Esfregar a minha tarde em outras tardes
De outonos com sinfonias de carnavais
Entregar a minha mão para ser macerada
Em labutas que nunca valerão a pena
Esticar o verso até que encontre o outro lado da folha
Para separar o espaço na perda de tempo
Estourar o tempo que era para a gente aprender a amar
Mas foi difícil tirar a máscara e começar a bailar entre flores
Eu era a mensagem que deveria ser decifrada
Mas preferiram o código da hipocrisia em dias de sol morno
Estacionar-se no pequeno vão entre o passado e o futuro
Esbarrar-se no sólido mundo de banalidades
Parece que minha missão é ter algo para dizer ao vento
Quando a última folhar cair sobre a calçada em silêncio
Atordoam a cabeça
Dói os miolhos
Sai lágrimas nos olhos
É ruim a bessa
Sai fora de mim
Qualquer sentimento
Quero ter um cérebro
Feito de cimento
Pensamentos
Nascem como plantas daninhas
Sugam toda energia
Esvazia a cabeça
Além de tudo me estressa
Sai fora de mim
Qualquer pensamento
Quero que minha mente
Não se meta em nada
Arrependimentos
São arreios sobre a memória
Não quero me lembrar de ontem
Das minhas faltas de pontes
Para obter a vitória
Sai fora de mim
Qualquer arrependimento
Se matei ou se morri
Se me alegrei ou se sofri
Nada me serve de alento
Momentos
É meu pão de cada dia
Com ou sem fermento
O que vale é a farinha
A vida sempre foi minha
E segue sendo
Enquanto eu sentir
A carícia do vento
Melhor estou que antes
Vejo florestas e montanhas
Da natureza sei as manhas
Sou cavaleiro errante
Concentrado, pensante
Calculo o passo adiante
Pelas poeiras de ontem
Sou cavaleiro errante
Pelas planícies cinzas
Deserto causticante
Na minha vida morna
Sou da vida amante
Quero sorrisos e beijos
E no verso destoante
Meu universo de desejos
.........Sigo em frente.........
Cláudio Antonio Mendes
O corpo pisa
Eu ando menos
Na estrada lisa
A mente pensa
O corpo peca
Sob neblina intensa
O mundo me estressa
Não somos felizes
Pagamos alto preço
Pelos nossos deslizes
Não temos recomeço
Atores e atrizes
Sem nenhum apreço
Cláudio Antonio Mendes
Vamos abrir uma garrafa de cerveja
Vamos abrir a tragédia de todo dia
Transvestida de comédia de um dia só
Camuflada em lençóis rotos
Vamos abrir uma fachada de uma igreja
Cobrar 100% de dízimo
Vamos dizimar a inteligência humana
Vamos dinamitar as agências bancárias
E todas as bancas de jornal
Precisamos de caos para nos acalmar
Precisamos de castigo para ser castos
Precisamos nos castrar para aproveitar o cio
Precisamos do frio para aquecer nossas consciências
E destruir toda ciência para ter uma teoria apenas
E assim caminha Pero Vaz de Caminha
Rumo às índias e suas cartas diabólicas
Rumo a qualquer indício de vício e vida
Rumo a qualquer estatística comprada
Rumo a um naufrágio universal, rumo ao nada
CONVERSÃO
Renegou o
Ceú e
Regou o
Destino
Mas quando
Chegou
No inferno
Rogou
Perdão
Divino
Da série: VERTIKLAUS (DECANATOS POÉTICOS VERTICAIS)
A flor que lhe ofereço
Nasce entre escombros
Dessa cidade sem apreço
E todo peso em seus ombros
É a flor linda
Que até então
Só viu a falta de pão,
Fantasia e desilusão
É uma flor simples
Que às vezes diz sim
Que às vezes diz não
E que neste país
Viu pessoas sendo apagadas
Feito traços de giz
Pagando a prestação
A morte com seu preço
A morte sem endereço
A morte que mora em nós
TIQUINS ENXERTADOS
T.001
Tua lágrima me rega
..................entrega
T.002
Ela não voltou depois da ida
...............................perdida
T.003
Preço do sal para o gado
..........................salgado
T.004
Poetizar faz bem para a mente
............................experimente
T.005
Teu beijo doce como doce de leite
...........................................deleite
T.006
Teu esforço a gente sente
...................complacente
T.007
Cor da ideologia nunca velha
..............................vermelha
T.008
Rápido, só um risco no espelho
.......................................coelho
T.009
Sempre pôs as cartas na mesa
.................................firmeza
T.010
Eu conquisto a cada passo
.............................espaço
Tiquim enxertado: Criação de Cláudio Antonio Mendes e Marli Caldeira
em
seis
palavras
concluo
minha
lavra
***
foi
alfinetado
por
sair
da
linha
***
em
qualquer
lugar
luta-se
por
algo
A VIDA
A vida mais que complicada
É via de mão única
Não volta no tempo
Corremos atrás de um nada
Nada além do Além
Depois do fim dos tempos
Não sei se existe uma razão de ser
Mas não existe razão para tanto ter