Posts de Cristina Maria Afonso Ivens Duar (295)

Classificar por

Digitações

Digitações

As poucas palavras que eu digito
são meros desabafos e suspiros
que se soltam entre os dedos aos gritos
sentimentos e afins que admiro.

Poucos sabem o que significa escrevinhar
mesmo contendo pouco conteúdo
esta estranha forma de salivar
é melhor do que simplesmente ficar mudo.

Digitações em folhas de papel
esborratam e deixam tinta nas mãos
parecem passadeiras feitas com pincel
numa extensa estrada de alcatrão.

Os dedos gritam por descanso
ainda a noite é uma criança
o tempo passa e me torno manso
pego na caneta e encho a pança.

Tropeço e caio imensas vezes
em linhas tortas e quadriculadas
mas a escrita tem os seus reveses
os sentimentos chocam com as palavras.

Este grande amor pela caneta
já vem de Vénus e Plutão
fico a babar por tinta preta
limpo a boca com mata borrão.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte

Saiba mais…

A toda a hora, a todo o instante

A toda hora, a todo instante
procuro um sinal do teu ser
que me ensinou a ser amante
sapiente de todo o prazer.
Envia-me um sinal apenas
uma espuma de mar salgado
assim sei e ficarei serena
que o teu amor não me foi roubado.
As gaivotas não me dizem nada
só anunciam tempestade no mar
só vejo a praia isolada
e nenhum barco a navegar.
O azul que carrego em mim
é a cor da nossa paixão
mandei vir um arco íris assim
para tu me veres e dares a mão.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte

Saiba mais…

Vestígios amargos

Foste tão importante na minha vida
um marco que ficará para sempre
uma tatuagem jamais sumida
feita com tinta permanente.

Deixaste vestígios por tudo o que é canto
que é tão difícil eu te esquecer
parece um amor em lume brando
que não pára de arrefecer.

Saíste da minha vida
causaste-me tristeza e amargura
és a razão da minha magreza
o culminar da minha tortura.

Atingi o pico do sofrimento
ando para aqui a vegetar
quero me libertar do teu pigmento
não sei o dissolvente que hei-de usar.

Vou tirar-te da minha memória
para não enlouquecer de vez
quero sentir o sabor da glória
com outra mulher, duas ou três.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte

Saiba mais…

Fibromialgia


Apaziguo toda a minha dor,
neste azul que me envolve,
por fora me sinto incolor,
por dentro toda a cor me cobre.

São punhais cravados nas costas,
dores oriundas, não sei do quê,
como se fossem fracturas expostas,
que só eu e o meu corpo vê.

Sem remédio, nem solução,
que anestesie e deixe dormente,
o mal está no coração,
que se alastra para dentro da mente.

A incompreensão do próximo sobressai,
sem aptidão para ajudar,
já não suporta ouvir um ai,
quando o remédio seria amar.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte

Saiba mais…

Sentimento adiado

Neste mundo existe tanta gente,
que aparenta ter um ar feliz,
que nunca mostra o que sente,
e nem sente, sempre o que diz.

A maior parte das vezes, o sorriso,
é uma lágrima adiada
e sempre que é preciso
a lágrima, é uma gargalhada.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte

Saiba mais…

Do meu tempo sei eu

Estacionei o meu corpo cansado
e sonhei com o baloiçar do tempo
fui parar a um mar já navegado
bem calmo, sem muito vento.
Entrei numa metamorfose
o meu metabolismo é lento
nem mesmo a osteoporose
me vai tirar do desalento.
Já me sinto ultrapassada
mil lebres passaram por mim
a minha fraca cilindrada
deixou o meu corpo assim.
Digam o que quiserem
mas do meu tempo sei eu
façam o que fizerem
em mim, mando eu.
Já lá vai o tempo
em que eu era submissa
nunca entrei para um convento
mas aprendi a rezar uma missa.
Deixem-me estar sem remos
ao sabor da linda maré
enquanto vamos e viemos
o tempo fica tal como é.
Só meu.

Cristina Maria Afonso Ivens…

Saiba mais…

Que seria eu sem ti

Que seria eu sem ti

Senti perder-te por um momento
nunca me senti como tal
tão triste foi esse sentimento
que o vivi de forma tão igual.

Sei o quanto estavas agonizado
sofrido com a tua enfermidade
mas eu endoideci com o teu estado
que perdi toda a minha sanidade.

Mas foi breve o teu adormecer
abriste as janelas dos teus olhos
ao perto de mim eu te queria ver
com o teu sorriso cheio de folhos.

Descansei o meu coração
por ficares na minha vida
tantos anos de união
como ficaria eu, senão perdida.

Que seria eu sem ti
o lado esquerdo da cama vazio
um destino que nunca previ
perderes a vida por um fio.

Estás de volta na minha vida
fez-se luz, fez-se chama
em açúcar dissolvida
sorvo-te, na nossa cama.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte

Saiba mais…

Nobre rosa

Nobre rosa que coabitas
em meu lar, que belo enfeito,
descansas, ou meditas,
estará teu ar rarefeito?

Não é chuva nem é vento,
que tempestade virá,
diz-me qual é o tempo,
eu empurro o sol para cá.

De que padeces minha rosa,
não desfolhes o teu corpo,
me pareces tão chorosa,
será sede? nem um pouco.

Ergue-te minha petiz
com o teu caule e perfume
percorre todo o meu nariz

até ao cimo de um cume.

Há muito, muito tempo,
que eu não te via a chorar,
será de esgotamento ,
ou um simples desfolhar?

Não te dispas ainda,
que eu ficarei com saudade,
a primavera não finda,
e no verão já é tarde.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte

Saiba mais…

Um amor de verdade


Um amor de verdade

Com uma varinha de condão
eu gostava de fazer magia
rodopiava a minha mão
tornava a tristeza em alegria.

Virava anjo para poder voar
admirar castelos e poisar
uma princesa eu queria ser
com um príncipe sonhava casar.

Era um sonho tornado realidade
inspirado nos livros de poesia
vem dos tempos da minha mocidade
em que eu lia, relia e relia.

São mil contos, mil histórias gravadas
com léguas e léguas de comprimento
com as minhas lágrimas, jamais lavadas
ou esquecidas com o sofrimento.

Esse amor na vida encontrei
o meu sonho virou realidade
não é príncipe, nem é rei
é um homem de verdade.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte

Saiba mais…

HOJE É O DIA DO BEIJO

Dia do beijo

Como hoje é o dia do beijo
beijo-te sem permissão
com ou sem desejo
te beijo com emoção.

Não há nada mais lindo
nada mais encantador
que os teus olhos sorrindo
depois de um beijo de amor.

Sempre foi e será
os mais lindos dos afectos
dois lábios unidos
dois corpos tão perto.

É no beijo que fica
o gosto do amor
e o corpo lubrifica
de tanto calor.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte

Saiba mais…

Envelhecendo

Envelhecendo

O meu corpo envelheceu sem permissão
entrou no tempo, sem sequer bater à porta
não me abraçou, nem me quis dar a mão
agora sinto-me, velha, meia morta.

Vagueio triste, sem qualquer emoção
à procura do meu tempo perdido
perdi o andar, ausente de locomoção
coabito, em permanência comigo.

Um monólogo constante me enfarta
enfadonha, esta peça teatral
que me aborrece, dilui e me mata
queria ser o que eu era, tal e qual.

Levantava o mundo com as duas mãos
com grande arte e oficio
com a minha mente em comunhão
eu era apenas, fogo de artificio.

Cristina Ivens Duarte

Saiba mais…

Um filho imaginado


Um filho imaginado

Amas-me como se tivesse vida
abraças-me como um filho
em teu peito sinto guarida
dás-me todo o teu carinho.

Sinto o teu corpo macio
o teu cheiro a pó de talco
sinto na pele um vazio
se me esqueces no teu quarto.

Sou um peluche apenas
fazes de mim um bebé
durmo contigo a teu lado
ficas feliz, é ou não é?

Guarda-me eternamente
mesmo roto ou esfarrapado
que já fui o teu presente
o teu filho imaginado.

Cristina Ivens Duarte

Saiba mais…

Os meus olhos


Os meus olhos

São profundamente azuis os meus olhos castanhos
orbitas cristalinas nas quais viajamos
que nas profundezas mudam de cor
consoante a alma e a nossa dor.

São castanhos quando choro
são azuis quando tenho amor
são um espelho quando me molho
camaleões que mudam de cor.

Mudam ao som da minha vida
ficam azuis com uma balada
mudam de cor os meus olhos
cor de terra molhada.

É nas profundezas dos nossos olhos
nas cristalinas e corais
que se encontram os diamantes
legítimos como cristais.

São tesouros naufragados
nunca reclamados por ninguém
só a nossa alma sabe
a cor que a vida tem.

Cristina Ivens Duarte

Saiba mais…

Quando a vida só quer tempero

Quando a vida só quer tempero

Quando a vida só quer tempero
muita perícia e bastante domínio
na teoria com arte e zelo
não cais na rotina ou fascínio.

É ela que nos tempera e lubrifica
com especiarias e pouco sal
a nossa alma ela, nos purifica
em azeite amacia e não nos quer mal.

Bem vivida com legitimidade
confeitada com aroma a canela
é um convite à nossa intimidade
dá vontade de fazer amor com ela.

É tão simples degustar cada momento
se tudo for cozinhado em lume brando
é só deixar ferver em pouco tempo
e mexer docemente de vez em quando.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte

Saiba mais…

Cinzas

Venho chorar as despedidas,
visitar a tua linda cruz,
ao cemitério da minha vida,
no ar sou a tua luz.

Afogaste-te estupidamente,
na revolta e fúria do mar,
desapareceste assim de repente,
sem ter tempo sequer de te amar.

Sem ti não consigo viver,
quero seguir o teu rumo,
não sei como o conseguiste fazer,
com a ideia a ver se me acostumo.

Morrer sempre me assustou,
mas por ti perdia o medo,
o mar o teu corpo levou,
o meu levaria em segredo.

Se as sereias trouxessem o teu corpo,
de volta ao areal cinzento,
eu beijava o nosso amor morto
e metia-me pelo mar a dentro.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte

Saiba mais…

O beijo

O beijo

O beijo é dado devagarinho
a quem ama e gosta de amar
um beijo é mais que um carinho
de quem dá e gosta de lá ficar.

É como um bando de pardais à solta
sem rumo, nem hora para voltar
um encanto que deixa a cabeça tonta
de tantos passarinhos a voar.

Um dueto, dois nacos de carne
que se tocam numa braseira
assim que a fogueira arde
pode durar a noite inteira.

Manjar, sem talheres, nem guardanapo
limpa-se a boca, um ao outro sem pudor
deixa corpo com nódoas, feito farrapo
satisfeito, sem sequer fazer amor.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte

Saiba mais…

Hoje falta-me a inspiração
sinto-me oca, vazia por dentro
só queria um pequeno empurrão
nem que fosse dado pelo vento.

É musgo que me atrapalha
escorrega e me faz tropeçar
na mente tudo embaralha
é novelo por tricotar.

Caiem malhas pelas agulhas
deixa o tear esburacado
picam na mente como fagulhas
por um tempo indeterminado.

É por aí que tudo se escapa
e me deixa a cabeça sem ideias
sem memórias parece que mata
feridas com mil centopéias.

Insecto nojento que me repugna
inunda o meu pensar de pesticida
arrasta-me com ele e me afunda
faz de minha inspiração sua comida.

Preciso de me desinfestar
e fugir deste arvoredo
quero asas para poder voar
e libertar-me deste medo.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte

Saiba mais…

Diário intimo

Diário intimo


Em teu corpo faço um manuscrito
de palavras de amor a condizer
deixo o meu desejo circunscrito
encho a tua pele de prazer.

Alucino em teus chamamentos
que tremo com o teu esqueleto
vacilo com os teus movimentos
com guache de tom branco e preto.

Diário intimo com cheiro a rosas
caneta de penas e folha de pele
preencho as noites, com lindas prosas
até aos glúteos, feitos de papel..

Entretens-me com toda a glória
soando gritos de aleluia
para toda a vida, ficas na história
marcada em ti, esta luxúria.

Vestida em linhas, com frases de amor
serás sempre minha, confeitada por mim
em noites líricas de grande furor
sou o teu poeta, que te desnuda assim.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte.

Saiba mais…

Ali Babá

Ali Babá
Esperei por ti papá
para me contares uma história
queria ouvir Ali Babá
para me ficares na memória.

Eram três da madrugada
tomei o ultimo biberon
mudei a minha fralda
aconcheguei-me no edredon.

Porque não apareceste
eu já tinha tomado banhinho
nem sequer me adormeceste
nem me deste um beijinho.

Ainda tentei brincar
fingi que eu, eras tu
mas não sei como começar
sem aprender o : a, e, i, o ,u.

Aqui fiquei a soluçar
que ás tantas adormeci
nem se quer te ouvi chegar
do Ali Babá me esqueci.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte

Saiba mais…
CPP