Hoje
Eu tenho quase certeza
E me bateu uma tristeza
Que não existia em mim
Ah, hoje
Eu percebo que a sua ausência
Mesmo na minha presença
É por não gostar de mim

Você vive no mundo da lua
E nem liga mais para o que eu digo
Me trata com tamanha indiferença
Será que ainda somos amigos?

No entanto
Eu não sei o que aconteceu
Pra você me tratar assim
Você diz que quer só dar um tempo
E me pede a todo instante
Pra que eu cuide mais de mim

O que me faz pensar ser temporário  
Quando acho que você quer me deixar
Eu posso até ser lento, mas otário
Será que você pensa assim, sera?

Só não me venha com essa de ciume
Porque ciúme não condiz com indiferença
Não há como não saber que a sua ausência
Tudo condiz com sua forma de tratamento

E se hoje
Me bateu essa tristeza
Você pode ter certeza
Que eu irei cuidar de mim
Na verdade
Eu me preocupo com você
Mas, se for preciso te esquecer
A gente para por aqui... Enfim...

(Petronio)

Minha inspiração foi pro espaço
O que é que eu faço
Ah! Como estou me sentindo
Nem deixou sinal pra onde ia
Lá fora a vida lhe sorria
E eu de alegre só dormindo

Não vi nenhum sinal de insatisfação
Será que conheceu outra constelação

Pois no primeiro Disco voador
Ela partiu e nem ligou
Só disse: Está tudo acabado!
Sabe, nunca mais eu quero vê-la
Nem coberta de estrelas
Ela deixou meu céu nublado

Não deu nenhum sinal de insatisfação
Partiu sem dar nenhuma explicação

Enfim, minha inspiração foi pro espaço
E o que é que eu faço
Pra alegrar meu coração
Será que tem ai alguem que queira
Olhar comigo as estrelas
Os dois, enfim com os pés no chão

E que ao primeiro sinal de insatisfação
Segure bem firme as minhas mãos...
E se aconchegue em meu coração

(Petronio)

Barbaramente ela mente
Deitada em seu leito
Pois é seu dom iludir o algoz
Já sem voz em meu peito
E ele sabe ciente
O que não me surpreende
Completamente contente, afeito...
Sabendo que Bárbara mente.

Mas é tão bom o sabor tão amargo
Desse amor atroz
Que o algoz em meu peito aceita
E aceita ao calar a voz
E que ele não aceite (ou aceite)
Se nem se importa ao me conduzir
E me induzir inclemente
O que não me surpreende

Para os braços de Bárbara
Que mente tão barbaramente
Quando em seu leito
Enganando e iludindo
Esse algoz em meu peito

Que se julga um amante perfeito
Um tolo sem preconceito
Ah! Cinicamente ela mente
Bárbara não toma jeito

(Petronio)

Os mentirosos estão de volta
Bobos da corte e seus palhaços
O velho humor bate à nossa porta
Pra nos tirar do anonimo ato

E os figurantes dessa grande comedia
Serão o doce da geleia real
Na redundância da pacifica miséria
O prato mais fundo da porção principal

E pra felicidade geral
Em nome da democracia
Uns pra menos, outros pra mais
É samba, suor e alegria

Mas, voltando ao picadeiro
Falo dos palhaços atores
Fantasiados de milagreiros
Colhendo todas as nossas dores

Pra que todos nessa comedia
Saiam nos jornais e revistas
Todos com cara de platéia
Bobos na corte do artista

Somos todos Bobos da corte
Marionetes nas vibrações
Somos simplesmente fantoches
Nessa comedia de canastrões

E pra felicidade geral
E em nome da democracia
Uns pra menos, outros pra mais
É samba, suor e alegria

(Petronio)

Se eu for embora
Eu não volto nunca mais
De tudo você reclama
Todo dia é sempre assim
Depois de horas
Você cala eu fico em paz
E logo depois me chama
Amor, vem cuidar de mim

A toda hora e a todo instante
Acho que já é o bastante
Serei tão errado assim?
É quando penso em ir embora
Acho que passou da hora
Você precisa de mim?

Depois, antes cedo do que tarde
Chega de tantos alardes
Juro, não aguento mais...
Ou a gente divide essa agrura
E para com essa loucura
Que lá fora eu vivo em paz

Isso é demais...
Sabe, eu não aguento mais...
Você reclama de tudo
Qualquer dia a casa cai

(Petronio)

Estavam velhos demais
Para serem usados
E num canto qualquer simplesmente
Eles foram jogados

E seguiram muito tempo comigo
No mais estreito contato
Alheios a tudo e a todos
Meus pobres sapatos

Eles sabiam dos meus passos em falso
Degrau por degrau
Fosse na chuva, no sol, meus sapatos
Amigos sem igual

E carregaram o peso dos meus ombros
Eu que nem lhes dei um nome
Na sapiencia que meu pai me deixou
Que é saber por onde começa o homem

Sedimentando  todos os meus tropeços
Alicerçando-me nos saltos
Consolidando a base que se ergue
Sobre meus pés... Meus sapatos!

Meus pobres sapatos
Em qualquer canto, jogados
Sabem bem o que eu sou...De fato
Me perdoem... Meus sapatos.

(Petronio)

Sou cara careta
Não uso etiqueta
Não ligo pra moda
O que não me incomoda
E a bem da verdade
A minha vaidade
Ficou rabugenta
Culpa dos anos 70
Que grudou em mim
Na Polo e no Jeans
Sou mesmo riponga
De Conga la Conga
Me sinto a vontade
E o resto é só saudade

Depois tem um ditado que diz
E que eu acho perfeito
Que quem é bonito, será
Sempre e de qualquer jeito

Sou cara careta
A pele não aceita
Essa onda de marca
Meu corpo não embarca
E a bem da verdade
A simplicidade
Faz minha cabeça
Ainda que não lhe pareça
E colado ao coração
Carrego o meu cordão
Curtindo a luz da manhã
Pela lente do Ray ban 
Me sinto a vontade 
E o resto é só saudade

Depois tem um ditado que diz
E que eu acho perfeito
Que quem é bonito, será
Sempre e de qualquer jeito

(Petronio)

Alo!
Sou eu neguinho!

Nega, vou dar papo reto
Fala e vê se não complica
Se liga, vou ser bem direto
Não quero saber de futrica

A gente se ama demais
Eu sei, ficar longe é ruim
Neguinha é a solidão
Que tá te deixando assim

E depois os nossos vizinhos
O rato, o gato, o cachorro
Juntando o barulho da rua
Ligado no agito do morro

Mina, seja direta e reta
Esquece, se liga na fita
Voce vai ter tudo outra vez
Olha pra mim e explica

Você deve tá com saudade
Daquela vida bacana
Olhar vitrines no Shopping
Escuta, a gente tem grana

Pensa no nosso futuro
E vê se para de chorar
Você tem que ter paciência
Espera a poeira baixar

Que eu te enfeito com joias
E boto tudo no teu nome
Te dou do bom e do melhor
Neguinha! Bota fé no teu homem

Espera eu sair daqui
Que a gente mata essa fome
Te juro mina! Vou sair
Faço mais um e a gente some

Bipbipbipbip....
Alo!, Alo neguinha!
Putz!, Descarregou a bateria...

(Petronio)

Agarradinhos, só nós
Se entrelaçando, em nos
Envoltos em lençóis macios
Dois animais no cio
Se desejando demais
Entre arrepios e ais

Perdem a noção do tempo
E até mesmo de lugar
Dois corpos em movimento
Fazem o tempo parar

Devagarinho, os nos
Se desentrelaçam de nós
Revoltos em lençóis, mansinhos
Dois animais arredios
Que não se desejam mais
Esquivos e vitais

Divididos pelo tempo
Que chega pra separar
Dois corpos em movimento
Que o tempo faz parar

Fim do ato...

(Petronio)

Homens de aço
Conquistem o espaço
E se misturem as estrelas
Homens sem medo
Desvendem segredos
Pela luz de outros planetas

Contatos imediatos
Com seres de outras galáxias
Pensamentos intactos
Que pairam sobre a via-láctea

Há olhos que a tudo observa
E a todos conduz
Somos apenas grãos de areia 
Num oceano de luz

Homens de aço
Conquistem o espaço
Abstenham-se a ouvir estrelas
E não se esqueçam
Que ao contempla-las
Não queiram jamais... Obtê-las.

(Petronio)

O corpo e a mente
Convivem uniformemente
Se tudo vai mal
Sabemos os que eles sentem
E quando isso acontece 
Parece que o mundo vai desabar
Em cima da gente

O jeito é seguir em frente
Invente uma bobagem qualquer
Que te faça feliz
Não deixe que a planta dos pés
Cresça pela raiz
Acrescente uma bobagem qualquer
Que te faça melhor
Não deixe que teu corpo padeça
Sem uma gota de suor

Pra mal pior do que o nosso
Só existe um
Que é o mal do próximo
E dor de cabeça
Só dói na cabeça de quem sente
Que certamente 
Não é a dor da gente...

Por isso invente...
Invente uma bobagem qualquer
Que te faça feliz...

(Petronio)

(humor negro)

Amigo é coisa pra se guardar
Do lado esquerdo do peito
De preferência com filtro

Tendo como companhia
O velho e bom Whisky
Dois amigos inseparáveis 
Na tristeza e na alegria

Com a benção de Nossa Senhora

Dos IMPORTADOS
Dos NACIONAIS
E dos FALSIFICADOS

Rodeado
(até por uma questão de necessidade)
Por um monte de mentirosos
Em suas ladainhas intermináveis...

(Petronio)

Vamos fazer o que der na louca
Sem rituais porque água na boca
Já não mata mais 
A sede do beijo
Que eu guardei no desejo 
E agora despertou
Pois conter nossos atos
Se tornou abstrato 
E meu pacto contigo agora
É um impacto de amor

A vida da gente anseia por conflito
Meu corpo deseja o prazer do atrito
E na solidão do silencio, o silencio
É apenas um grito

Vamos fazer o que der na cabeça
Deixar que o prazer por si só aconteça
Eu não aguento mais
Essa coisa sem nexo
Contido no amplexo
E escondido na dor
Pois liberar nossos atos
Será um grande barato 
E meu pacto contigo agora
Tambem é um impacto com a dor

A vida da gente é carente de conflitos
E quer sentir a volúpia na explosão do atrito
De dois corpos carentes, impacientes
Relutantes e aflitos.

(Petronio)

Se a vida é curta
Então curta
Tudo o que a vida lhe der
E no faz de conta
Conta e reconta...
Com a vida e tudo que ela é

Sem tempo pra sabermos
O que é bom ou ruim
Melhor é ser feliz
Que a vida é um jogo
O gol um detalhe
Vive o jogador
A mercê do apito final
Com ou sem platéia
Ou mesmo de aplausos
Ganhando ou perdendo
Todos os detalhes
Se juntam ao pó
E de mais concreto
O pó que te faz
Melhor ou pior

E não há empate
O jogo da vida
É o jogo de um só...
E se não há empate
No jogo da vida
Que vença o melhor...

(Petronio)

Toda mentira é verdadeiramente mentirosa
Assim como toda verdade é mentirosamente verdadeira
Pois toda palavra dita
Tem um porque
A boca é maldita
A se dizer
A palavra mal dita
Que vem de você
Sai pela boca
Diz a boca que
Toda verdade é  mentirosa
Como toda mentira é verdadeira
Diz a boca que
Sai pela boca
Que vem de você
A palavra maldita
A se dizer
A boca é mal dita
Tem um porque
Pois toda palavra dita
Assim como toda verdade é verdadeiramente mentirosa 
É toda mentira mentirosamente verdadeira

(Petronio)

O carnaval passou
E com ele lá se foi a fantasia
Que eu preparei o ano inteiro
Coloquei nela toda a minha alegria
Das sobras fiz alegoria
Pra desfilar nos braços de amores passageiros

Foram três dias no bloco dos Pierrôs
Entre confetes e serpentinas
E depois de procurar minha Colombina
Como Arlequim fui consolado pela dor 

Restou-me as cinzas
Da quarta-feira e eu não queria
Fazer delas sempre a mesma fantasia
Pra depois ter que desfilar...Pra ninguém
Passista eu sou todos os dias
Ah, dor conforta minha alegria
O ano inteiro enquanto o carnaval não vem

E na avenida
Serei mais um Pierrô...

(Petronio)

Feito pássaro...
Eu renasço nos seus braços
Vou pelos versos que faço
Ocupo todo o espaço
De quem, como eu também

Sabe os meus passos
Em oinortep me disfarço
O mais triste dos palhaços
Vive sorrindo pra quem?

Se em seus abraços
Alinhavando meus traços
Eu me ocupo dos seus passos
Que me levam mais alem

Versos que faço
Em petronio me refaço
Me entrelaço em seus braços
E me disfarço tão bem

Quando no espaço
Eu me dispo do palhaço
Oinortep...  Feito pássaro
Volto a ser Petronio
Amem!

(Petronio)