Mais uma vez cai esta chuva teimosa,
Lágrimas do céu que, em magoado pranto,
Derrama seu ebâneo e grandioso manto
Cobrindo o mundo com a queixa copiosa.
Tal sinos soando na noite chuvosa,
Pingos ritmados num doce acalanto,
São notas de melancólico encanto,
São vozes em sintonia melodiosa.
E da espessa, opaca e branca cortina,
Minh'alma vagueia na imensa neblina
De orvalho, gotas, correnteza e escumas.
Como a água levada pela corrente
A alma chora e procura, inutilmente,
Os sonhos idos da vida nas brumas.