Posts de Gilmar Ferreira (25)

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É...

É feito uma vaga volumosa e envolvente
Que vai pouco a pouco nos aconchegando;
É feito um fogo em brasa rosa e ardente
Que vagarosamente vai nos queimando.

É semelhante a uma refrigerante brisa
Em dias calorosos de um estafante verão
Que percorre o rio, o riacho e o ribeirão
E, sem se perceber, do nada, se dissipa...

É algo que edifica e também agiganta
Ao mesmo tempo que machuca e corrói;
É algo que faz bem, porém também dói;
É semente que não se colhe: Se planta.

É igual ao Sal da Terra Santa e Divina
Que conserva o conteúdo e o sabor.
Sei que alguns podem chamar de Vida
Porém eu prefiro chamar de... Amor!


Gilmar Ferreira (25/07/2018)

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Soledade

Aqui, bem de cima deste mirante,
Fico a observar esta cidade.
A Lua está no estado minguante
E eu estou em eterna soledade.

Elevo a vista mais para adiante.
Vejo, lá longe, se indo a liberdade
Quando não vejo mais a minha amante
Criam asas minha felicidade.

Quando no céu uma estrela percebo
Com outras ligo pontos infinitos
Formando uma imagem feito pintura.

Não trago no peito uma pedra dura.
Sendo assim me desmancho igual mancebo.
Choro. Porém ninguém ouve os meus gritos.


Gilmar Ferreira

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Eu, Poema

Enquanto as árvores poetavam
Os gatos faziam jardins em luas
E nas noites de Lua cheia (ou vazia)
Os Homens faziam outros homens
(Ou mulheres) com outras mulheres.

Embaixo de uma pedra havia azul
E no canteiro celestial havia uma flor.
No céu do chão uma estrela nascia
Da forma como nascem as pereiras
E as romãs, as amoreiras e as maçãs.

Uma serpente feita de pedra e pó
Rasteja silente entre galhos cantantes
Deixando um rastro de cometa parido
Pelo caminho que tinha alma de janela.

Ondas levadas e brincalhonas vem
E vão em forma de balão ou cascata
Nas casas-matas, nas cercas-vivas, 
À meia-noite, à meia-luz, a meio metro,
Deixando um olhar de lenha ao fogão
Na imaginação do leitor assíduo e assaz.

Eu, Poema, poemo em tu.
Tu, Poema, poemas em mim.
E assim nós, Poemas, poetas,
poemamamos o verbo em si,
A verve poética,
A verborrágica
Escatológica
Hemorragia
Melancólica
Ira amorosa
Amor e rosa
Desde que seja
Verbo, verve
Nostálgica
Verborrágica.

Do barro sujo foi que nasceu o caramujo.
Dentro do jarro grego tinha um segredo.
Embaixo do lençol nebuloso, um sol,
Um universo de versos feitos, enfim,
Dentro do poema havia um pouco mais de.. mim!


(Gilmar Ferreira)

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Eternamente

Quando apareces, assim, do nada,
Trazes contigo a beleza das nativas,
Levas os lumes líricos da madrugada
Diversificando nas cores vivas.

Quando nos meus sonhos e devaneios
Tu surges, de repente, feito fada,
Com olhos estrelados, fartos seios
Sinto meu coração em disparada.

Quando para tuas plagas tu partes
Deixas-me em constante melancolia
Rasgo bandeiras, queimo estandartes
Rabisco os alfarrábios de poesia.

Se tu vieres e comigo não mais ficares
Como ficavas comigo antigamente 
Que leias este poema e aceites estas dicas 
Se não quiseres ficar sem mim...eternamente

Gilmar Ferreira (03/08/2018)

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Sozinho

 

Sinto-me uma parte da laranja,
Um pedaço de astro destacado
De outros astros, quem se arranja
De forma estranha do outro lado.


Sinto um parto de planta
Ao parir uma semente
Que cai entre pedregulhos,
Entre escórias e entulhos.

É uma dor inconveniente,
Dor de rocha, dor de pano, 
De vento varrendo oceano.
Sinto uma dor cor-de-gente.

Por vezes eu sinto um dente
Do dia que amanhece sorriso
De pente que penteia cometas;
De peixes em lubricidades com rios.

Pinto o silêncio com tintas 
De vidros transparentes
Para que a aparência do som permaneça
E cresça na mina
Da minha cabeça,
Nas cercas brancas
E nas verdes paredes 
Da minha mente que mente
E te vende uma verdade
Que foi mentira sempre.

Ria. Mas creia
Que a centelha acesa
Não cresce na mata
Nem em campo de batata
De quem nada semeia
Ou de quem lavra
E rastela castelos na areia.

Assim o poema já nasce torto
Assim o sistema já nasce morto
Um touro mocho no cerrado
Nos topos dos serrados do M
Na semântica manca do verso.

Sinto uma dor de parto de pedra
Nascida na serra, na terra preta
Das alamedas de abetos
Cobertas de teias
Das aranhas caranguejeiras
Fúlgidos flagelos
Das letras negras
Do meu alfabeto,
Das janelas abertas na capoeira.

Meu ventre se parte após o parto,
Após o infarto
E o que tenho 
É lume do lenho
Engendrado que é tema 
E mistura de amônio e de estrela,
De anjo e demônio,
De estela e esterco
Na natureza besta deste poema.
 
Gilmar Ferreira ( 03/08/2018)
 
 
 




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