A CRIANÇA
Era uma noite de muitas estrelas no céu,
Noite clara de dezembro,
Lua alta e quase transparente.
Um vento leve soprava vindo de setembro
Trazendo um aroma de primavera no ar.
A casa era pequena,
Poucas paredes separavam as pessoas
Do mundo exterior.
Sempre havia uma panela no fogão de lenha
E nela todos podiam se servir.
Era pintada na cor do tempo
Para que o tempo não se notasse passar.
Era o que se podia chamar de lar.
Um homem e uma mulher de risos fáceis
Pisavam descalços no seu chão,
Contavam a quem viesse visitar
Ter construído a casa
Com as próprias mãos.
A mulher cozia
Juntando pedaços de tecido
Criando vestes
Que se transformavam em aquarela
Ao cobrir seus corpos.
Enquanto isso,
O homem e seu capricho
Colhia flores no quintal.
E qualquer coisa lhe servia
Pois assim sabia,
Agradecer é mais do que ter.
Quantos anos se passaram...
O homem e a mulher se amaram,
Como a toda gente amaram também.
Assim seguiram-se os dias,
Em completa sintonia com a vida,
Regados de alegria e amor.
Mas seus corações questionavam
Se nada lhes faltava.
Certa noite,
Sob o olhar sereno
De uma única estrela no céu
Aquela criança nasceu.
E desse dia
O mundo jamais esqueceu.
Mário Sérgio de Souza Andrade – 29/12/2017