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Sufoco

Terça-feira, 26 de Janeiro de 2016

Sufoco

Quanto sufoco cá dentro
trago tristezas guardadas
inalo rajadas de fumo
de tantas promessas quebradas.

Queria dizer por palavras
o que sinto no meu peito
tantas cinzas espalhadas
tanto ar rarefeito.

Tanto mau hálito espalhado
que as palavras se destoam
tanto sentimento amargurado
tantos corações me magoam.

Nada cheira bem em mim
nem bonita me pareço
fico perdida, estendida assim
que de respirar, até me esqueço.

Cristina Ivens Duarte

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Não é a casa que nos acolhe

Sexta-feira, 11 de Dezembro de 2015

Não é a casa que nos acolhe

Não é a casa que nos acolhe
é a ternura que nela paira
o fogão aceso em lume brando
o cheirinho a feijão branco
da panela de sopa a borbulhar.
É a campainha que toca
é o carteiro, o som do chuveiro
a musica a tocar e o telefone
a vibrar de mensagens de amor.
Não é a casa que nos acolhe
são os abraços, os sorrisos
o embaciar dos vidros, a lareira
acesa e o pão quentinho na mesa.
O que nos acolhe, é a sopinha
a açorda de coentros, o cheirinho
da cozinha com perfume a sentimentos.
É comer o arroz doce da panela
ainda morno e depenicar as
as partes tostadas.
Ouvir o estalar de cada trincadela
e preencher o coração de aroma
a canela.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte

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Charme

Charme

Brindei ao meu toque inconfundível
e deixo para trás o que me torna única
acessórios de mulher infalível
guardo o charme para tirar a minha túnica.

Teias costuradas enaltecem minhas pernas
pele aveludada sobressai em meu ser
passos de Cinderela em tons de cor de rosa
torno a meu quarto para o amor acontecer.

Torneada de encantos e cheiro a sabonete
subo a escadaria com um musical a champanhe
borbulha por mim a cima um estranho perfume
percorre em meu sangue um lindo falsete.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte

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Eu e tu

Eu e tu

Só tu e eu é que sabemos
a áurea que paira em nós
não falamos nem escrevemos
é um adorno que não tem voz.
Miminho aqui, miminho ali
toques doces e olhares fatais
é tão lírico que nunca vi
tanto encanto que quero mais.
Perco-me no tempo contigo
não sei se é dia ou noite
sujeito-me a qualquer castigo
só quero que o amor me açoite.
Bate-me com a tua vergonha
marca-me com teu batom
sufoca-me com a tua fronha
manchada de cor marrom.
Confunde-me, baralha-me
mistura-me bem as cores
por fim, embala-me
anestesia-me de todas as dores.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte

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Para os mais pequenos

Os golfinhos

Nas profundezas do mar
entre algas e corais
encontrei dois golfinhos
que brincavam com cristais.

Não eram jóias nem diamantes
era musica entre os dois
linguagem misteriosa
dentro dos seus corações.

Naquelas águas salgadas
aonde o amor dura mais
não é platónico é divino
são criaturas reais.

Treinados para brincar
fazem das ondas uma dança
grande bailes no oceano
alegram qualquer criança.

Amores assim só no mar
ilustram que a vida é bela
constroem frases de amor
fazem lembrar a Cinderela.

Cristina Duarte

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Ensinamentos


Ensinamentos

Vou-te ensinar a meditar
apagar teus sofrimentos
pores a alma no lugar
com alguns ensinamentos.

Encosta o teu ego ao meu
liberta o teu lado negativo
num vazio negro como breu
vais encontrar um motivo.

Na escuridão existe brilho
que nos inspira e dá razão
como um campo cheio de trigo
depois de colhido dá-nos o pão.

Há vai e vens nesta vida
que nos tira e torna a dar
mesmo que não sejas merecida
para alguém há-de sobrar.

Que seja para quem pecaste
uma forma de pedir perdão
é sinal que já amaste
noutra tua encarnação.

Fica o teu corpo liberto
purificado das maldições
lavado com os manifestos
infringidos pelas tuas acções.

Dá-te como rendida e em paz
vais encontrar a salvação
na meditação levita e jaz
sossega o teu coração.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte

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Cúmplices

Não me podes deixar agora
neste estado de embriaguez
no meu corpo marca a hora
do amor que a gente fez.

Noutra encarnação já te fitava
eras a minha cara metade
imaginava que te abraçava
para toda a eternidade.

Tens o nome da minha morada
Aurora Das Flores Jardim
aquela mulher que passava
na minha rua, eras para mim.

Não me deixes agora meu amor
minha cúmplice na troca de beijos
fica o meu corpo cravado de dor
contorcido de elevados desejos.

Derreto como cera quente
se me despedaças o coração
não dilaceres o meu ventre
quero agora a comunhão.

Comunhão de bens
quero-te toda para mim
todo o teu corpo que tens
com principio, meio e fim.

Cristina Maria Afonso ivens Duarte

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A mulher que eu mais amei


A mulher que eu mais amei

Almejei às estrelas e às searas germinadas
para levantar o corpo que se apagou
neste vale em sangue de espigas afiadas
choro em nome da mulher que mais me amou.

Aquela santa que se sacrificou pelo meu ser
jaz agora em mil lágrimas derramadas
aqui peço a ela para não me esquecer
de vir florir a minha alma devastada.

Entrei dentro dela de olhos fechados
fui o homem principal dos seus enredos
aninhei-me e deixei os seus órgãos apertados
que docemente me chamava de "Pedro."

Perdi a mulher, a luz dos meus olhos
fiquei sem as mãos para ler a minha sina
a saudade é tão grande, que vou fazer molhos
de searas em flor com o nome de "Cristina."

Cristina Ivens Duarte

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Amor de verão

Este amor com cheiro a maresia,

ainda nos vai fazer sofrer,

o inverno espreita a qualquer dia,

escuta bem o que o mar está a dizer.

O amor de verão é passageiro,

o calor trás o desejo ao de cima,

como se fosse um mensageiro,

a ler a nossa própria sina.

Tu vais partir para o Outono,

eu vou esperar pelo inverno,

agora tudo é belo e morno,

mas vais conhecer o inferno.

Tu és do sul, eu sou do norte,

vai ficar o amor em cada ponta,

vamos partir com a pouca sorte,

e a nossa alma vai ficar rota.

Vamos deixar vazar a maré

e levar o nosso destino com ela,

ficar o amor tal como ele é

e dizer-te simplesmente como és bela.

Cristina Ivens Duarte

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Virtudes

Virtudes

Aprendi com mestria
a deixar-me cortar
e voltar sempre inteira
com a alma no lugar.

Duas grandes virtudes
fixaram.-se com a idade
aprendi na juventude
educação e humildade.

Esta forma de estar
foi de quem me educou
vem do verbo amar
da minha avó e do meu avô.

Aprendi bem a lição
nunca me dei mal
a humildade está no coração
a educação tal e qual.

Estou bastante agradecida
com o que me foi transmitido
nesta bela forma de vida
têm-me sempre como amigo.

Cristina ivens Duarte

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O espirito do amor


O espírito do amor

Este vulto que me assombra e fecha os olhos
faz-me abraçar-te e cair em desejos
docemente encosto o meu peito contra o teu
é o meu espírito a cobrir-te de beijos.

És a ninfa, o nenúfar, o meu cúpido
que aqueces e aceleras o meu desejo
só tenho em mim a vontade de estar despido
com saudade em meu corpo, o teu revejo.

Pairam no ar duas almas seminuas
consumidas pelas chamas do prazer
labaredas e vultos de carnes cruas
neste fogo nenhum de nós há-de morrer.

Prometo que te sigo para sempre
e guardarei o nosso amor no coração
perdoa-me por eu ter morrido de repente
sem me despedir , nem sequer te ter dado a mão.

Cristina Ivens Duarte

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Amor encarnado

Amor encarnado


Amo-te à velocidade do som,
só para ir ter contigo, meu amado,
desconhecia este meu dom,
de tornar o nosso amor encarnado.

Espera por mim , tenho imensa dor,
semeei papoílas para não me perder,
sinto tanta saudade de ti, meu amor,
que até as flores começam a correr.

Embriagada com a gravidade,
começo a sorrir sem parar,
sinto no corpo uma vontade,
de pular e começar a voar.

Mas tenho-te a ti ,
no cume de um monte,
à espera de mim,
num pulo te encontro.

Cristina Ivens Duarte

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Ciúme doentio

Farejo o teu rosto à procura de alguém,

que tenha cheirado o nosso perfume,

tu és só meu e de mais ninguém,

a flor que adormece e acalma o meu ciúme.

.

Encosta-te a mim meu incênço puro,

gota a gota enches o meu olfato,

como a seiva de um figo maduro,

se perco o teu odor eu juro que me mato.

.

Não troques as voltas que demos na cama,

eu sei que tu gostas de dormir de conchinha,

abraçadinho à mulher que sabes que te ama

e que repetidamente tu dizes, " és minha".

Cristina Ivens Duarte

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Introspecção

Introspecção

Fecho os olhos em momentos líricos
escritos a carvão numa antiga sebenta
guardados na mente como discos rígidos
saboreio o meu corpo, como se fosse água benta.

Analiso cada gota, cada glóbulo vermelho
a minha meninice a ficar para trás
revejo no meu plasma, um grande espelho
as perdas de sangue, a amnésia que faz.

Esta mania da introspecção
dá-me uma vontade de folhear o passado
que às vezes deixo cair o ego no chão
como se o meu diário fosse assim tão pesado.

Recordo a sorrir, entre videiras e espinhos
todos os labirintos das minhas entranhas
sei de cor como um escanção de vinhos
todas as minhas artes, manias e manhas.

Cristina Ivens Duarte

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Comovente

Comovente

A tristeza de um olhar me comove
se se tratar de uma criança
dentro da minha alma chove
enquanto uns enchem a pança.

Eu só queria mudar o mundo
o lugar dos pequeninos
limpar o chão imundo
e tratar dos meus meninos.

Encostar à parede quem rouba
o futuro da nossa geração
que nem a inocência poupam
e as deixam com uma côdea na mão.

As crianças fazem-me chorar
quando a fome lhes comprime os olhos
estando no governo tudo a roubar
são parasitas, corruptos aos molhos.

Eu injectava uma dose que fosse letal
a todos os ladrões de sonhos infantis
construía um paraiso em Portugal
e ficava o meu coração mais feliz.

Cristina Ivens Duarte

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Os homens também choram

É claro que choro, tenho alma, sinto dor,

navego em mim, numa água com sabor a sal,

escondido para não me sentir inferior.

Soluços de aperto no peito, sou homem, sou mulher,

não importa, sou tudo o que eu quiser.

Só quero libertar-me da dor ou da felicidade,

mas há lágrimas, podem crer, também de saudade.

E de amor? Oh, nem queiram saber as vezes

que eu próprio me confundi com uma criança,

mas descobri que afinal ser homem,

é admitir e conseguir chorar,

chorar de esperança.

Cristina Ivens Duarte

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Desenfreados

Desenfreados

Partilhava este momento contigo
eternamente sem me cansar
mas o amor cantou-me ao ouvido
que eu tinha de te beijar.

Desorientei-me com o murmúrio
perdi-me na musica que tocava
como um colapso de álcool puro
beijei quem tanto eu amava.

O momento desconcertou-se
ficando a aguarela a meio termo
sem cor a pintura esqueceu-se
ficando na tela um esboço enfermo.

Mas no ar ficamos nós assolapados
sós com as tintas para esborratar
na pintura ficaram os pincéis adiados
nesta loucura desenfreada de amar.

Cristina Ivens Duarte

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Âncora

sexta-feira, 25 de março de 2016

Âncora

Ancoraste em mim como um paquete
sentia-me à deriva, sem vela, nem remo
na minha baía caíste como um foguete
e vi que o céu não era azul, era amarelo.

És a ancora do nosso amor
a maruja que encanta o meu cais
dei mil voltas em teu redor
e dava outras mil e muitas mais.

Atracaste na perfeição
foste feita para o meu corpo
no teu leme encosto a mão
e deixo o mar leve como morto.

Cristina Ivens Duarte
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Vazio

Este sentir que me deixa confuso, uns arrepios de doença sem nome, fazem de mim um ser obtuso, que não é adjéctivo nem pronome. De que será então do que padeço, que me atinge o corpo todo, do mundo inteiro eu me esqueço e me afundo lentamente no lodo. Aonde me agarro pergunto eu, se só vejo pedidos de socorro, já nem sei qual destes corpos é o meu, mas tenho a certeza que neste vazio sei que morro. Cristina Ivens Duarte
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CPP