Tenho  em sonhos  pesadelos

 De fatos há muito ocorridos

Na minha idade menor

De me sair mal nas provas

De brigas no recreio da escola

Onde sempre levo a pior

Dos castigos de minha mãe

Reprimendas de meu pai

De dormir e não acordar

De sonhar com fantasmas

Da morte cedo chegar

De não ter uma garota

A primeira a namorar

Por não merecer atenção

Seu olhar, sua entrega

Poder segurar sua mão

Tenho medo do presente

Apressado ao passar

Sem tempo, sem liberdade

De desfrutar os encantos

Que a vida tem para dar

Tenho medo do futuro

Que  é apenas ficção

Uma miragem que não chega

Uma angústia, uma aflição

Uma espera, mil demoras

Uma vida sem emoção

F J TÁVORA

Menina de  Traz os montes

Sou guardião de um segredo

Só a ti ouso contar

Fui enfeitiçado por uma fada

Que apiedou-se do meu penar

Tornou-me um condenado sem sentença

Meu único pecado foi te amar

F J TÁVORA

Deus Baco é meu companheiro

Ajuda o meu versejar

Se bebo  sou verdadeiro

Não dá pra dissimular

Mas com o político é diferente

É preciso investigar

Se o cara precisa  beber pra mentir

ou mente sem se embebedar

F J TÁVORA

Você mais que poeta

É uma feiticeira que borda

No manto negro da noite

Com o dourado das estrelas

Sob a égide da lua

Desenhos de linda formosura

Através de seus escritos

Expressando sentimento e dor

Os desacertos da vida

E os desencontros do  amor

F J TÁVORA

Tudo começou

Com uma troca de mensagens

depois de ler teus lindos versos

Um primor, uma obra de arte

Uma certa cumplicidade

Revelou-se em suas vontades

Sem resquícios de pudor

Com o destino a seu favor

O que parecia amizade

Apresentou novos contornos

E virou um caso de amor

Mas ele não te merece

Não é quem imaginas ser

É um romântico ingênuo

Um bardo de poucas letras

Um velho já sem idade

Sobrevivente da mocidade

Próximo da eternidade

O espectro de um fantasma

Deficiente em predicados

Desgastado pelo tempo

Com muitas carências na alma

A verdade verdadeira

É que embora muito te ame

É um engodo, uma farsa

Um Quasímodo sem Notre Dame

Não merece o teu apreço

A dedicação que emprestas

À  leitura de seus versos

Sua presença em tua vida

Não te trará alegria

Apenas te peço

Que não o abandones de todo

Não desdenhe de seu amor

O acolha nos teus versos

Mesmo que só em fantasias

Alimente os seus sonhos

E mitigue sua melancolia

F J TÁVORA

You invaded my heart without permission

You are always in my head

My life turned out to be a nightmare

 I am sure  I will never give up on you

I hope you won't give up on  me either

'Cause you are always in my dreams

I can't stand living without you

I am a slave of your willing

You never leave my thoughts

I keep on thinking and dreaming

I wanna be free as the wind

To get rid of the storm that hurts me

I wanna meet you face to face, no matter the place

"Cause your love  make  my heart glad

And the distance makes it ache

F  J TÁVORA

Sempre

Você invadiu meu coração sem permissão
Você está sempre na minha cabeça
Minha vida acabou sendo um pesadelo 
Tenho certeza de que nunca vou desistir de você
Espero que você não desista de mim também
Porque você está sempre nos meus sonhos
Eu não suporto viver sem você 
Eu sou um escravo de sua vontade
Você nunca deixa meus pensamentos 
Eu continuo pensando e sonhandor 
Eu quero ser livre como o vento
Para me livrar da tempestade que me machuca
Eu quero te encontrar cara a cara, não importa o lugar
"Porque seu amor alegra meu coração
E a distância faz doer  

F J TÁVORA

Ela  com sua meiguice e encanto

escolheu o entardecer

para  parar  o tempo

Foi o momento certo

para desobedecer aos deuses

Conseguiu com seu singelo gesto

Eternizar os segundos

Criados por eles

Para nos encarcerar

Pois no final das tardes

O céu assume cores mais bonitas

Que no raiar das madrugadas

e os amantes podem apreciar

com mais sofreguidão

a beleza da criação

 F J TÁVORA

Sob a abóboda de  uma luz prateada

Elevo meus  sentimentos até as estrelas

Miríade delas  se assemelham a furos

Feitos no manto negro da noite

Para permitir que o céu possa

Não só  proteger mas  também alumiar

Os sonhos dos amantes distantes

Aproximando suas almas

No imaginário  paraíso do amor

Em um ambiente aconchegante

O amor eleva  os amantes  até as estrelas

Fieis, solidárias, perenes

Imutáveis com seu luzidio diáfano

Cortejando a lua volúvel e mutante

Ora cheia, ora nova

Ora  crescente ora minguante

Ao contrário do amor sempre constante

Seguindo o exemplo das estrelas

Com elas  partilhando segredos

Iluminando os notívagos amantes

Com seu  brilho  fiel, perseverante

F  J TÁVORA

A vida é uma apoteose cósmica

Em que ocupamos posição destacada

De ilustres participantes

Prisioneiros do tempo

Nos  percalços de nossa jornada

De passagem fugaz como o relâmpago

Acordando com o gemido das noites

Interrompendo os sonhos

Sofrendo com os prantos da saudade

Das mentiras esquecidas

Das verdades sempre lembradas

Vagando em um universo  sem limites

Sem fronteiras, sem  porteiras

Sem cabresto sem direção

À mercê de um  destino perdido

Comandado pelos astros

Que sem a mínima consideração

Decidem nossos caminhos

Sem nos dar qualquer opção

F J TÁVORA

As pessoas quando avançam na idade

Depois de  longo caminhar

Às vezes param para descansar

Ou se apressam para não se atrasar

Outras se atrasam por muito esperar

Ficam para não sentir saudades

Ou seguem sem ter a certeza

Pra onde o caminho vai levar

Escrevem poesias para serem lembradas

Ou são esquecidas por nada legar

Se preparam para melhor morrer

Ou morrem sem dizer adeus

E na contra mão da razão

Pretendem ir quando a maioria fica

Ou  rezam pra ficar enquanto os outros  vão

F J TÁVORA

Estou só

Determinado a assim permanecer

Distante de meus semelhantes

Criados à imagem de um deus que não percebo

Busco a companhia de entes inanimados

Pergunto a quem não tem respostas a dar

Pouco importa se há vento ou calmaria

Luz ou escuridão

Observo o mundo ao meu derredor

Sou ilha isolada

Perdido nos confins do mundo

Tendo por companhia

O agonizar dos raios solares

 que no findar das tardes tingem  o céu

com as cores de um fogo infernal

A velhice em mim se apossando

Com a morte em meu encalço

A certeza menos desejada

Do findar dos tempos

Uma sombra que passa

Um breve sopro dos deuses

Que num átimo, sem aviso

Conclama a morte

A mercê de sua absoluta vontade

Determina que a chama se  apague

F J TÁVORA

Tenho estado a imaginar

que não mais  a mim pertenço

Sou  refém de tuas vontades

Que escravizaram o meu pensar

E aprisionaram meus sentimentos

Que bom seria  poder

Juntar  as nossas vidas

Dividir os mesmos desejos

Buscar o mesmo refúgio

Romper as mesmas barreiras

Não importando de que tipo sejam

Se motivadas por distâncias

Ou razões sem importância

Imperativos do destino

Que teimou em separar

Sem pudor os nossos caminhos

F J TÁVORA

Tinha o costume de chegar atrasado

A tudo que era importante na vida

A morte chegou-lhe desabrida

Muito apressada e na hora marcada

F J TÁVORA

Arroz com feijão

Garapa de limão

Feita com adoçante

Pode usar açúcar não

Frituras pode não

Faz mal ao coração

Aveia pode sim

Mas custa um dinheirão

Acho que a Nutróloga

É uma chata de plantão

Proíbe as coisas boas

Na pior conjuração

Com  a nova orientação

E as bondades que  virão

Todos vamos viver bem

mais que um Matusalém

F J Távora

Queria ser Teseu

Herói da   Grécia antiga

Que aniquilou Minotauro

Com coragem e ousadia

Ingressou nos labirintos

Reduto da besta fera

Confiante em defender a vida

Pra desposar sua   donzela

Levou consigo um novelo

De fios de sua Ariadne

Pra não perder-se nas trilhas

E voltar pra  liberdade

Hoje nos tempos modernos

A história dá outra guinada

Mesmo sem fio ou novelo

Vou conquistar minha amada

Enfrentarei as tormentas

Dos sete mares bravios

Farei das fraquezas força

Para fortalecer os meus brios

Haverei de resgata-la

Do enredo em que ingressou

Ficarei sempre ao seu lado

Desfrutando o nosso amor

F J TÁVORA

Meu olhar é fogo em chamas

Mendigando a posse de teu corpo em brasa

A expressar o arrebatamento que acontece

Entre os corpos e as almas de dois entes

Tolhidos por uma paixão que não arrefece

Flutuando  ao teu lado pelas nuvens

Não fugindo do universo de meus sentimentos

Recorro a resquícios da juventude ainda latente

Encurtando a distância que nos separa

Transformando sonhos em realidade

Preenchendo os vazios da alma e

Mitigando as carências do corpo

Externando sentimentos, anseios e desejos

Eternizando os segundos de nossas emoções

Compartilhando  prazeres insaciáveis

Em mútuo e consentido abandono

 Até o infinito de nossas  vontades

F J TÁVORA

Outro dia nasci

Com o tempo cresci

Depois envelheci

Não pedi para vir

Mesmo assim me trouxeram

Pra ser escravo do tempo

E de amores sofridos

Que aprisionaram meu existir

Que coisa chata é viver

Sabendo que vou morrer

E ainda há uma dúvida atroz

Quando isto vai acontecer

E depois, o que irá suceder

F  J TÁVORA

Nasceram um para o outro

Como o vento e a vela

Viajando ao longo da vida

Singrando mares bravios

Chorando suas tristezas

 Sorrindo suas alegrias

F J TÁVORA

 O futuro não existe

Senão  na imaginação das pessoas

 Não passa de uma miragem

Que nunca será alcançada

Quando chega vira presente

Mais um pouco já é passado

F J TÁVORA

Quando em sonho te encontrei

Foi como se desde sempre

Há muito te conhecesse

Bem antes do tempo existir

Imaginei-me apaixonado artesão

Que moldou, esculpiu, desenhou

Em bronze, mármore e tela

De forma fiel, indelével

Tua imagem em meu coração

Registrei em meu imaginar

O esplendor de tua alma

A meiguice de teu rosto

A pureza de teu corpo

A expressão do teu olhar

Sonhei  ter tua  companhia

Na solidão de meus silêncios

No gemido dos ventos uivantes

No tamborilar da chuva nas telhas

No marulhar das ondas errantes

Desde sempre a solidão me acompanha

Ao  longo do meu caminhar

Os sonhos nunca acordando

Com tua ausência ao meu lado

Assistindo inerme o tempo findar

F J TÁVORA