Posts de RODRIGO LUCIANO CABRAL (234)

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DESCONTANDO OS CHEQUES

 
 
Descontando cheques
Eis a essência do existir
Nada é tão simbólico
Nem teórico
Descomplica...
Não é metafórico
Nem relevante
É descontar os cheques
Pagar os boletos
Beber as cervejas...
Esperar...
Eis a verdade que você ignora
Descontando cheques
Por longos e intermináveis anos
Nas filas dos caixas
Nas salas de espera
Nos quartos de motel
Tão só
Tão nu
Vazio
Com alguém arfante ao lado
Chuva na janela
Gente nas esquinas
E você nem vê
Nem liga...
Nem sabe
Só esta aqui cumprindo seus turnos
Mastigando suas salsichas
Ouvindo suas musicas
Queira o bom gosto que seja rock
Se não for...que pena
Descontando tempo de todo o tempo que teve
Trabalhando ...
Vendendo suas melhores horas
Escondendo suas doloridas lagrimas
Fazendo gente chorar
Amando se tiver sorte
Odiando se viver o bastante
Enterrando os mortos
Esquecendo os mortos
Votando...
Protestando...
Chegando...
Saindo...
Não é mais que isso...
Não é...
Descontando os cheques
É só.
RODRIGO CABRAL
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NOITES ESTRANHAS

Conheci teu silêncio em dias longos
E me perguntei por onde andavas?
Ninguém volta inteiro de la menina
Ninguém volta...
Eu a vi chorar em noites tão estranhas que não pude esquecer
La fora alguma coisa espreitando nas trevas
Bêbados noturnos titubeando nas luzes dos postes
E eu soube que não conseguiria
Eu a vi partir sem barulho...
Nunca entendi o por que
Lhe dei meus lírios
Trouxe as rosas
Fiz os jardins
E tudo se apagou...
Só fica o medo...
Só fica a chuva ...
Só fico eu
Eu imaginei que havia um fim pra onde ir
Aquele mesmo lugar onde todos querem estar
Mas nunca o vi...
Nunca o entendi
E onde esta você ?
Por que não vem?
A vi chorar
Conheci teu silêncio
E aguardei...
Eu soube esperar
Eu fiz como pediram
Eu cantei as canções
E eu orei...
Supliquei aos Deuses
Eu esperei...
Onde esta você?
Por que nunca veio?
Ninguém volta de la...
Ninguém nunca voltou
Onde esta você?
Pra onde eu vou?
Eu sei esperar
Eu sei...esperar.
RODRIGO CABRAL
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CAÍRAM PEDAÇOS DA LUA

CAÍRAM PEDAÇOS DA LUA
 
Caíram os pedaços da lua
É o lado escuro eu sei...
Pra onde os lobos olham ao uivar
Derrubaram o ciclo delicado das marés
Dunas anonimas vão sofrer...
Quem vai a pesca esta noite?
Quem vai?
Lanternas a cintilar
Centelhas e faroletes
Estranhas criaturas marinhas
Nenhum chamado na bruma
Só isso...
Só isso...
Caíram os pedaços da lua
E ninguém notou até que doesse
Sem brilho prateado no esquife
O lobisomem hoje não saiu
E quem vai com você agora?
E quem sabe o que você sabe?
Tentáculos vem do mar...
Quelíceras na superfície
O medo espreitando na água
Esta só...
Caíram pedaços da lua
O barco avança ao longe
O brado vem do convés
A sereia permaneceu escondida
A rota é infinita...
Caíram pedaços da lua...
Do lado escuro...

 

RODRIGO CABRAL

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NA LUZ DA MANHÃ

Ele chegou no balcão onde haviam varias garrafas...pediu algo pra beber,recebeu vodca ...chamou por ela que estava sentada nos fundos do salão,ofereceu uma bebida,ela pediu conhaque...as 3 da manhã só havia vinho...servido em jarras lascadas...as 5 o bar fechou voltaram pra casa trôpegos o sol nascia no horizonte por trás de prédios impessoais ...Nas escadarias do condomínio dela eles pararam por um tempo...
A luz da manhã os banhava...ela sorria...ele a fitava...
Ela vomitou nos sapatos dele...ele vomitou na calçada...ela subiu pro apartamento enojada...ele desmaio na calçada.
FIM
QUE FOI? SÉRIO QUE NUMA HISTÓRIA DE BEBERRÕES VOCÊ ESPEROU UM FINAL FELIZ?
RODRIGO CABRAL
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NOITE ALTA

Noite alta ...
Alguém a porta
O vento geme
Alguém a porta
Trovão ao longe
Alguém a porta
Que horas são?
É a hora morta
Ouvindo passos
Alguém a porta
Sentindo medo
Alguém a porta
Vá ver quem é...
Vá ver...
RODRIGO CABRAL
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UMA HISTÓRIA DA GENTE

 
 
A gente se importa com o que o outro faz
A gente se importa com com quem o outro faz
A gente se importa com por que ele faz
Com com quanto o outro ganha
Com com quem ele sai,com quem namora,com que transa
Onde trabalha...
A gente anda se importando com tudo que vem do alheio...
A gente curte a foto da foto da vida do outro
Comentamos o post do outro
Criticamos dissimuladamente
A gente tem vivido uma vida que não é nossa...
É tanta gente vivendo como a gente que sobra pouca gente pra saber ...
Pouca gente pra lembrar que um dia o mundo foi diferente
Pessoas um dia a vida já foi off line...
Houve um tempo em que a noticia só vinha no jornal
E ate a fofoca só vinha da conversa...
A gente nem lembra como vivia antes
A gente ta cada vez menos gente...
Somos maquinas...compiladoras...acumuladoras...
Banais...
ADMITA QUE VOCÊ JÁ SAIU DE CASA SEM DINHEIRO ...MAS NUNCA SAIU SEM CELULAR.
RODRIGO CABRAL
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NÃO HA DESPERTAR


O que ela sente esta noite?
Esta morta?
Esta viva?
Esta la?
Com quantas taças o vinho construiu seu esquecimento?
É sincera sob as estrelas você vê?
E não há mesmo lugar pra ir
A lua não contou nada
O firmamento sabe de coisas escusas
Aprendeu a esquecer na penumbra imensa
Chorou melancolia com a chuva
Entendeu o vento quando ele veio?
Existe melodia no arrastar e no destroçar?
Não sabe em seu coração...
Não sabe em sua aflição...
Não sabe esperar...
NÃO SABE
A terra é onírica onde Morpheus caminha
Um sonho dentro do outro
A vitória não veio
A derrota não sobrepujou
Só ha noite...
Só ha sonho...
O que ela sente esta noite?
O rei sonho vai saber
O rei sonho vai entender
O senhor das areias vai interpretar
Só ha noite...
Só ha sonho...
Não ha despertar.

RODRIGO CABRAL

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CIDADE

O que a cidade sabe de você?
Ruas e vielas a sorrir...
E segredos...ocultos nos becos
O que a cidade conta pra pra você?
Ha segredos pra sussurrar em teu ouvido?
Tantas verdades que a cidade engoliu!
E não é nela que o medo cresce?
O que floresce no teu olhar?
O que pousa nas estatuas?
Habitável fez-se a cidade...
Cooptável faz-se o homem.

RODRIGO CABRAL

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O COLETIVO ESTA ARMADO

Você pode ouvi-lo gritar...
Esta no chão eu sei que esta
Algo estranho aconteceu...
Fazia frio havia penumbras em todo o lugar
Ele seguia só...
Apenas mais um ...apenas um só
Sem ninguém pra perdoar...sem perdão só mais um
O homem com a arma apareceu...
E parecia zangado sim eu diria que sim
Alguém o notou chegar?
Tem coisas que ninguém vê
Foi só um momento algo assim banal
Luz ofuscante e trovão...
Você pode notar que ele esta surpreso...
O homem com arma sabia mirar...
Você pode notar que ele esta incrédulo
Ele diz não fui eu ...não pode ter sido eu...
Seu peito ficou pesado
O vermelho tingiu tudo em sua camiseta
O homem com arma não chegou a sorrir
Parecia em transe parecia perdido
E quando o pânico se instalou ninguém entendeu ninguém procurou...
E quando o pânico enfim cresceu caindo ao chão ele ouviu um grito
E quando a dor veio mais forte ele entendeu que o grito era seu...
Existe um odor estranho no ar...
Uma certa náusea
A cidade inteira esta doente
Aqui homens não precisam de lobos por que são homens que devoram homens
O homem com arma mandou parar...
O ônibus encostou em qualquer lugar
Todos com medo de serem o próximo e todos secretamente felizes (desta vez não fui eu)
O homem com arma então desceu...
E pra onde vai?
Quem vai saber?
Sera que agora acabou?
Não você tem que me ouvir você tem que entender
O homem não é só um...
Eles são muitos estão por ai
O coletivo agora esta armado...
E você pode ouvi-lo gritar.
RODRIGO CABRAL
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NOITE CRUA

Que som faz a pá na noite crua?
Escava...escava...
Que som faz o pranto na noite crua?
Lacrimeja ...
Qual é a extensão do uivo na noite de lua?
Vai alto ...vai longe...
Almas que sabem vagar por túmulos antigos
São só memórias ...não tenha medo
São só histórias...voltando pra você
Que som tem o grito a acústica dos cemitérios?
Repete o eco ...redobra o eco...
Ouviu o sino?
Repicando o mortos?
Repicando as horas?
É meia noite...
Que som faz a pá na noite crua?
Sorri quem escava?
Fuma um cigarro talvez...
Marca barata fácil de comprar...
Num mundo fácil...fácil de morrer
Que som faz a pá ?
Escava ...escava...
Nenhum lamento lhe alcança
Só existe a lua...
Só existe o túmulo...
Só existe o pesadelo...
Só você ...
Que som faz a pá na noite escura?
Esta noite alguém vai saber.
RODRIGO CABRAL
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A PAISAGEM QUE A JANELA LHE TRÁS

Eu sou a escolha mais certa que você fez quando estava errada
Eu nasci do teu medo de nunca saber e ainda assim insistir
Eu soube esperar quando você só queria fugir
Eu soube entender aquela lagrima
Eu soube desculpar aquela magoa
Eu soube sorrir quando calou
Eu soube ir onde você nunca foi
Eu soube voltar sem perder muito de mim
Não é pra entender que eu agora grito assim
Não é uma busca que leva agora do inicio ao fim
É só outra história
Outra andrajosa e sofrida memória
Outra manhã entre náuseas e vômitos
Outra pessoa desperta a teu lado
E eu estou lá fora em algum lugar tão cansado
Dizendo a todos que você não pode ter esquecido
Repetindo o tempo todo que não é um fim
Eu soube contar as coisas sinceras
Eu soube guardar os segredos terríveis
E eu acordei depois de noites incríveis
Em velhas praias onde o mar sussurrava
E marinheiros deixaram suas lendas
E eu estava la pra ver o que vinha
E eu estava la por que lá um dia você existia
E quando parti eu parti outra vez só
Ouvindo no vento canções moribundas
Sentindo na carne dores difusas
A esperança não vale a pena quando dói?
E a certeza não é cruel e ingrata?
Um dia você vai acordar em alguma pátria distante
Em lençóis sedosos num dia invernal
La fora as folhas forrando o chão
La fora os riachos murmurando contentes
La fora alguma língua envolvente
E eu sei ...eu sei você vai estar feliz...
A visão que a janela te trás nem de longe vai te lembrar de mim
A paisagem na montanha vai te convidar
E tudo vai parecer perfeito sem retrocessos sem lugar pra voltar
Mas então vai olhar para o lado
Vai notar o espaço na cama
Vai perceber só uma xícara na mesa
Vai ouvir o silêncio da casa
E então vai saber quando quase já não vale mais a pena saber
Podia ter sido eu...
Podia ter sido eu com você...
RODRIGO CABRAL
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O PASSADO É TEU LOBO

O passado é teu lobo...
Uivando nos portais...
Faminto,impaciente,ultrajado
O passado é tua sobra...
Cicatriz rugosa e sem nome
Matilha ululante
Rondando ,rondando
O passado não dorme...
Esta alerta...esta a espreita
É paciente
Aguarda...
O passado não se vai...
Você crê que sim...
Você se ilude que sim...
Você quer que sim...
Mas não se vai
O passado fica
É o que ele faz
Quem se vai é você...
O passado tem fome
O passado tem memória
Duas coisas terríveis pra se ter...
O passado ataca os fracos e frágeis
Os retardatários da vida...
O passado sabe seguir
Sabe rastrear
Inominável sua crueza
Infindável seu desejo
O passado é teu lobo
Uivando nos portais
Inexplicável
Incansável
O passado é teu lobo
Tua fera
Tua foice...
Teu medo...
O passado é teu lobo
Uivando nos portais esta noite
E ele sabe o que você sabe
E ele lembra do que você não lembra
E ele esta lá...
E sabe esperar.
RODRIGO CABRAL
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41

Enfim cheguei a 41...e passei o dia pensando no passado acreditam? Muitos anos atras quando ainda jovem e ainda menos sociável do que sou hoje(acreditem ja fui menos sociável vocês tem sorte) eu conversava com um amigo durante uma bebedeira longa de vinho. Dizer que era um vinho barato seria dizer pouco...vinho da marca Jacaré nem sei se ainda existe...doce,tingia como tinta...mas descia bem há como descia...a madrugada ia alta...fazia um frio dos diabos ,sentados na praça do velho bairro...céu estrelado ja bem ébrios ,bebendo sem razões por que em verdade nunca se precisou de razões pra beber. E começamos a falar em futuro...no que esperávamos dele...mais precisamente do que seria ser velho... Lembro desse meu amigo dizendo... -Quero viver até uns 80 anos,quero ser um velho bem chapado entendeu? Bem doido plantando minha maconha no quintal. Eu escutei aquilo e achei ser um bom plano(eram outros tempos ok?) E respondi sonhadoramente ... -Eu só quero ficar velho cara...viver o bastante pra chegar a ser velho...quero cada ruga e cada ano dessa merda de vida...viver o maximo que puder sem virar inválido ou ser um peso pra alguém... Este meu amigo de bebedeira não esta mais entre nós agora... Uma briga em um campo de futebol lhe tirou a vida...ele nunca chegou aos 80 anos...nunca cumprira a meta... Bem camarada seja la onde é que você bebe vinho agora veja só...cheguei aos 41...ainda não estou inválido ...vou seguindo nesta merda toda ai fora que chamamos de vida parceiro...41...vamos ver onde esta porra vai dar.

RODRIGO CABRAL

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TOCA O MOTORHEAD

Sangue que não pulsa ferve
Já tentou estar bêbado quando não devia?
Caneca após caneca nível após nível desce o vinho na garrafa...
Odiando as soluções fáceis ...
Deixando o Motorhead tocar bem alto
Sem fugir...por que as fugas cansam demais
Sem ficar por que a mente não esta mais la
Não esta mais em lugar algum
Vento batendo nas janelas
Gemendo nas curvas ingrimes da casa
Balançando as calhas
Urrando ...
Urrando...
Caneca após caneca...
Bebendo a fúria
Bebendo a biles
Brindando a caos
A noite escura
A estrada perdida
A motivos vazios
Bebendo...
Toca Motorhead toca...
RODRIGO CABRAL
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COISAS PELO CAMINHO

 
 
 
A gente deixa coisas pelo caminho que as vezes quer de volta...perdemos sonhos que surgem de novo do nada em noites tranquilas e as lagrimas brotam...
A gente tem saudades que nunca morrem nem se saciam
Existem tempos em nós que são tão únicos que ainda que mil anos mais se viva jamais serão igualados.
As vezes obtemos respostas amargas para problemas simples
As vezes respostas simples para dores complexas
A gente nem sempre sabe pra onde vai e nem sempre assume de onde vem
Desfazemos amizades por causa de politica ,desprezamos pessoas por escolhas religiosas
Evitamos aqueles que nos parecem estranhos
Ignoramos indivíduos por sua opção sexual ou sua classe social
E o tempo vai...o tempo sempre vai...
Um dia você desperta com 60 anos e pouco a fazer na vida
Um dia você talvez olhe pela janela e perceba o vazio daquilo que não construiu...
Não estou dizendo que se deve amar todas as pessoas
Amar ao próximo não é fácil nem é viável ao menos na total concepção da palavra
Mas o que tens feito dos teus dias?
Pra quem tens olhado com tolerância?
A quem tens ignorado?
A gente deixa as coisas pelo caminho as vezes ...
E as vezes...as vezes quer de volta...
RODRIGO CABRAL
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SOBRE COTAS.

SOBRE COTAS.
 
As vezes fico com medo do que estamos nos tornando...sabe por que sou contra cotas de qualquer tipo em quaisquer questões?Cotas raciais,de gênero ou seja la quais forem? Por que o simples fato de existir uma cota é uma indignidade ,o simples fato de precisarmos de cotas é uma afronta...não existem cotas não existem gêneros,não existem tipos,não existem classes sociais...só existem PESSOAS...estamos nos catalogando...nos etiquetando ...me causa repulsa isso. E não não estou aqui defendendo o fim da existência das cotas,poupe seu discurso politico por favor...ao contrario que as cotas continuem existindo ...enquanto os humanos não se portam como humanos,enquanto a estupidez for maior que o bom senso que elas existam...eu só não quero e não vou velas como justiça...ao contrario ...eu as vejo como dolorosas provas de nossa ignorância coletiva...devíamos encarar cotas como uma espécie de troféu reverso...a cada vez que se cria uma devia vir grafada com um selo..."AQUI MAIS UMA VEZ DEIXAMOS DE SER HUMANOS PARA SERMOS IMBECIS PRECONCEITUOSOS" A cota de fato garante o direito de muita gente a ter acesso ao que devia ser de fato simplesmente seu por mérito. E isto é triste demais...não são as cotas que estão erradas...e sim a sociedade que gera o a necessidade delas existirem.
Enquanto a educação que se da aos filhos em casa for esta que ai esta...as coisas serão assim...Somos números ,somos etiquetas,somos rótulos ,somos gêneros...que triste.
RODRIGO CABRAL 
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ULTIMA CARTA

MÃE.

Acho que isto é uma carta.
Perdi o habito de escrever cartas...acho que nestes dias de e-mails whatsapp e sms quase todos perdemos. Mas existiram dias em que escrever cartas era um prazer que eu tinha contudo escrevi poucas...para poucos. Como tantas coisas na minha vida, devia ter feito mais...devia ter sido mais.
Mas hoje a saudade bateu forte...voltando pra casa em mais um dia comum e rotineiro ela veio pesada.
Saudade de você...falta imensa de você...mãe!
Vim lembrando pelo caminho do teu rosto,do teu jeito...vim fugindo pro passado...pra dias mais fáceis ...
Tuas expressões tão suas...como esquecer?
"conosco ninguém podosco" O que queria dizer isto mãe?
Me fazia rir quase sempre...as vezes me irritava...me irritava fazendo rir ao mesmo tempo...
"Amor só se da,se amor se ganha também"...lembro de você cantando isto em geral pra me afrontar...
"Vem...vem aqui dar uma de vile que tu vai ver"...vili mãe?
Algo haver com vilão eu sempre supus...nunca perguntei ...devia ter perguntado.
Você cuidando das plantas no quintal...brigando com os cães ...mas cuidando deles
Tua preocupação com os que estavam longe...e com os que estavam perto...
Quando aprendeu a mexer no celular novo...chorou por que achava que não conseguiria...
Pulou e me beijou feito uma menininha quando consegui por o toque que tanto gostavas neste celular...
O toque ainda é o mesmo mãe...quando toca só me vem você a mente...quando toca é você que esta aqui...quando toca meu coração para um pouco.
O sorriso...sempre amplo...
O olhar...ainda mais belo olhar azul que ja vi na vida
E sei que vou morrer sem conhecer outro tão belo
As brincadeiras com as crianças...assustando a todas com a prótese dentaria...
Vinha a meu quarto quando precisava desabafar...
Ha mãe...nem sempre eu soube ouvir...nem sempre eu soube ajudar...nem sempre...
Agora dói tanto...não poder mais...
A vida mudou tanto desde que você se foi...
As coisas ficaram mais obtusas duras...frias
A vida não ficou melhor...
Mas seguiu...mudou ...por que é isto que a vida faz...
Ela segue...
Mãe eu conheci alguém...e decidi me dar uma chance de sonhar de novo...
Tantos medos ainda presentes...tantas memórias ruins...
Mas ela abriu portas em mim que ninguém sequer suspeitava existir...
Hoje tenho um outro olhar em minha vida,não é azul como o teu...é esmeralda mãe...
Quando a Isabel esteve aqui em casa...quando a vi andando pelo quintal em que você andou , cozinhando na cozinha em que você cozinhou...falando com meu pai...eu pensei tanto em ti em tantos momentos...
Mãe você teria gostado dela...eu sei que sim.
Tem algo nos meus olhos agora...ta dificil de escrever sem errar as teclas...vou ficar por aqui até por que esta é uma carta sem destinatário ...nunca mais escrevi cartas,nunca escrevi pra você antes...
Ironia que quando o faço você seja a unica que não vai ler.
Te amo mãe.

RODRIGO CABRAL

Saiba mais…
CPP