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Flor do ipê

 

O sol escaldante desce.

Nem mesmo ninguém merece

Ver a linda flor de ipê.

Pouca pessoa a vê.

 

A menina atirada

Querendo chegar à juventude sarada.

Olha para cima e vê

A linda flor de ipê.

 

Os olhos brilham apressados,

Na mente, ressoam os passados,

Do primeiro beijo nascente

Daquela linda tarde errante.

 

As mãos trêmulas e pequenas

Deslizando sobre as pernas

Do amado, da paixão,

Que afetou o coração.

 

A flor cai no rosto dos dois amantes

Sendo a vitória de poucos estreantes.

O calor corre corpo à fora

Pois ainda não chegou a hora.

 

De beijar e ser beijada

Pela garota sarada.

O corpo grita e estremece

Pois a alma do prazer amolece.

 

 José Carlos de Bom Sucesso

Saiba mais…

Montanha

 

No alto da montanha

Tem árvore,

Tem castelo,

Tem flor,

Tem passarinho,

Tem cobra venenosa,

Tem alma bondosa.

No alto da serra

Ainda não tem guerra,

Nem moleza.

Tem esperteza

E carinho da natureza.

Na beira do rio

Tem areia,

Tem pedra,

Tem água doce e sadia.

Tem sombra para esconder do dia.

No auge da vida

Tem dinheiro,

Tem prestígio,

Tem litígio,

Tem festa e bebedeira

Para dizer que tudo isto é besteira.

No finalizar dos sonhos,

Acabam-se as esperanças

Voltará a ser como crianças,

Fim dos fins.

 

 

José Carlos de Bom Sucesso

Saiba mais…

Recordação

 

Diz o destino que um dia

Alguém recordaria

De algo do passado

Mesmo estando atrasado.

 

São os belos momentos

Da vida, que passam como os ventos.

Recordações do passado vivido

Mesmo sendo ele sofrido.

 

Uma canção

Que tocou o coração.

Uma frase de duas linhas

Que se lia em poucas palavrinhas.

 

Quando o coração batia forte

Estremecia a alma e dizia estar com sorte.

Um pequeno abraço, bem apertado,

Pois o amor está libertado.

 

Assim pensa o dia

Que se corre na veia e se podia

Dizer o quanto o amor é forte

Sabendo que ainda chegou a morte.

 

José Carlos de Bom Sucesso

 

 

 

Saiba mais…

Escuridão

 

Tolda-se a luz do dia

Em pequenos passos, alguém ali caminha.

Não é um fantasma na noite escura,

Nem mesmo o guardião da praça.

De reduzido porte, no chão cai,

Uma pequena bulha se ouve.

Muito fraco é o som, pouco perceptível.

Cai uma pequena folha da árvore,

Quase que invisível aos olhos humanos.

Se fosse grande, arruinaria o caminhante,

Que atento desvia o olhar para cima.

Cai, muito mansa, muito devagar.

Às vezes o ar a segura firmemente

Para não espedaçar de uma só vez.

Age como se fosse um simples freio

Ou o arrasto da corrente descendente.

Segura o máximo que puder e,

Desviando para um lado e para o outro lado,

Cai lentamente no chão úmido

Ali preparado para recebê-la,

Tão frágil, tão insignificante,

Que no auge da vida

Grassou o mais lindo verde:

O da esperança e o do descanso.

O caminhante se dá conta

Que um pequeno viver ali desapareceu.

Recorda das fadigas do dia

E simplesmente pensa:

Por quê?

A bela e bonita folha verde,

Muito vista nos dias passados.

Não tem mais vida,

Nem mesmo um pássaro nela abrigou.

Acabou, morreu, foi para o chão.

Não mais existe, assim como a vida não existirá no futuro.

 

 

José Carlos de Bom Sucesso

 

Saiba mais…

Chorar

 

Por quê chorar?

Chorar o minuto que passou

E não deu tempo para fazer o bem.

Chorar o passado

Lembrando que está no presente.

Chorar para dizer um simples sim

Que foi perdido no tempo e no espaço.

Chorar por não acreditar em você mesmo

Sabendo que o mundo está tão perto de você.

Chorar por aquela longa estrada

Onde levou a sua matéria e não mais volta.

Dizer o não lhe custou muito,

Pois feriu os sentimentos recebidos em dádiva,

Feriu a bela e próspera imagem do passado,

Que refletirá no futuro e nem sempre estava dentro dos planos.

Chorar o não que ainda passou,

Permanecendo nos erros e nas poucas ideias

Onde a vida lhe deixou.

Chorar, sim, chorar, não.

Pensar que vai chorar

Pelo amor fraterno e pela paz.

Chorar o belo, mesmo que seja feio.

Enfim, chorar, a arte de chorar,

Está dentro de cada um,

No íntimo, no externo.

 

 

José Carlos de Bom Sucesso

 

 

Saiba mais…

Menia bailarina

 

Baila, baila, menina.

Em teus sonhos, ser bailarina.

Um passo para a esquerda

Com cuidado, chora a perda.

 

Sobre a ponta dos pés

Um, dois, três, passos ao viés.

Corre para a direita

Como se fosse em rua estreita.

 

As mãos balançam constante

De acordo com a música alucinante.

Em gestos típicos e singelos

Geometricamente, em paralelos.

 

Em teu sonho de bailar

Viajas no tempo a dilatar.

Pensas ser gente grande e talentosa

Dançando a música amorosa.

 

Lembrarás neste momento primário

As roupas no armário.

Serás a rainha dançarina,

Serás a eterna bailarina.

 

 

José Carlos de Bom Sucesso

 

 

Saiba mais…

Debaixo da árvore

 
Naquele lindo lugar,
Debaixo da árvore, no luar.
Vi a sua pessoa
Mesmo estando na vida atoa.
 
Os lábios diziam alguma palavra
Como ouro, na lavra.
O olhar era fito
Ainda na era do mito.
 
Aproximando-se, com aperto de mão
Sacudiu por dentro o coração.
As palavras eram suaves e leves
Iguais a plumas de neves.
 
O balanço do corpo ardente
Virava nuvem no olhar poente.
Estremecia o batimento do coração
Cantada na mais linda canção.
 
Um balançar da cabeça, um oi
Sumindo na luz fria que se foi
Não mais vejo o rosto ardente
Que por um momento, me deixou contente.
 
 
Acadêmico José Carlos de Bom Sucesso - ALL
Saiba mais…

A dança do casal

 

A bateria rufava os tambores

Pareciam horrores.

O teclado espumava os sons

Sendo daqueles, os bons.

 

Na pista, um casal franzino,

Deveria ser da família Rufino.

Ele, alto, vistoso, amoroso.

Olhava fito ao par, bastante prazeroso.

 

Mesas ao lado direito,

Outros casais olhavam bem estreito.

Queriam dançar, queriam brincar,

No salão a valsar.

 

A cada passo maluco

Tinha até um turco.

Falando ao ouvido, bem baixinho,

Afagando o seu gatinho.

 

Ele a fitava no olhar,

Dizia algo ao bailar.

O som era mais forte

Vindo do lado norte.

 

Ela lhe dizia alguma coisa

Olhando firmemente para a lousa,

Escrito estava,

Que ele a amava.

 

Um, dois, três e o quarto passos

Viriam terminar nos braços.

Não sei quem, mais alguém lá fora

Dizia para ela ir embora.

 

Ele, ainda mudo,

Ali, com o amor perdido.

Sentou-se na calçada, ao lado.

Permanecendo ali, calado.

 

José Carlos de Bom Sucesso

 

Saiba mais…

Inverno

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Quando o ipê roxo floresce

Abrindo suas lindas flores.

Abelhas serenam sobre elas

Voando e trombando entre si.

Um descuidado beija-flor

Abre as asas no galho superior.

Não se importa com quem o vê.

Bate suas lindas e frágeis asas.

Uma mosca voa rapidamente,

Sendo perseguida por um pequeno pássaro.

Esconde entre as lindas flores roxas.

O vento sopra suavemente

Fazendo com que algumas flores menos novas

Despencarem do alto da copa.

Vão na direção do chão frio

Transformando-se em um vasto tapete roxo.

O caboclo olha para cima

Lembra que o inverno está próximo.

É hora do agasalho, é hora de se recolher.

 

Acadêmico José Carlos de Bom Sucesso - ALL

 

 

 

 

Saiba mais…

Somos poucos

Somos muitos,

Mas poucos.

Conhecemos a história

Dos líderes, dos mártires e dos poetas.

Castro Alves em lindos versos,

Chama atenção à liberdade

De expressar a eterna saudade.

Drummond não mais voltará à Itabira,

A Vale comprou tudo.

Noel Rosa sempre olhando a Estrela Dalva

Despontando a cada noite no céu,

Traz a magia dos bons tempos do carnaval.

Encantamos casais,

Não somos encantados.

Publicamos livros para poucos,

Pois os meios de comunicação não nos conhecem.

A mídia é para poucos

Que descarregam dinheiro em propagandas

Nos jornais, nas revistas.

O pobre poeta solitário

Encanta a lua com os versos,

Pobre em palavras, porém ricos em sabedoria.

Somos o mundo que se curva aos pés

Do cronista que fala do dia a dia,

Do compositor, em sua nova canção.

Somos fracos diante dos opressores,

Que possuem fortunas.

Somos também fortes sobre eles,

Pois temos a arte de juntar as palavras,

De fazer alguém feliz.

Ver o marido dizer um dos versos,

Que horas ficaram presos entre as palavras.

Somos fortes ao ver e receber críticas

De quem não conhece,

De quem nos prestigia.

Somos abençoados por Deus

Em dizer o amor em versos,

Em falar da natureza em prosa,

De fazer uma criança sorrir, com um conto.

De estremecer de medo o morador perto do cemitério.

Somos muitos, somos poucos prestigiados,

Somos o princípio da luz

Vinda do sol, da lua, da galáxia.

Somos a vida a cada fio

De lembrança, de memória.

Um dia seremos eternizados,

Com uma simples manchete de jornal:

Somos.

 

José Carlos de Bom Sucesso

 

 

Saiba mais…

Digital

Não sei brincar

Nem mesmo correr.

Não vejo a natureza,

Mas a vejo na tela

Do Smartfone,

No último modelo de celular.

À frente do notebook

Nos vídeos do youtube.

Em casa ninguém fala comigo,

Se fala, é através de WhatsApp,

De mensagens, de e-mails.

Tenho notícias a todo o instante.

Vejo os amigos ao vivo,

Estão no Japão, na França, perto de casa.

Minhas aulas são digitais.

O computador faz tudo o que quero.

Queria ser humano,

Porém sou robotizado.

Meu mundo é a base zero e um.

Um dia explodo,

Serei marginal

Na era digital.

Invadirei sistemas,

Matarei pessoas, no aeroporto.

Casarei com uma máquina,

A mais linda de todas.

Terei os robozinhos,

Que serão os meus filhinhos.

Viverão mais robotizados,

Porque estou na era digital

Onde todos são o mal.

 

 

José Carlos de Bom Sucesso

 

 

Saiba mais…

Por onde anda

O tempo passou

A vida parou.

Aquela linda menina

De apelido Nina.

Cresceu com os sonhos legais

Em ser estrelas nos jornais.

Correu mundo afora

Por uma notícia sem demora.

Conheceu pessoas importantes

De ideias distantes.

Amou um indiano

Que era tocador de piano.

Casou-se com um sul-africano

Brasileiro emprestado, atleticano.

De seu ventre nasceu Camila Fontes

Menina de ouro dos Pontes.

Cresceu solitária.

Acabou sendo empresária.

Casou-se com um americano

Que só o vê uma vez por ano.

Ama as letras do poeta

Com os versos que a liberta

Do mal pensamento,

Seu tormento.

Por onde anda a menina

Conhecida por Nina?

 

José Carlos de Bom Sucesso

 

 

Saiba mais…

Perdi o meu escrito

 

Procurei por todo lugar,

Nas folhas dos livros,

Até mesmo perto da revista.

Onde estaria o meu escrito?

Parece que se foi

Como uma folha a velejar pelo vento.

Nem sequer me deu notícias.

Foi consigo a minha ideia

De escrever algo diferente.

Não sei ao certo o que seria.

Poderia ser um conto,

Daqueles muito loucos,

De algo do além

Nem mesmo sei bem.

Uma estória, que se foi com tempo.

A crônica perfeita para o dia

Que falaria de aventuras,

Onde o passado viria à tona.

Um pequeno poema,

Uma rima à parte,

Onde o tempo foi com ela.

Viajou pela lua,

A musa dos poetas,

Do professor, que debruça nos livros

Buscando uma nova ideia.

Foi para sempre,

Perdi, não sei onde encontrar.

Assim foi o meu escrito.

 

José Carlos de Bom Sucesso

Saiba mais…

Fuga do poeta

Para onde ele foi?

Não mais escreve,

Nem mesmo diz algo.

Mudou para o interior,

Do Estado de Minas Gerais.

Mudou de profissão

E foi ser professor.

É pós-doutorado em amor,

Tem mestrado em saudade.

Foi doutor na arte de escrever

Para a amada, para alguém

Que lhe encomendou o poema.

Trata dos alunos como se fossem os poemas

Escritos em horas de angústia e pesadelos.

Reescreve várias vezes o mesmo verso.

Sempre encontrando uma nova rima.

Não é sociável e sempre está de cabeça baixa

Pensando em mais uma linha

Da vida, da morte, do amor, da esperança.

O poeta sumiu, mas os versos não.

A arte de escrever não foi embora consigo.

Ficou para um novo poeta

Que debruçará sobre o caderno,

Amassado pelo tempo.

É e será um poeta aposentado,

Tirará algumas férias,

Mas será sempre o poeta.

 

José Carlos de Bom Sucesso

 

Saiba mais…

Vamos dançar

A mais linda canção

Uma que toca o coração.

Poderá ser uma romântica

Quem dará uma dica.

Um bolero ao som da orquestra

Britânica, russa, quem sabe a brasileira.

Um belo tango argentino

Talvez um rock da pesada.

A música brasileira

Romântica,

Lenta,

Suave.

Um forte abraço, um beijo,

Uma noite de amor

Ao som da mais linda canção,

Aquela que veio de dentro do coração.

Vamos dançar um bolero

Mais lindo que samba,

Vamos remexer a estrutura,

Lembrar que um dia dançamos

A mais e bela canção,

Vamos, logo, dançar...

 

José Carlos de Bom Sucesso

Saiba mais…

O amor mora

 

Dentro de um coração

Alegre por ver a pessoa amada.

No sorriso ao ser chamada “meu bem”,

Na garganta em dizer eu te amo.

 

Na vida a dois

Sempre um dizendo que ama

O sorriso, a voz, o calor

Do beijo, na boca úmida e delicada.

 

Mora no peito em chamas de paixão

No cheiro do corpo ardente

Frio, calafrio e incerteza

Mora em mim, em ti.

 

Onde tem endereço fixo

Não tem nome de rua

Nem mesmo de bairro,

Tão menos cidade.

 

Mora ali, aqui, acolá.

O endereço é um sorriso

O bairro é um olhar profundo

O número é o coração.

 

 

José Carlos de Bom Sucesso

Saiba mais…

Pensando bem

 

Quem

Vem

Do além,

Sem

Ninguém,

Talvez cem.

Número bem

Maior que vem:

De trem.

Não sabe quem

Criou a estória do bem,

Com medo do mal que tem.

Arruinando a vida de sem

Amor, paixão, coração em

Compartilhar dos cem

Um segredo que vem

Do tempo passado com alguém

Amou e desamou também.

 

José Carlos de Bom Sucesso

 

Saiba mais…

Procura-se

Um amor que nunca amou,

Nem mesmo disse uma palavra de carinho.

Um amor que fala consigo mesmo,

Nas noites frias e tenebrosas.

Um amor que já sofreu, sem mesmo ser conhecido.

Que falou alguma palavra do próprio amor.

Nem mesmo sabe o segredo e a maneira de amar.

Um possível elo de união entre o verdadeiro e o sombrio.

Um amor que ficou na saudade

De um tempo que passou,

Bem longe, muito longe da realidade.

Um amor que jamais sonhou com a atualidade.

Por onde anda este amor.

Está perto de alguém, está em algum lugar.

Então, procura-se por este amor.

 

José Carlos de Bom Sucesso

 

 

Saiba mais…

Cartas de amor

 

São pequenas linhas

Talvez sejam minhas.

Pequenas cartas de amor

Que o tempo não apagou.

Meio amarrotadas,

Mal escritas, borradas à caneta.

Diziam o sentimento à amada.

Ficaria ela calada.

Admirada...

Não sabia que eram escritas

Nem mesmo sabia quem era o admirador.

Trêmulo, quando a via,

Lembrando-me que ela descobriria

Os pequenos versos de amor.

“Querida, como gostaria de ser o teu amado,

Mergulhar no mar de teu amor,

Lambuzar os lábios, nos teus beijos,

Ficar-me apertado em teus braços”.

Velhas e amarrotadas cartas,

Que a ela não chegaram.

Revendo, hoje, com o passar do tempo,

Lembrei-me do amor,

Nascido com um pequeno sorriso,

Mas ela não sabia.

Entristecido, no canto, eu a admirava,

Mas todo o amor passou,

No último dia de escola.

Para mim, ela me disse:

Vou-me casar com o fulano.

                     

                                                                                                                                José Carlos de Bom Sucesso

Saiba mais…
CPP