Detalhe...
Se uma ilusão
de acordes de amores,
de doçura
e de prazer indizíveis
me tomasse
acariciasse
e me fascinasse...
Dor, rasgando coração
não seria de vazios...
Marisa Costa
(*) Imagem: Google
Detalhe...
Se uma ilusão
de acordes de amores,
de doçura
e de prazer indizíveis
me tomasse
acariciasse
e me fascinasse...
Dor, rasgando coração
não seria de vazios...
Marisa Costa
(*) Imagem: Google
"A vida dura menos que um poema" (Damário Dacruz)
Chuvas passadas são nada ...
Vento por onde andou, ondeou.
Se solitário, fez tudo virar poesia
só pra de amor e de charme e de prazer
acariciar meu devanear...
Queimou,
dilacerou inquietudes.
Num riso mais inocente
amor mo trouxe...
E eu, cálida, timidamente nua,
mesmo que tudo se desmanchasse na areia
no seu refluxo me deliciei...
Quando dona fui dum olhar que não envelhece,
de mãos quentes com um impaciente sangue
onde dores de chuvas passadas são nada...
Viver já não dói.
Marisa Costa
Imagem: Google
Ais...
Ao sul de nenhum norte, uma tarde...
Quietinha pensando na vida,
corpo arrepia, coração acelera, boca seca
quando, de repente, um braço quente
ousa me fazer sonhar penhascos.
Um segundo, o tempo para.
De convulsões emocionais possuída,
rio corre dentro de mim – sou flor cercada por raios.
Divertida, penso: "carinhos, se quiseres, te darei"...
Mais tardes noites assim e,
de embriaguez crepuscular, fartar-me-ia...
Pecado não é querer que seu perfume intensifique o amor.
Que seja eterna a fantasia que gruda no corpo
À loucura que o possui quando carinho,
qual preces de amor,
fá-lo queimar no ais do querer bem.
Marisa Costa
(*) Imagem: Google
Arroubos...
Ah, abusado coração,
tempo inteiro me desnudando
liguei não, se nunca fostes meu
dos teus arroubos, refém do teu ego fui...
Com os mais lindos sonhos me atiçavas...
Fascinada, me apaixonei pela vida, rolei, ralei por aí.
Se da taça bebia o sentido real do amor,
à mercê do fogo das paixões eternas, divino eras...
E quando nada mais restava – noites da consciência apagada –
era triste, era bom, quando me fazias acreditar:
Amor é tempestade.
Vive e morre. Adormece e sonha. Faz e refaz.
Ressuscita e morre...
Esperenciar-te, confesso: "ninguém foi tão perfeito"!
O prazer que me destes, as loucuras de amor...
Em troca, oscilar ao sabor de romance
são a única vida que importa.
Marisa Costa
Abstrato duma Nostalgia
Azul duma borboleta encharcada
enclausurada na teia de orvalho,
extirpados-lhes os devaneios
tem a dor do viver...
Fria entre os tons mais frios
rasgo de ausências era
vez que estado de vazio que apavora o ego
Fazia o mar estremecer, olhos do vento esbugalhar...
Prisioneira, da taça bebia sozinha
abstrato duma nostalgia estúpida,
Arder num arsenal de misérias mister era-lhe.
Bastaria às trevas abismasse
e pisar no coração das agruras ia,
vazio dos olhos do amor acordar.
Marisa Costa
(*) Imagem: Google
Algo respiração...
A pele desconhecida na garganta
o toque expelindo instantes inebriantes
sonhos nas pontas dos dedos nascendo...
Àquele poema,
algo respiração,
confiei a vida...
Overdose de versos, de estrofes falsas?
Um peso nos olhos?
Vazio nas mãos?
Se aqueceu-me o sonhar da penas
despertou-me todos os cantos do amor...
Inda que trespassada por um milhão de flexas,
ah, quão feliz me fez!
Pecados meus!
Quando teu império de amor me entregavas,
então eu fechava os olhos só para haver noite e ,
o cheiro de amor intoxicar nossos corpos
no bosque do amor infatigável perfume incendiava noites terrestres,
éramos muito mais amantes, tudo e ninguém!
Ah, fogo tão solitário! Tempo que chega para tudo!
Olhando para trás,
querendo-te tão desesperadamente, sonho-te,
na miséria dos minutos, solidão maior é minha.
Pois que assistindo as noites esfriarem,
se mexer no tempo pudesse, perdão perdi-te-ia
por negar o teu amor, de jeito nenhum te querer,
quando tudo o querias era seres um sonho meu!
Pecados meus!
Marisa Costa
Aniquilador!
Não se me dês em verso,
amor em armistício, nem me proponhas!
Nas tuas verdades, tuas mentiras,
tentes-me com o que te vai na alma.
Algo doce, algo suave ...
Quando ajuntares nossos corpos
sopras meu nome com suavidade
pra que, eu, rendida,
beba em fartos goles mutantes emoções.
Libido, finalmente à flor da pele
sentir-te quente, viver-te, ter-te,
cair como duas folhas...
Aniquilador!
Beijarei-te os medos...
Tristezas volumosas, algum sorriso...
esparramados no horizonte, estofo de delírios,
insanidade liberta, solidão destruída,
pitada de poesia traz o mar nos olhos....
Pedras viram trilhos de proteção
noites de tardes e calma e, beijarei-te os medos...
Tudo vai passar, juras...
na luz, partiremos....
Como podes jurar o que nunca vivestes?
Se cheia de ausências,
quis pra mim os teus carinhos,
e cortinas se fecharam,
o nunca aconteceu?...
Marisa Costa
Sonhos audazes...
Um resto de noite à deriva...
no quarto com você, sozinha
vidraças d'alma embaçadas
sangram gotas invisíveis...
São desenhos de versos...
Vívidos na penumbra da memória desfilando fantasias,
lembram-me há quanto tempo não me arde o coração...
Perambulando por aí feito almas penadas
ora desejos, ora frustrações, buscam na tarde que se solta
a ingênua formusura dum doce veneno proibido...
do jeito do beijo...
das palavras sentidas...
ah, sonhos audazes...
se num instante, amor perdido, causa iludida são
noutro solidão, escuridão de outono
coração e pele e paixão, eternamente...
Misturados, meia-noite, meio-dia
alagados num charco de murmúrios
bebem insanidade, recompõem ilusões...
Dão-me qualquer coisa que pareça eterno.
Marisa Costa
Secreta cor da tarde ...
Num passado de aventuras,
leviano coração conheceu tantos amores por aí...
nos braços do prazer infinito de corpo e alma se entregou...
Quando o fulgor das noites luminosas se apagou,
naufragou na tristeza de promessas enganosas...
dum amor doído, incontido,
saudade tanta que até doía, trincou rosas...
Há quanto tempo não lhe ardia o coração?
Respira em sua garganta pele desconhecida...
Curar-se de tamanho frenesi? Tarde demais!
Perdido, a si mesmo procura. Quer esvaziar a alma...
Sob a secreta cor da tarde toma dum violão,
dum fio inerte,
palavras sentidas, arranca-as:
Doçura amarga dos poentes ...
Emoções recriadas. Beleza extrapolando trevas,
Tango triste esvai-se. Gemidos roucos, intensos...
Machucando com jeitinho, reencontro de ilusões...
num mundo sonoro e nítido e denso,
dança sozinho no meio da sua solidão...
faz pulsar corações com a amargura das suas melodias...
Marisa Costa
Lençóis...
Nos lencóis de cetim amarrotados, nós...
loucuras que ultrapassavam razão
sonhos de mágoas e de pecados
glória ardente e serena que regava madrugadas...
Hoje, na saudade que tange ausências
palpita dor que desatina
fugitivas visões de céus,
cândidas e puras e pecadoras...
Imagens transbordantes que pra continuar sendo
guardam sensações, escondem prazeres...
inda que encapsuladas em esfera de vidro,
em desertos de sombra e luar e dança
não se transformaram...
E eu, pra não morrer sem teu amor,vago na lua...
venerando o jeito com que você me pega...
em estado de anestesia, te proponho, o nós:
"Tragas-me a ti esta noite
no quarto que foi teu e meu
vens me afagar, essa minha aflição sossegues...
Romântica brega, eu? Ligo não!
Suspensa em espaço e tempo
a soletrar horas púrpuras
dói de bom, de amor derreter suave
depois de viver-te, ter-te,
ouvir-lo dizer que ainda sou tudo pra você”...
Marisa Costa
(*) Imagem: Google
Mundo de Homem e de Mulher...
É tormento de corpo e mente
discursar o silêncio
cismando sozinhez, à meia luz...
É solidão que vaga noites sem rosto
espalha angústias nas redes sociais
o eu lírico que confessa e esconde e revela...
É metrópole descomunal
de multidões impassíveis
esmagadores prédios cinzentos...
É solidão do medo pelas esquinas de pedra
olhares que não se cruzam
gentes que não se cumprimentam...
É overdose de histórias
fotografias de amarguras e solidões
ocultas no labirinto de recompostas ilusões...
É deitar-se na contemplação
tempão curtindo tristeza chamada solidão
vendo a alma esvaziar-se...
É mundo de homem,
e de mulher,
de face,
aquela tão triste...
Marisa Costa
(*) Imagem: Google
"É belo vês o amor sem anestesia.
Dói de bom, arde de doce. Queima, acalma. Mata e cria" ( Estado de Poesia - Chico Cesar)
Anestesia...
Noite dentro nada é tão mais amor...
fragrância parida nas estrelas
no regaço das madrugadas de nós,
goteja a noite...
Em estado de poesia ...
perfuma noites, fantasia sonhos
queima, acalma, redecora corações.
Desejos inebriados ardem...
rastros de flor e estrela não ficam nem vão embora...
amores feitos de paixões
asilam delírios pela imensidão do paraíso.
Anestesiados, corpos tombam...
Torcem pra que o tempo
entranhe-a pela eternidade
pra que à frigidez da agonia
jamais soçobrem de saudade...
Marisa Costa
Metáfora Bordada...
Se um poema me beijasse
Sem pudor me entregaria
salva de toda melancolia
marés de loucura cruzaria...
inda que em falsete respirasse...
Se a dor me torturasse, ia sorrir
na saudade de pedra, repartiria fantasias
no vazio dos dias, aspiraria a química que salva...
Metáfora bordada nos linhos da noite
seria versos desse poema
que o tempo nenhum ousaria apagar.
Marisa Costa
Cheiro de Folhetim...
Das pautas dum bolero
versos com cheiro de folhetim
poetizam folia duma paixão...
tórrida, seduz...
quereres, escancara...
doida, enfeitiça...
momento em que o tempo para...
corpo molhado, carinho e amor nega não
por toda noite desejo sacia, alívio da solidão
dia amaldiçõa, prazer roubado.
Mas, ah, refrão em gritos roucos
vil e sem clemência, estilhaça:
“ Vontade lasciva é ilusão que se acaba”
jogando-a contra a parede
geme notas descompassadas
sem rimas, sem efeitos
dor é visível...
e está só e a noite...
Marisa Costa