Posts de CLAUDIO ANTONIO MENDES (61)

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QUANDO A ÚLTIMA FOLHA CAIR

Esfregar a minha tarde em outras tardes

De outonos com sinfonias de carnavais

 

Entregar a minha mão para ser macerada

Em labutas que nunca valerão a pena

 

Esticar o verso até que encontre o outro lado da folha

Para separar o espaço na perda de tempo

 

Estourar o tempo que era para a gente aprender a amar

Mas foi difícil tirar a máscara e começar a bailar entre flores

 

Eu era a mensagem que deveria ser decifrada

Mas preferiram o código da hipocrisia em dias de sol morno

 

Estacionar-se no pequeno vão entre o passado e o futuro

Esbarrar-se no sólido mundo de banalidades

 

Parece que minha missão é ter algo para dizer ao vento

Quando a última folhar cair sobre a calçada em silêncio

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A CARÍCIA

Sentimentos

Atordoam a cabeça

Dói os miolhos

Sai lágrimas nos olhos

É ruim a bessa

 

Sai fora de mim

Qualquer sentimento

Quero ter um cérebro

Feito de cimento

 

Pensamentos

Nascem como plantas daninhas

Sugam toda energia

Esvazia a cabeça

Além de tudo me estressa

 

Sai fora de mim

Qualquer pensamento

Quero que minha mente

Não se meta em nada

 

Arrependimentos

São arreios sobre a memória

Não quero me lembrar de ontem

Das minhas faltas de pontes

Para obter a vitória

 

Sai fora de mim

Qualquer arrependimento

Se matei ou se morri

Se me alegrei ou se sofri

Nada me serve de alento

 

Momentos

É meu pão de cada dia

Com ou sem fermento

O que vale é a farinha

A vida sempre foi minha

E segue sendo

Enquanto eu sentir

A carícia do vento

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ERRANTE

Sou cavaleiro errante

Melhor estou que antes

Vejo florestas e montanhas

Da natureza sei as manhas

 

Sou cavaleiro errante

Concentrado, pensante

Calculo o passo adiante

Pelas poeiras de ontem

 

Sou cavaleiro errante

Pelas planícies cinzas

Deserto causticante

Na minha vida morna

 

Sou da vida amante

Quero sorrisos e beijos

E no verso destoante

Meu universo de desejos

 

.........Sigo em frente.........

 

Cláudio Antonio Mendes

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SOB NEBLINA

A mente pensa

O corpo pisa

Eu ando menos

Na estrada lisa

 

A mente pensa

O corpo peca

Sob neblina intensa

O mundo me estressa

 

Não somos felizes

Pagamos alto preço

Pelos nossos deslizes

 

Não temos recomeço

Atores e atrizes

Sem nenhum apreço

 

Cláudio Antonio Mendes

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NAUFRÁGIO UNIVERSAL

Vamos abrir uma garrafa de cerveja

Vamos abrir a tragédia de todo dia

Transvestida de comédia de um dia só

Camuflada em lençóis rotos

 

Vamos abrir uma fachada de uma igreja

Cobrar 100% de dízimo

Vamos dizimar a inteligência humana

Vamos dinamitar as agências bancárias

E todas as bancas de jornal

 

Precisamos de caos para nos acalmar

Precisamos de castigo para ser castos

Precisamos nos castrar para aproveitar o cio

Precisamos do frio para aquecer nossas consciências

E destruir toda ciência para ter uma teoria apenas

 

E assim caminha Pero Vaz de Caminha

Rumo às índias e suas cartas diabólicas

Rumo a qualquer indício de vício e vida

Rumo a qualquer estatística comprada

Rumo a um naufrágio universal, rumo ao nada

 

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A FLOR

 

A flor que lhe ofereço

Nasce entre escombros

Dessa cidade sem apreço

E todo peso em seus ombros

 

É a flor linda

Que até então

Só viu a falta de pão,

Fantasia e desilusão

 

É uma flor simples

Que às vezes diz sim

Que às vezes diz não

E que neste país

Viu pessoas sendo apagadas

Feito traços de giz

Pagando a prestação

A morte com seu preço

A morte sem endereço

A morte que mora em nós

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ENXERTIAS 01

TIQUINS ENXERTADOS

T.001

Tua lágrima me rega

..................entrega

 

T.002

Ela não voltou depois da ida

...............................perdida

 

T.003

Preço do sal para o gado

..........................salgado

 

T.004

Poetizar faz bem para a mente

............................experimente

 

T.005

Teu beijo doce como doce de leite

...........................................deleite

 

T.006

Teu esforço a gente sente

...................complacente

 

T.007

Cor da ideologia nunca velha

..............................vermelha

 

T.008

Rápido, só um risco no espelho

.......................................coelho

 

T.009

Sempre pôs as cartas na mesa

.................................firmeza

 

T.010

Eu conquisto a cada passo

.............................espaço

Tiquim enxertado: Criação de Cláudio Antonio Mendes e Marli Caldeira

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A VIDA

A VIDA

 

A vida mais que complicada

É via de mão única

Não volta no tempo

 

Corremos atrás de um nada

Nada além do Além

Depois do fim dos tempos

 

Não sei se existe uma razão de ser

 

Mas não existe razão para tanto ter

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CPP