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Liberdade

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Liberdade (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)

 

É voar,

Pousar em algum lugar.

Ver tudo do alto,

Nos lugares, não falto.

Pairo no calor,

Para mim, não é horror.

Vejo as cidades,

Cheias de calamidades.

Pessoas correndo,

Seres morrendo.

Sou calado,

Porém sou falado.

Poucos gostam de mim

Porque não como capim.

Não tenho casa,

Prefiro uma cova rasa,

Lá do alto vejo a carniça,

É banquete, não dá preguiça.

Com meus irmãos,

Banqueteamos aos montões.

Sou assim,

Para mim,

É liberdade,

Minha verdade.

           

 

 

 

 

Saiba mais…

Presente

Presente (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)

 

O Natal se aproxima.

Dona Maria anda pela calçada.

Com uma bolsa pendurada no ombro,

Lá deverá estar as moedas e as notas de cem.

Vai comprar os presentes para quem,

Da família, das amigas, dos filhos.

Olha a cada vitrina,

Como ainda se fosse uma menina.

Para e respira fundo,

Olha para cima e vê o mundo,

Cheio de arranha-céus, de pessoas andando,

Nem mesmo nota a sua presença.

Vê o vestido bordado,

Com o preço exagerado.

Sai da loja e entra no mercado.

Este não está muito parado.

Não gostou de nada,

Sai, porém, bem apressada.

Encanta-se com um lindo colar,

Que a nora vai amar.

Um lindo brinco na orelha,

Pensa na ceia, que será uma ovelha.

Compra e manda a moça, de presente, embrulhar.

Entra em uma loja de sapato,

Experimenta a melhor sandália.

Esta deve ter vindo da Itália,

Minha terra natal.

Adentra em uma loja de roupas,

Olha muitas.

Compra o que puder,

Pois já tem tantos,

Mas as sacolas lhe incomodam.

Sai dali,

Pará um táxi,

Vai embora,

Para chegar à hora,

De presentear à família,

Pois é Natal,

Nada mal.

 

 

           

 

Saiba mais…

Chiquinha

Chiquinha (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)

 

Como vai, Dona Mariinha?

Onde está a Chiquinha,

Que se veste de vestido de bolinha,

Andando muito apressadinha,

No ombro, uma linda bolsinha,

Contendo muitas balinhas...

Levando na mão uma florzinha,

Muito delicada, bem vermelhinha,

Para a Dona Martinha,

A sua grande amiguinha...

Ela está sentadinha,

Logo ali, na pracinha.

Está muito tristinha,

Porque não viu a amiguinha.

A amiguinha

Está um pouco doentinha.

Machucou o pé e não usa a botinha,

Dada de presente pela madrinha...

Hoje, ela não comeu a farofinha,

Com pedaços de carninha.

Está vendo a formiguinha,

Para ela, uma gracinha.

Vou chamá-la, agorinha,

Porque a outra amiguinha,

A Verinha,

Trouxe sua menininha,

Que é uma bonequinha,

Muito loirinha,

A Chiquinha

Será a madrinha.

 

 

 

           

 

Saiba mais…

Almoço

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Almoço (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)

 

Uma bicadinha aqui,

Outra ali.

Um pulinho para frente,

Outro pulinho para o lado

Na rua do Melado.

Levanta a cabecinha e olha

A sua volta vê pedrinhas,

Migalhas de pão.

Pequeno inseto

Passa voando sobre ele.

Na gramatura de dois eles

Vai curvando aos poucos

Para deixar o inseto louco.

As pedrinhas se misturam com areia,

Faz com que o pássaro dê volta e meia.

Uma formiga passa despercebida,

Instantaneamente foi comida.

Com duas bicadinhas,

Mastiga e a engole depressa.

Está com muita pressa,

Pois o dia está terminando.

De pulinhos olha a verde grama

Tem em mente a semana,

Está verdinha, muito verdinha,

Deverá ter mais bichinhos.

Meia voada e está acima da grama,

Poderia fazer dela a cama.

Olha e procura algo.

Não acha nada e voa.

 

 

           

 

 

Saiba mais…

Na onda do amor

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Na onda do amor (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)

 

Se recebeste de presente,

Qual seria a tua reação?

Ficarias feliz,

Revelaste o teu coração.

 

Sentirias o verdadeiro amor,

Presenteado por uma linda flor.

No peito, uma onda de amor,

Falaria com mais fulgor.

 

Não machucarás com os espinhos,

Que a vida trará.

Ficarás feliz,

Nesta onda do amor.

 

O coração palpitará,

Enquanto o amor durará.

Sentirás uma gota forte

Por toda vida, até a morte.

 

E quando os olhos  fecharem,

As promessas calarem.

Lembrarás da pequena lembrança,

Quando recebeste a rosa, ainda criança.

 

           

 

Saiba mais…

Presente

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Presente (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)

 

Lembra-te daquela rosa que ganhaste?

O tempo passou,

A vida acabou,

O sonho silenciou,

O mundo se transformou...

 

Lembra-te daquela rosa que ofereceste?

O tempo presenteou,

A vida se transformou,

O amor passou,

O beijo acabou...

 

Lembra-te daquela rosa que colheste?

O rosa murchou,

O tempo acabou,

A vida passou,

O sonho acordou...

 

Lembra-te daquela rosa que plantaste?

Ela morreu,

O tempo ficou,

A vida não passou,

O sonho acordou...

 

Lembra-te, pois, daquela rosa,

Que o tempo acabou,

Que a vida passou,

Que o amor morreu,

E o mundo esqueceu...

 

 

 

 

           

 

Saiba mais…

Chuva de agosto

 

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Chuva de agosto (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)

 

Chuva de agosto na terra,

Água caindo na serra.

Árvores secas

Balançadas até as folhetas.

O vento forte e frio

Lança névoa no rio.

Um pássaro pousa no galho

Querendo abreviar o atalho.

Quer uma nova semente,

Caída na terra por um instante.

O frio se espalha em toda parte,

Fazendo da natureza uma arte.

A nuvem negra

Transforma a paisagem da serra Negra.

O frio congelante e intenso

Faz das folhas um mar suspenso.

Não se vê o urubu voando,

Quanto mesmo o gavião plainando

Com os olhos da águia

Voando por sobre a praia.

O sol hoje não brilha,

Quer também descansar na trilha.

As águas caindo vagarosamente,

Flutuam por um instante.

Assim vai correndo o dia todo,

Para as delícias do Leopoldo,

Que corta a estrada da serra,

Para chegar à sua terra.

 

 

 

 

Saiba mais…

Vestido branco

Vestido branco (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)

 

Um sonho ao ver o vestido branco,

No corpo da amada.

Subindo o altar da igreja

Fazendo os convidados delirar de inveja.

 

Nas mãos pequenas e bem arrumadas,

Unhas grandes cobertas por esmalte.

Um buquê de rosas vermelhas,

O terço da Virgem Maria.

 

Entre olhares dos convidados,

A música soa bem forte.

A menina desperta do sono no colo da mãe,

Quer ir ao chão para ver a madrinha.

 

Duas crianças sobem apressadinhas,

Uma carregando um cesto de flor.

Outra, uma imagem de São José.

De passinhos, pé por pé.

 

Lá do alto do altar,

O padre espera impaciente.

Fotógrafos querem uma imagem ardente,

Pois a amada entra no portal principal.

 

Todos ficam de pé,

Uns querem ver primeiro.

A amada sobe feliz,

Sorrindo aos que ali estão.

 

Então o vestido branco,

Rasteja o chão todo enfeitado.

A ninfa viaja aos quatro cantos,

Porque o dia é o mais feliz.

 

 

Saiba mais…

Curvinha da estrada

Nesta curvinha da estrada,

Onde passa boi e também passa boiada.

Existe um lugar, debaixo da árvore,

Que sempre alguém se apavore.

 

Passando por ali, ouvindo uma canção,

Escuta um forte barulho, uma assombração.

Faz o homem correr,

Tremendo de medo, podendo até morrer.

 

A lenda diz que o escravo Manoel,

Que lia e escrevia em um papel.

Fugia da labuta todos os dias,

Para contar as suas alegrias.

 

Em um dia de sol forte,

Com vento soprando do Norte.

O capanga da fazenda do Padilha,

Escondeu no mato e fez a armadilha.

 

Pobre Manoel foi pego,

Levado para um rego.

Sofreu com todas as chicotadas,

Nos risos e piadas.

 

Morreu o pobre coitado,

Sendo enterrado, ali todo açoitado.

Sobre o corpo fraco e ensanguentado,

Seu escrito novo, todo amarrotado.

 

Quem ali passa escuta um gemido,

Das açoitadas levadas pelo fugitivo.

Belos versos são ouvidos,

Para amenizar os gemidos.

 

 

 José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras

Saiba mais…

Isaura

Na janela da casa,

A língua ardendo feito brasa.

Isaura olha para o lado

Esperando um novo “babado”.

Fala da roupa do João,

Que lhe disse um não.

Não a quis para namorada,

Quando a viu na “balada”.

Fala da Maria,

Sua tia.

Diz saber de tudo

E jamais ficar com o coração mudo.

Sempre quer fofocar,

E não espera a noite acabar.

Fala do padre,

E do convento, da madre.

Do pássaro que canta,

Tapa os ouvidos com uma manta.

Isaura é mesquinha,

Briga por causa de uma galinha

Que passou para seu quintal.

Da vizinha, fala muito mal.

O tempo vai passando,

As horas vão andando.

Isaura, na janela,

Não põe fogo na panela.

O jantar é altas horas,

Recheado de amoras.

 

José Carlos de Bom Sucesso

 

Saiba mais…

Sonho

É meia noite.

A última badalada soou no relógio.

Ouve-se o pequeno bramir.

A boca finge que sorri.

Olhos mexem de tal maneira,

Pois o sonho começa.

Viajar até Paris,

Comer o melhor prato francês.

Navegar sobre o Mediterrâneo,

Repousar na Grécia Antiga.

Estar nas touradas de Pamplona,

Sair correndo com medo do touro.

Esquiar nos Alpes

Querendo bisbilhotar o Everest.

Sobrevoar o safari,

Fazer pouso de emergência na cova dos leões.

Correr junto aos atletas africanos.

Cumprimentar o Mickey

Quem sabe ver o presidente dos Estados Unidos.

Tocar trompete mexicano.

Comer churrasco gaúcho,

Ao som de lindas melodias.

Atravessar a ponte Rio-Niterói, de bicicleta.

Pescar na lagoa Rodrigo de Freitas,

Quem sabe passear ao ar livre...

Abraçar o ídolo,

Ouvir a bela canção.

São duas horas sonhando

Lendo um belo livro.

O galo canta ao longe,

O caminhão buzina logo,

Então acorda e

Lembra que foi um sonho.

 

José Carlos de Bom Sucesso

 

Saiba mais…

A música

Os sinos anunciam as dezoito horas,

Conversando entre si.

Um badalo forte e outro badalo fraco.

No alto falante da igreja Matriz

Ouve-se o som do violino.

Notas graves e rastejantes,

Com bemóis e sustenidos.

A bela canção da “Ave Maria”

Transborda o som a todos os lados,

Desde a região norte até as extremidades.

Alguns transeuntes

Por um pequeno minuto,

Param, olham para cima

E saúdam a Virgem Maria.

Os pássaros voam até os ninhos,

Pombos pousam e escutam atentos.

O sol já se esconde no horizonte,

O vento frio sopra a nordeste.

O refrão ainda é mais lindo

Porque parece que o violino chora

As notas de uma a uma.

Já terminada a canção

Outros instrumentos repetem a melodia.

É fim de tarde

E o dia termina.

 

 

José Carlos de Bom Sucesso

 

Saiba mais…

As Cartas

 

Em uma folha toda bordada,

Cheia de pequenas flores

Nas várias cores.

Pintada na cor vermelha,

O nome do amado.

Recheada de muitos corações,

Flechados pela flecha do amor.

Diziam belos versos,

Em alguns erros da língua,

Trocando o “x” pelo “s”.

A letra meio trêmula,

Pois já era início da adolescência.

Falava muito em Ciência

Para tentar explicar o amor.

O nome do amado era escrito em letras maiúsculas,

Pois queria fixar bem a atenção.

Dizia em certos trechos,

Sempre “Eu te amo”.

Trocava a carícia de uma letra,

Sempre mencionando o coração.

A alma pura e serena,

Não sabia o que era o verdadeiro amor.

Cartas, aliás, as primeiras cartas de amor,

Na assinatura,

Uma marca dos lábios de batom.

 

 

José Carlos de Bom Sucesso

 

 

 

Saiba mais…

Brincando com o lápis

Domingo frio,

Ventos soprando do horizonte.

Na janela, ouvia-se um pequeno assobio.

Era o vento.

Deitado na cama,

Obducto em cobertores,

Vestido com um paletó.

Uma pequena mesinha no colo,

Uma folha de papel em branco.

O lápis médio, na madeira negra.

Com um pontinho,

E puxando para baixo,

Fiz a letra I.

De índio, de inteiro...

Puxei um pouco mais e fiz a letra P.

Pato, pátria, pai.

Pensei mais uma vez,

Fiz a letra R.

Romântico, Rei, Roma.

Experimentei colocar uma vogal.

Fiz uma palavra.

Então fiz mais uma palavra.

O sujeito precisa vir,

Também o predicado,

Quem sabe o objeto direto.

A vírgula queria aparecer,

Juntamente com o ponto, etc.

Fui fazendo isto bem lentamente.

Quando terminei,

Surgiu uma poesia.

 

José Carlos de Bpm Sucesso

 

Saiba mais…

Mariazinha

 

Mariazinha está à janela

Esperando o amor passar.

Passou o pedreiro que lhe disse:

- Onde está o seu amor?

Como a cabeça balançando, ela disse:

- Ele ainda não passou.

Um pouco depois passou o padeiro:

- O seu amor passou?

 - Não, ele ainda não chegou.

Peteou mais o cabelo,

Colocou uma fita branca e pensou:

- Quem é meu amor?

- Não tenho o meu amor,

Nem mesmo sei quem ele é.

- Será um poeta, nos lindos versos,

- Será o médico, nas noites de plantão.

- Será um bravo soldado,

Lutando nos campos de guerra.

- Será o fazendeiro,

Que regará as plantas,

Que trabalhará a terra...

O tempo foi passando,

As horas foram caminhando.

Um mês passou,

Um ano passou.

Dez anos passaram.

Mariazinha sempre à janela,

Esperando que o amor passasse ali.

Duas décadas passaram,

Enfim a vida passou.

Descobriu que quando o amor queria passar,

Ela sempre escolhia.

Escolheu tanto,

Que ficou escolhida.

José Carlos de Bom Sucesso

 

 

 

Saiba mais…

Chuva

 

O céu escurecendo aos poucos,

Tem uma sensação de calor.

Aos poucos o vento sopra bem suave.

As aves voam em círculos,

Principalmente o urubu, que plaina em lindo voo.

O sol se esconde por entre nuvens

Refletindo a pouca luz

Que são vistas como raios descendo do céu.

A grande nuvem negra suspensa no ar

Vai se transformando em cor mais clara.

Os primeiros pingos de chuva caem

Suavizando o mormaço ardente.

Um pingo aqui,

Outro pingo ali.

As aves buscam abrigo,

Nas imensas copas das árvores.

O menino corre desesperado

Procurando a casa paterna.

Um estrondo se ouve acima da cabeça

Parecendo um tiro de canhão.

O raio risca o céu ainda negro,

Fazendo estradas cheias de curvas.

O vento sopra mais forte

Tombando o pequeno pinheiro no jardim.

Como uma tina de água,

Os pingos se transformam mais volumosos.

O barulho da água caindo sobre os telhados.

As calhas se enchem e jogam para a rua

Descendo um pequeno riacho pela calçada

Que vai desaguar no pequeno córrego,

Lá no fundo da montanha.

 

José Carlos de Bom Sucesso

 

 

 

Saiba mais…

Boiada

A boiada passou,

O povo olhou.

O boi berrou.

À namorada, o namorado abraçou.

O tempo parou,

Quando o relógio da matriz soou

Meia noite, a hora do voo

Da coruja

Do morcego,

Da barata,

Do pássaro perdido.

O fogo acendeu.

A brasa queimou

A lenha que estava no pátio.

O homem jogou água,

Que estava na lata.

Veio mais um homem,

Com outra lata,

Apagou o fogo.

Para quem estava vendo

Ficou decepcionado.

 

José Carlos de Bom Sucesso

 

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CPP