Posts de Paolo Lim (77)

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EMBATE

No despudor duma aurora de amantes,
a intimidade em linguagem chula
ecoando com o ranger da cama
em meio ao tesão que acumula.

Corpos suados,
misturados, penetrados,
oscilantes na coreografia caótica
rogando serem machucados...

O amor é uma luta corporal ?

                                                            Paolo Lim

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COMPARAÇÃO

Como um doce que se estraga sem consumo,
um anel que acompanha o dedo ao túmulo,
um agrado não percebido,
uma saudade do que se tinha esquecido,
vontades sem explicações,
contrariedades aos borbotões,
resfriado liquefeito,
tosses, dor no peito...

Comparações com um amor desfeito.

                                                                       Paolo Lim

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AUDIÇÃO

Seus ouvidos, pier de palavras e sons naturais,
selecionam audições preferenciadas
espedaçando sentenças
morfologicamente erradas.

Surdez seletiva sobre o dia a dia,
palavras sujas, desfocadas, rebeldias
sonâmbulas, assassinato dos verbos,
sons guturais, hieróglifos cegos.

                                                        Paolo Lim

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TOLICE

Fiz um poema que ficou famoso.
Ouvi críticas, elogios e palavras da boca do povo.
Sorri das interpretações que o fizeram novo.
Descobri o quanto o poeta é tolo :
- Pensa que é seu o que reinventam todo.

                                       Paolo Lim

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SOLIDÃO

O silêncio que fala, arquivado no céu da boca.
Dentes cerrados que rangem.
Tarde igual de céu opaco, horizonte próximo,
mesmice do ócio.
Um cesto de pães dormidos, ligeiramente comidos
por dentes apodrecidos, careados, frágeis, doloridos.
Azedo cheiro de azeitonas velhas, restos nas panelas,
poidas cortinas nas janelas.
Decadência exposta sem prudência.
A sujeira dos nascimentos e da inocência.
Migração de cores,
suaves exposições de maus odores,
poeiras acumuladas nas prateleiras,
espedaçar das boas maneiras.
Fim do lógico, os ilícitos.
Escolhas de novos inícios.
Caótico armistício
duma vida em particípio.

                                                                                Paolo Lim

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PALAVRAS

Palavras não andam soltas,
nem são apenas ruídos no ar.
São pensamentos expressos,
sonoros e postos à vibrar.

Palavras são físicas
como feixes de luz a brilhar.

Amargas ou doces,
se fazem escutar.

Associação de conceitos,
sentimentos devocionais,
opiniões, ideias, ideais,
ruídos sentimentais.

Matam a sede,
descarregam.


Palavras sossegam,
excitam, reverberam.

Palavras sentenciam,
acusam, prenunciam.
Palavras cobram,
xingam, oram.

                                         Paolo Lim


 

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MEMÓRIAS

Seios rotundos -
mangas chupadas -,
velhas memórias
mordidas, arranhadas,
atiçam vontades apagadas,
rapsódias desafinadas
num post coitum de madrugada...

O céu continua ali -
após a cortina de chita,
ruída, poluída,
companheira da desdita -
inteiramente nú,
pleno de estrelas excitadas
acentuando o vazio das horas
daquela seca senhora...

O tempo amassa,
o universo testemunha,
a beleza passa
como ninguém supunha,
transformando em farsa
o que se repunha.

                                                                                 Paolo Lim

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LIQUEFAÇÃO

Seu corpo liquefeito no mar de minhas imagens
escorria entre meus dedos ávidos por solidez.
Seu sorriso-deboche zombava de meus desejos
azulados pelas corredeiras quentes e luxuriantes,
como ternuras oferecidas pelo inusitado estado.
Bom sentir-me inundado por sua substância.

Tentei beija-la e quase me afoguei.
Bebi seus lábios e parte de sua língua.
Descendo a medula o friozinho do prazer
fervia o tesão nas ondulações das nádegas,
enrijecendo o pênis que buscava ávido a penetração
profunda e liquidada.

Mesmo submersos, meus pelos eriçavam,
endureciam e, rígidos, resistiam as torrentes...

Seus olhos azuis - redemoinhos profundos -
brilhavam um esplendor de corais magníficos.
Calafrios marejavam minhas pernas
boiando no vazio pleno.

Envolto em suor acordei em terra firme.

                                                                 Paolo Lim

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A MORTE

A morte é pequena,
grande é a cena,
o Céu que acena,
a dor e a pena...

A morte é um passo
que abre espaço,
espreme o bagaço
do nosso cansaço.

A morte é passagem,
não o fim da viagem,
nem tampouco triagem
como acena a imagem.

A morte assusta,
parece injusta,
saudades que custa
à quem não a busca.

                                                                       Paolo Lim

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CPP