e afrouxando a gravata. Saiu do elevador já em frente de seu apartamento. Abriu a porta, estava escuro, ouviu uma música no segundo andar...o interfone tocou.
— Pois não!
— Desculpe seu João, disquei o número errado.
Franziu a testa, achou estranho, pois o porteiro nunca errava o número dos apartamentos, apenas respondeu, tudo bem. Sentou-se no sofá, não acendeu as luzes, ficou ali um minuto — a música no quarto não parava—, tirou seu revólver e seu distintivo de policial e pôs na mesinha de centro. Mudou de ideia. Levantou-se, recolheu apenas o revólver e subiu para o segundo andar. Estava cansado. A porta estava entreaberta, apenas a luz do abajur iluminava o quarto. No corredor, a música parou e do quarto vinham suspiros e gemidos. Foi caminhando devagar com o revólver em punho. Empurrou a porta. Na cama estava sua jovem e linda esposa com um jovem e lindo rapaz. O jovem o viu primeiro, empurrou-a. Virando-se, ela também o percebeu; ele estava imóvel parado e trancando a saída pela porta. A mulher não disse nada, fugiu pela janela; o homem, sentiu pela primeira vez o gosto de chumbo descarregado de forma covarde e sem nenhuma palavra.
E, ali, antes de fechar os olhos para sempre, entendeu que ela não o amava, só queria seu corpo, pois se não, teria ficado com ele, e partilhado o gosto amargo e ardente das balas. Mas preferiu fugir pela janela, sem se importar com a altura de nove andares.

Assis Silva

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Por que a pressa na vida?

Por que a pressa na vida?

A eternidade está há um passo

e nela não há tempo que passe

nem momento que se acabe.

 

Por que a pressa na vida?

A eternidade está há um passo

e nela não há pressa que passe

nem correria que se acabe.

 

Por que a pressa na vida?

A eternidade está há um passo

e nela que não há vida que passe

nem vida que se acabe.

 

Por que a pressa na vida?

A eternidade está há um passo

e nela não há passado que passe

nem presente que se acabe.

 

Assis Silva

 

 

 

 

 

 

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Amar devagar

Amar-te-ei devagar

não farei declarações nos telhados

nem modelarei de corações as nuvens,

o amor não precisa disso.

Devagar deixarei que os momentos

estacionem e depois os deixarei partir

como o trem, pois sei que depois voltarão

e neles novamente entrarei.

Amar-te-ei devagar eternizando cada

momento, brincando de modelar o tempo,

de fazer e refazer a vida.

Amar-te-ei devagar...

Devagarinho.

(ASSIS SILVA)

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Convite em paráfrase

 

Só desejo uma coisa:

habitar no santuário do Senhor...

...Seu coração.

 

Pois é melhor buscar refúgio no amor

do que pôr a esperança no rancor.

 

Digo-te: vem e segue-me

— Acompanhando-me do lado —

e eu te farei

pescadora de versos

construtora de estrofes

arquiteta de poemas

engenheira de emoções.

Assis Silva

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A rua e as crianças

Eu estava em frente da minha casa observando as crianças brincando. De repente um homem me abordou com uma pergunta: “estou procurando uma casa para morar neste bairro, mas não estou certo de sua tranquilidade; esta rua é tranquila?”. Olhei para o homem e depois, novamente, dirigi meu olhar para as crianças. Disse apontando para elas: “olhe, perceba que não tem nenhum pai ou mãe as vigiando. Em uma rua onde as crianças brincam, pode ser perigosa?”. O homem abriu um sorriso, apertou minha mão e disse: “prova melhor que essa não há, obrigado!”. O homem saiu satisfeito com o que observou, e eu fiquei contente com o que já tinha observado a tempos: que as crianças são um indicador da tranquilidade de uma rua.

 

Assis Silva

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