DOCE SETEMBRO CHEGOU! UM CANTO DE LOUVOR!...
Chega Setembro doce e frutado
Nos campos, estorninhos e pardais
Disputam uvas e figos com os humanos!
Respigam grãos das ceifas
De trigos, aveias e do moreno centeio.
Mês da perfeição para todos na refeição abundante!
Da fruta escorrem sucos de mel!
É bebedeira de aromas e cores!
Happy Hour da Criação!
É a festa das colheitas de Animais e Homens!
Todos festejam o delírio da abundância!
Festa do mosquito da fruta à mosca do gado!
Do esquilo à formiga! Grilos andorinhas lagartos
Não esquecendo as aranhas tecedeiras,
Bailarinas incansáveis das flores
Às árvores, dos vasos às vassouras do jardim!
Tudo para elas é salão de festa e de trabalho!
Delírio da abundância!
O doce Setembro, por todos absorvido!
Ido o estioso Agosto, tímidas,
As flores dos canteiros, as plantinhas da horta
Sacodem a poeira dos ventos secos
Absorvendo as humidades das noites
Carregadas de lua e estrelas...
Doce e frutado Setembro chegou…
Outros ritmos nos ares.
Destronando as cigarras de seus poisos,
Perturbando mochos e morcegos recolhidos
Nas alfarrobeiras, esconderijo
De mouras e príncipes encantados…
É chegada a hora das amêndoas e alfarrobas!
Canas longas varejam as árvores.
Caem folhas caem paus,
Cai a descamisada amêndoa
Sequiosa de ser libertada…
Na poeira seca, na sombra frondosa e fresca
De figueiras e alfarrobeiras ensaca-se a colheita.
Sacas pardas, como parda a terra seca
Esbatido e cansado verde amêndoa,
Secos coloridos, duma natureza que diz:
“Estou cansada! Deixem-me dormir a sesta!”
Os figos roxos ou verdes esmaecidos,
- Pequenos odres de mel! -
Disputados aos pardais e às formigas,
Já meio-secos apanhados, às açoteias içados,
Em seiras de palma, ao Sol acabarão de secar.
No cheiro acre da terra empoeirada,
Caem grossas gotas de suor Humano,
Sob o olhar doce e compassivo dos Animais.
Burros, cães, gatos, algumas galinhas,
Por entre bicadas na terra grosseira
Vão parando, olhando os Humanos.
Olhar indolente mas carregado de compaixão.
- Desconhecem o que foi dito por Alguém,
Séculos atrás, sobre semear recolher e fiar,
Que nada lhes faltaria e que sempre ricos e belos seriam... -
E olhavam as cascas velhas e secas…
Velha roupagem despida de alfarrobas e amêndoas.
Despojos!
Acredito que, na sabedoria cósmica, esses seres,
De almas semelhantes à nossa. – Inexistente? -
Possuem em si a resposta filosófica do que é Viver…
Sem o duro penar pelo sustento, da humana vivência.
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Filósofo e frutado Setembro chegou!
Doce e perfumado Setembro de tanta colheita...
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Estranho e Amado Setembro!
Num lado do Globo, Renasces em Primavera
No outro, Recolhes-te...Outonalmente
Amado Setembro!
Chantal Fournet
4 Setembro 2016
Portugal