Posts de Samuel De Leonardo (73)

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TRIBUTO AOS AMIGOS (incluindo as AMIGAS)

TRIBUTO AOS AMIGOS
(incluindo as AMIGAS)


Amigos tenho alguns
Tenho alguns Amigos
Amigos novos
Novos Amigos
Amigos antigos
Antigos Amigos
Amigos velhos
Velhos Amigos
Amigos verdadeiros
Verdadeiros Amigos .
Amigos presentes
Ausentes Amigos
Amigos de fé
Fé nos Amigos
Amigos irmãos
Irmãos Amigos
Irmãos de sangue
Sangue Amigo
Amigos de alma
Almas de Amigos
Amigos distantes
Distantes Amigos
Amigos que chegaram
Amigos que partiram
Amigos de Amigos
Amigos que somaram
Amigos que dividiram
Amigos reais
Até Amigos das redes sociais
Amigos que já me esqueceram
Amigos que não esqueço jamais
Amigos das minhas histórias
Histórias com os meus Amigos
Amigos de sempre
Serão sempre Amigos
São todos Amigos especiais
Especiais Amigos 
Trago todos comigo
Amigos de verdade
Verdadeiros Amigos
Amigos não desaparecem,
Amigos permanecem vivos na memória,
Uma grande verdade,
Amigos estão arquivados na pasta da saudade.
 

Samuel De Leonardo (Tute)

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HOUVE UM TEMPO

HOUVE UM TEMPO


Houve um tempo onde as manhãs eram mais radiantes
Houve um tempo onde as noites eram misteriosas                                                                                                                               Houve um tempo  onde tinham muitas estrelas no céu
Houve um tempo onde a brisa era mais suave
Houve um tempo onde tinham mais flores nos jardins
Houve um tempo onde andar na chuva era divertido
Houve um tempo onde os amigos estavam presentes                                                                                                                              Houve um tempo onde as canções tinham mais ternuras
Houve um tempo onde o fruto tinha mais sabor                                                                                                                              Houve um tempo onde o palhaço tinha mais graça                                                                                                                          Houve um tempo onde o mágico era magistral                                                                                                                                Houve um tempo onde a inocência era a nossa essência
Houve um tempo onde o futuro estava ano-luz à frente
Houve um tempo onde os ponteiros do relógio caminhavam lentamente
Houve um tempo onde éramos eternos
 

Samuel De Leonardo (Tute)

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NHEN-NHEN-NHEIM

NHEN-NHEN-NHEIM

 

Logo de manhã, o fanho, depois de ter sonhado um sonho repleto de emaranhados

e de coisas estranhas, molhando de suor a fronha, foi fazer a caminhada e,

após o banho, ficou acanhado ao ouvir a campainha.

Era a medonha vizinha oferecendo um cafezinho,

bolachinhas e manteiga no pãozinho quentinho,

deste tamanho.

 

Envergonhado, diante do ocorrido, enquanto o seu gatinho "minhava",

portou-se enfadonhamente, se escondendo para que ela

não visse sua cara toda amarfanhada,

 

Ficou bem quietinho no cantinho da cozinha, sequer acendeu a luz e,

no escurinho, falou baixinho: "Nhe-nhe-nhem, quem nhé?"

E o gatinho ao presentir a proximidade da vizinha engatinhou até a porta,

com suas patinhas arranhando-a, gastando suas unhas.

 

Mas a vizinha, coitadinha, era surdinha,

não escutou nadinha e deixou um recadinho escrito em duas linhas:

"Quando estiver sozinho toque a minha campainha ou deixe um bilhetinho,

prometo tratà-lo com muito carinho.

Assinado: Carminha, a vizinha".

 

Diante da façanha, o fanho assanhado que andava muito tristonho

se revelou um sujeito tacanho e safadinho, desta vez não fanhou,

mas pensou todo risonho: "terei um ganho, essa vizinha vai entrar na minha,

vai acabar no meu ninho. Ela aínda dá um bom caldo, um bom caldo de galinha."

 

Nota do autor : O texto não é tão bonzinho, mas também não é tão ruinzinho.

 

Samuel De Leonardo (Tute)
 
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APENAS

Uma singela homenagem à minha nora:

 

APENAS

 

Não é arrogante

Não é pedante

Nem faz dilema

É simplesmente

um belíssimo Tema

 

Não é miss

Não é artificial

Nem atriz de cinema

É simplesmente

de uma beleza Plena

 

Não é alta

Não é grande

Nem pequena

E simplesmente

elegância em Cena

 

Não é ventania

Não é vendaval

Nem brisa amena

É simplesmente Serena

 

Não é ruiva

Não é loira

Nem morena

É simplesmente Lorena

 

Samuel De Leonardo (Tute)
 
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TANTO

TANTO

 

O que é um tanto

de um sofrer

para verter em prantos?

 

O que são prantos

de um verter

para sofrer tanto?

 

De tanto sofrer

sobrou um tanto

do que verteu de prantos

 

Verteu tanto

de um viver em prantos

que já não se sabe o quanto

 

Um tanto pode ser muito 

também pode ser pouco, 

talvez nem tanto

 

Verter tantos prantos

purifica e deixa em paz

deixa em paz e purifica

A ordem, tanto faz

 

(Resgatado pela memória - primavera de 1976)

 

SAMUEL DE LEONARDO (TUTE)

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CANÇÃO DO VIVER

CANÇÃO DO VIVER


Viver é ótimo.
É tão bom viver
Acho que não tem coisa melhor
Se tem, ainda não tive o prazer de conhecer

Um dia, outro dia, mais um dia...
Sempre tem um dia pra começar
Deixe a vida caminhar

Depois de cada dia vem a noite
É bom saber
É só fechar os olhos
Para outro dia amanhecer

A noite no seu negro manto
traz sonhos pra sonhar
E, enquanto dormimos,
A vida nos oferece tanto
Temos que aproveitar

É bom viver um  dia de cada vez
Assim a gente não se cansa
Deixe a brisa soprar nosso rosto
Acredite, sempre existe esperança

Quando criança, o dia era mais longo
O futuro estava longe demais
Agora o amanhã chega logo
E o hoje logo se vai

Nada é para sempre
Deixemos que a vida flua
Não sejamos egoístas
Um dia seremos apenas lembranças
Para outros, ela continua

Vivamos então cada momento,
Pois momentos são nuvens no céu,
São flores no jardim
São águas nos rios
Tem começo, mas também tem fim
Na verdade, sempre foi assim.

Viver é ótimo.
É tão bom viver
Acho que não tem coisa melhor
Se tem, ainda não tive o prazer de conhecer



SAMUEL DE LEONARDO (TUTE)

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LETARGIA

LETARGIA

Quero me lembrar quando você surgiu em minha vida
Quero me lembrar da nossa primeira vez
Quero me lembrar dos seus abraços
Quero me lembrar do seu perfume.
Quero me lembrar do sabor dos seus  beijos
Quero me lembrar dos seus carinhos
Quero me lembrar  das primeiras juras
Quero me lembrar de tantas coisas.

Mas são tantas as coisas que quero me esquecer.

Quero não me lembrar da nossa despedida
Quero não  me lembrar quando fora  a última vez juntos
Quero não me lembrar em qual momento
Quero não me lembrar em qual instante
Quero não me lembrar em qual lugar
Quero não me lembrar das últimas palavras.
Quero não me lembrar de tantas coisas.

Mas são tantas as coisas que quero me lembrar.

Por vezes imagino que talvez você nem tenha existido
Que foram apenas frutos da minha imaginação
Quem sabe foram sonhos  impossíveis, ou possíveis pesadelos.
Talvez não tenha acontecido nada
Que nunca teve a sua chegada
Que a tal de despedida sequer fora proferida.
Na minha mente é como se tudo tivesse se apagado.

A única certeza, de verdade, é que eu só me lembro que ainda não a esqueci.

 

SAMUEL DE LEONARDO (TUTE)

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QUINTAL

QUINTAL 


 Manhã de puro esplendor
 Sol brilhante, calor escaldante
 De um  dia perdido no passado
 Imagem que marcou um instante
 Flagrante que ficou gravado
 Acontecido em algum lugar
 O bichano perturbando a passarada
 Pousados sobre os pés de goiaba, limão e sabugueiro
 São pardais, canários, sabiás,  todos pássaros passageiros
 O Lulu também dando o seu recado
 Espanta o gato e as galinhas foragidas do galinheiro
 Até o galo, senhor das rinhas, deixa de ser o rei do terreiro
 Maritacas sobre o telhad
 Fazem algazarras, tagarelando
 A dona de casa atarefada
 Acordou cedo, já trabalhando
 Roupas espalhadas pelo chão
 A mulher esfrega cada peça
 Uma a uma com a pedra de sabão
 Bate a roupa com força na beirada do tanque
 Bate forte, como nunca se viu
 Deposita tudo numa grande bacia
 Deixa de molho na mistura do anil
 Enxagua camisa, calça, anágua
 Torce com vigor, também como nunca se viu
 Não desperdiça uma gota d'água
 No varal as coloca para quarar
 Roupas estendidas simétricamente
 Lado a lado um mosaico a formar
 Satisfeita, a mulher se retira, finalmente
 Merece descansar
 Enquanto  isso, lá fora no quintal
 Maritacas agitadas conversam sem parar
 O bichano ameaça a passarinhada
 Enquanto eles permanecem no arvoredo
 Quietinhos no ninho, guardando segredo,
 Lulu persegue o gato, pura brincadeira, 
 Atormentando o animal
 Galinhas voam feitas loucas
 O galo nem aí, só no cocoricó
 É sabido, galináceos têm voos curtos,logo esbarram nas roupas
 Estas ficam sujas, sujas de dar dó
 De repente o gato esbarra  na madeira
 A barra que sustenta o varal
 Toda a roupa cai por terra
 É mais uma história, talvez banal                                                                                                                                                           Mas toda história, uma vez contada, se eterniza, nunca se encerra.

  SAMUEL DE LEONARDO (TUTE

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ESCOMBROS

ESCOMBROS

Hoje, pensando nela
decidi fazer uma  visita.
Faria uma surpresa,
desafiaria o acaso.
Fui ao encontro dela,
mesmo sabendo,
estava fora do prazo.

Percorri os mesmos caminhos.
Caminhei no mesmo ritmo de outrora,
subi ladeiras, desci escadas.
O coração bateu forte.
Contei cada um daqueles degraus,
treze, o número da sorte.

O jardim daquela casa,
onde com audácia roubei uma rosa
e entreguei a ela todo prosa,
lá não mais estava.

Aquela árvore, toda frondosa
onde numa tarde de verão
com o canivete gravei o nome dela
já não existia, não existia não.

Dobrei a esquina, atravessei a rua,
pisei as mesmas calçadas,
estavam bem diferentes
de quando felizes passeavamos de mãos dadas.

Contudo, na ilusão do reencontro
segui resoluto, segui em frente.
No endereço, onde houvera momentos felizes em vida,
hoje tem outra construção
Aquela casa fora demolida

Nada daquilo ficou,
sequer o portão azul, de madeira,
testemunha de nossos desejos,
que acobertava, de certa maneira, 
despedidas repletas de beijos,

São escombros sobre os sentimentos
Tudo passa, tudo termina
Despertei para a realidade
Fui ao encontro daquela menina
Encontrei apenas saudade.

SAMUEL DE LEONARDO (TUTE)

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RECADINHO

RECADINHO

(Tributo à amizade)

 “Se me esqueceres, só uma coisa, esquece-me bem devagarinho.’’ (Mário Quintana)

 

Às vezes, repentinamente, me dá uma imensa saudade de algum momento com alguém compartilhado. Esse sentimento pode estar cativo em uma canção, contido numa frase, sentido num perfume, relembrado num sabor, retido num gesto, expresso num olhar, recordado num sorriso ou, até mesmo, represado em uma lágrima.

Uma recordação saudosa que pode ter ficado impregnada na poeira soprada pelo vento quente de uma tarde de verão, ou nos raios de sol que brilharam numa manhã de puro esplendor. Talvez tenha se alojado no brilho prateado de uma magnífica noite de luar. É também possível que a chuva tenha levado para os rios cada uma daquelas gotículas dos momentos desfrutados e os rios as tenham depositado na imensidão dos oceanos – e, por lá, elas estejam recolhidas, inertes.

Enfim, pode ser algo que tenha ficado no pouco do muito ou no muito do pouco de um instante que agora vaga no infinito do passado.

Pode ser que você já nem se lembre de que instante foi esse. Por outro lado, também podem aflorar em suas memórias instantes comigo compartilhados, dos quais eu não consiga lembrar, talvez. Outra hipótese é que você até se lembre do fato, mas não de com quem ele se passou.

Contudo, confesso que sempre me lembrarei da amizade construída e vivida em momentos felizes porque, ao recordar, mesmo que à distância e transcorrido tanto tempo, convenço-me do como nossa amizade tem significado e do quanto deixou uma marca sólida no tempo, que só a saudade é capaz de resgatar.

 

SAMUEL DE LEONARDO (TUTE)

 

 

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SEM PALAVRAS

SEM PALAVRAS


Já não sei o que digo,
Já nem sei o que falar
Se me calo corro perigo
Se falo, pede para me calar.

As palavras têm força,
Mas se perdem pelos ares
Só peço que me ouça
Que me escute antes de julgares.

Quando calo pede que fale
Quando falo me corta na hora
Só o que diz é o que vale
Se fico, pede para ir embora.

Cansei de suas ameaças,
Obedecer os seus caprichos.
Impossível viver sob mordaças
És infeliz, não tenho nada com isso.

Um dia fui seu querido
Hoje vivemos em contendas
Sem chances, sequer sou ouvido
Acabou o diálogo, restam legendas

Não é justo eu ficar mudo
Quando se tem razão
Paro por aqui, largo tudo
Prefiro viver no silêncio da solidão.

 

SAMUEL DE LEONARDO (TUTE)

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PROFISSÃO DE FÉ

PROFISSÃO DE FÉ

O meu Deus não tem religião.
O Deus que é o meu, é o mesmo que o dos ateus.
O Deus no qual acredito é Tudo do Todo, é o Todo de Tudo.

O meu Deus não é vingativo
Perdoa, sem julgar
Não impõe ao filho o castigo
Não desvirtua o significado amar.

O meu Deus não causa dor,
Não propaga a destruição
Sendo ELE o criador, ao filho não nega a salvação.

Nas minhas preces sempre peço a ELE que me ajude.
Pode dar certo ou dar errado, depende da minha atitude.

NELE acredita quem quiser
Minha fé é de um crente
A solução dos problemas depende do que eu fizer
Milagre talvez exista, é algo latente

Penso que ELE não seja exigente,
Não cobra horas de oração
Acredita em toda a gente
Humilde, não suporta fanatismo,                                                                                                                                                          muito menos exacerbada devoção.

Para ELE não existe qualquer
segregação,
Sábio, inventou o "paradoxo",
Nos fez à sua imagem e semelhança, frutos da sua criação,
Embora seres singulares
somos todos iguais, simplesmente plurais.

Perguntas persistem:
E se Deus não existisse,
Em que o cético acreditaria?
Qual o significado do universo,
Para que tudo isso serviria?

São muitas as questões
Fatos que desafiam a ciência
Colocar tudo na conta DELE
É muita fraqueza e dependência.

Em nome de Deus, criaram critérios
Usurparam conhecimentos, esconderam segredos.
Sem respostas, atribuíram mistérios.

Proibiram os prazeres e criaram o castigo, nunca o sim, sempre o não.
Instituíram o pecado, impuseram o medo,
Inventaram a religião para vender a salvação.

O Deus no qual acredito é Tudo do Todo, é o Todo de Tudo.

O meu Deus não tem religião.
O Deus que é o meu, é o mesmo que o dos ateus.

 

SAMUEL DE LEONARDO (TUTE)

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TRIBUTO

TRIBUTO

Hoje eu sei, não morri ontem
Vivo estou ainda agora
Amanhã, não me contem, 
Ninguém sabe a nossa hora.

O que vivi aínda é insuficiente
Não almejo louros e glórias
Muito tenho em minha mente
Quero viver ainda muitas histórias.

Vivemos momentos absolutos
Você que me estima de verdade,
Quando morrer não quero tributos
Basta o silêncio, não quero alarde.

Longe de receber homenagem
Não sofra, não sinta saudade
Afinal é apenas uma viagem
Da qual partiremos, cedo ou tarde.

Estamos todos fadados ao óbito
Seja pobre, rico, ou remediado
Todos se vão, do péssimo ao ótimo
Não escapam o certo e nem o errado.

Serei mais uma estrela  no universo
Habitando o mundo da eternidade
Transformado em rimas de um verso,                                                                                                                                                    Sonhando sonhos de verdade

Não quero ser nome de avenida
Isso não tem a menor graça
Rogo dignidade após vida
Sem ser referência de uma praça.

Vista-me e esqueça o luto
Não dispense o meu terno novo
O final aqui é certo, é resoluto
Mereço chegar lá bem garboso.

Algo ainda eu te peço
Dispenso choro, flores e velas
Na cabeceira do meu leito
Um quadro com a foto dela.

Ao lado do meu corpo inerte,
Enquanto o espírito dele se separa,
Antes que a alma por lá desperte,
Ligue o som com as canções do Taiguara.

 

SAMUEL DE LEOANRDO (TUTE)

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SOPA DE LETRINHAS

 

SOPA DE LETRINHAS

A letrinha "A" estava só e pediu socorro para a "B" que, por sua vez, recorreu à vizinha, e logo se fez o ABC.  Na sequência, vêm as letras que formam o alfabeto, uma grande invenção, com elas se escreve afeto, que faz bem ao coração.

Palavras são constantes, constam do abecedário, moram no dicionário. Vogais são letras que também podem julgar. Consoantes harmonizam o nosso falar. O verbo é ação, dele depende a expressão do momento, difícil de conjugar. Nem sei o que escrever quando cruzo com o verbo amar, enlouquece o sentimento, nem sei com o que rimar.   

Com a vogal “A’, na hora agá e bom humor, faz-se o amor, num descuido se desmorona, troca por amora ou aroma, se perde e logo chega à Roma. Quando a maré está pra peixe, amar é tudo, de amar nunca deixe.

Tudo é uma brincadeira que faz bem à alma.  O ovo é do vovô, vovô não é novo. Não, o ovo é da pata, essa confusão ainda acaba em tapa, mas é só acrescentar o "C" e tudo vira calma. A alma é eterna, terna é a alma.

Se a aranha o vaso arranha, o sapo a aranha apanha. É um emaranhado, uma trama digna de um drama. E se o apreço não tem preço, eu logo me apresso e peço, não posso, não tenho posse.

A valsa é um sonho, o amor uma serenata, já a salsa é um ritmo e uma erva medicinal, uma é dança quente, a outra faz chá para doente. Chocolate é uma delícia, mexe com a mente, Choco late, mas não morde, meu cãozinho é manso, não se avexe minha gente. O vinho vem da vinha, da vinha o vinho vem, se aprecia, babe e beba do cálice, ou cale-se para sempre.

Dançar frevo eu não me atrevo, já o bolero é um lero-lero, são dois pra lá e dois pra cá. Samba só se for canção, que lembra um tipo de cueca feita de algodão, que ao ronco da cuíca deixa o bicho folgadão.

Uma incógnita, se a letra é muda, por que o som é emitido, um absurdo que nada muda. Não é ignorância. Mesmo assim a palavra é absoluta, desafia o cognitivo e age por instinto, tal qual a embriaguez, objeto do absinto.

Sutis como eles só, assentos são para sentar e acentos são para acentuar, pode dar um nó. É um sinal gráfico que alguma palavra traz, realça a sílaba e define se ele é éle e se eles acentos têm e, se não souber, aprenda, corra atrás.

Travessão é um sinal que inicia uma expressão (aqui um parêntesis, por vezes substitui a vírgula). Três funções exerce a vírgula, controla até a respiração. Ponto final encerra a sentença, é absoluto só cede para a interrogação e para o ponto, o ponto de exclamação!

O ser, ora veja, bebe quase tudo, bebe cerveja, que é feito de cevada. Não bebe cachaça e rechaça, com medo de ter a saúde ceifada. Ela vem da cana e já botou muita gente na cama.  Para curar a ressaca toma café, com fé na cafeína.

O Sol bronzeia a pele e a Terra ele aquece, sem manhas vem todas as manhãs, nunca se esquece. O sal tempera a carne, alimenta e apetece. Acordar cedo isso eu não faço, nem se sede desse. Então, desce um acordo, dou um doce se concordar e sedo, se cedo  acordar.

O coco por dentro é oco, dele se faz a cocada, de cada banana vem a bananada. A casa do índigena é oca, a do coelho é a toca. Quem se abana e nada, não se afoga, para a folga cada um tem a sua cota.

Dó, ré, mi são partes da partitura, importante na melodia, assim como o mel o dia adoça. A ré, sem dó, vai pra frente se ela for inocente. A parada é uma marcha cívica, onde o patriota o hino sente.

Rimar com mar é fácil, difícil é seguir sem rumo, sem conhecer o outro lado do muro. Tem o lobo na espreita, o lobo não é bobo, muito menos tolo, ele não respeita, da vovó quer o bolo.

Acender uma vela lava a alma e a deixa leve. Está no livro Sagrado, quem peca e da reza se vale consagra e tudo zera para ao céu ascender.  Chegar ao paraíso é a meta, mas para isso não se meta em tentação. Faça por merecer, tenta a ação.                                                                       

Toda forma de escrever é permitida, na chegada ou na partida. Na estação desta vida nem toda ida é a partida, nem toda partida é a ida.  Assim é repartida, ida ou volta, volta e meia dividida.

No princípio o verbo era Deus, um milagre da vida, no final o que resta nesta ordem é a palavra adeus.

 

SAMUEL DE LEONARDO (TUTE)

 

 

 

 

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OS CISCOS EM MEUS OLHOS

OS CISCOS EM MEUS OLHOS

Todos podem ver que tenho uma doença que não é boa, nenhuma doença é boa. Todos pensam que sou forte. Tenho que ser forte. É uma questão de honra, não posso desapontar todos aqueles que me querem bem. Preciso ser forte, mostrar-me forte. O tempo todo.


Quando criança ouvia os adultos afirmarem "homem não chora", como se chorar fosse sinônimo de fraqueza. Então escondido, chorava baixinho, ouvindo sozinho os meus soluços, por vezes simulávamos um cisco nos olhos.


A gente cresce acreditando que aquilo de "que homem não chora" é verdade. Uma vez adulto, é impressionante a quantidade de ciscos que entram em nossos olhos. Insistimos em ouvir baixinho os nossos soluços, receosos em se expor.


Não tenho receio em me expor, mas raramente alguém comenta comigo sobre as minhas condições, parece que não ficam à vontade para falar do assunto. Percebo uma certa distância. Mas falar sobre o Parkinson, particularmente para mim,  é uma forma de desafogar e desmistificar a síndrome. Compreendo perfeitamente a posição daqueles que se esquivam do assunto. Compreendo e até entendo...

Tenho lutado o máximo possível nos últimos anos, doze anos. É uma luta sem igual, até agora tenho vencido quase todos os rounds, sempre atento para não ser nocauteado, mas no final eu sei que perderei, por pontos ou por nocaute.
Na melhor das hipóteses, tenho uma série de rounds para enfrentar. Na pior, me refugiar no canto do ringue e esperar os golpes pacientemente, sem reagir.

Um momento, acho que entrou um cisco aqui nos meus olhos. Pronto, parece que saiu.

Bem sei que o que me aflige não é uma condenação, mas não creio que a ciência tenha a curto ou a médio prazo uma solução para a cura  absoluta, me resta então seguir o tratamento e as orientações dos profissionais da saúde. 

Tentamos ludibriar o cérebro, exercitando o cognitivo, porque é muito fácil entregar o jogo, tornar-se negativo e ficar isolado em casa contemplando as paredes e marcando a bunda no sofá. É necessário ser resiliente, detectar o lado positivo dos fatos e não ceder em momentos difíceis. Não é fácil.

Caramba, outro cisco? Um momento, está saindo.

Manter-se vivo não depende da nossa vontade, somos meros mortais sujeitos às "variáveis incontroláveis" que a vida proporciona a cada ser, pois a vida neste plano, assim como bem sabemos, é finita.

Não podemos  prever o dia  da nossa partida,  mas desejo muito ter uma velhice com qualidade, podendo desfrutar os bons momentos com familiares e amigos queridos.

Resistirei o quanto puder. Desejo viver o tempo suficiente, o tempo que eu merecer, controlando a minha saúde, mesmo sabendo que as "variáveis são incontroláveis".

Ah, em tempo, obrigado por me ouvir e entender "os ciscos em meus olhos".

"Não importa o quanto você bate, mas sim o quanto aguenta apanhar e continuar. O quanto pode suportar e seguir em frente."  Rocky Balboa

 

SAMUEL DE LEONARDO (TUTE)

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TODAS AS MARIAS

TODAS AS MARIAS

De tanto amar em profusão,
De tantas mulheres cortejar,
Trago o nome delas no coração,
Cada uma tem o seu altar.

Todas Marias Santas,
Santas Marias, Santas Benditas
Marias e Marias, Marias Tantas
Tantas Marias, Marias Bonitas.

Ana Maria, e Maria Anita,
Cada uma com a sua beleza,
Todas mulheres catitas,
Sempre lembradas, com certeza.

Bruna Maria e Maria Beatriz,
Uma mais bela que a outra.
Contudo, não sei com quem fora feliz,
Talvez com muitas, talvez com poucas.


Claudia Maria e Maria Carolina,
Mulheres lindas, umas experientes
Outras ainda meninas,
Mas garanto, todas envolventes.

Daniela Maria e Maria Dora,
Cada uma com sua qualidade.
Pena que tenham ido embora
Deixando um pouquinho de saudade.

Ellen Maria e Maria Eunice,
Das mais diversas etnias.
Se me amaram, nenhuma me disse,
Recordo delas todos os dias.

Maria Fernanda e Maria Fabiana,
Não as tinha como preferidas
Mentira, segredo de quem ama
Verdade, todas  por mim queridas.

Maria Gorete e Maria da Glória
Anjos em pessoas,
Felicidade que fez história,
Sobram recordações boas.

Glenda Maria e Maria Hortência,
Exuberantes particularidades
Para cada detalhe uma preferência
Para cada preferida uma saudade.


Helena Maria e Maria Imaculada
Nomes fortes de poderosas
Mulheres de fibra e determinadas                                                                                                                                                                                        Digo sem receio, muito valorosas.

Jacira Maria e Maria Karina
Muito lindas, vozes roucas
Mulheres com jeito de meninas,
Por vezes inocentes, por vezes loucas.

Luana Maria e Maria Lucia
Meninas gentis, elegantes
Corpos  divinais, cútis de pelúcia
Vozes lindas, palavras insinuantes.

Maria de Lurdes e Maria Leonor
Não eram bonitas apenas
Cada qual com o seu pudor
Seus beijos, dignos de cinema.

María Madalena e Maria Nélia,
Cada uma tinha lá a sua beleza
Não direi quem era a mais bela,
Mas todas amei com certeza.

Neusa Maria e Maria Nanci,
Todas de olhares brilhantes.
Confesso, iguais eu nunca vi
Sem contar, sorrisos contagiantes.

Olívia Maria e Maria Odete,
Meninas belas, atraentes.
Corpos perfeitos, de vedetes,
Um tanto ingênuas, bem inocentes.

Maria Paula e Maria Patrícia,
Cútis impecáveis sem defeitos,
Carregadas de malícias,
Todas de corpos perfeitos.

Regina Maria, Maria Renata,
Desabrochando, na flor da idade.
Lembrança que me mata,
Que me mata de verdade.

Quênia Maria e Maria Quitéria
Mulheres todas amorosas
todas mulheres sérias
Além de bonitas, carinhosas.

Selma Maria e Maria Sandra
Um dia foram embora
Não sei por onde cada uma anda
Voltem, por favor, sem demora.

Telma Maria e Maria Thais
Foram bem marcantes
Com elas um dia fui feliz,
Sem elas, nada é como antes.

Úrsula Maria e Maria Umiracema
Beldades de prender respirações
Não dá pra negar o meu dilema
Mexeu com minhas emoções.

Vânia Maria e Maria Vera
Verdadeiras rainhas.
Rainhas e donzelas
Bem sei, não foram só minhas.

Wima Maria e Maria Wanda
As duas de corações ardentes
Moveram esta ciranda
Feito drogas, drogas entorpecentes.

Xenia Maria e Maria Xerazade
Na questão tinha um "xis"
Como um jogo da verdade
Quase que deu certo, foi por um tris.

Yeda Maria e Maria Yone
Lembro delas dia e noite 
Não esqueço sequer um nome
Saudade na alma é um açoite.

Zaira Maria e Maria Zoé
Moças cândidas e religiosas
Nutridas de pureza e muita fé
Contudo, todas primorosas.

Outras Marias eu tive em mente,
Frutos da minha imaginação.
Tentações de uma serpente,
Antídoto da minha solidão.

Todas foram minhas namoradas,
Mas sempre tem as preferidas.
Não direi qual o nome das amadas,
Todas foram por mim queridas.

A conta não é de mentiroso,
São  nomeações calculadas.
Nem se fosse o homem mais gostoso
Teria tantas namoradas.

Ousei ao usar todo o alfabeto.
Contudo, encerro a lista.
Para elas deixo o meu afeto,
mesmo que nenhuma sequer exista.

São tantas as Marias neste enredo.
Faço aqui uma revelação,
Uma delas existe de verdade, seu nome é segredo
Está bem guardado no meu coração.


SAMUEL DE LEONARDO (TUTE)

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O MEU CARNAVAL

 

O MEU CARNAVAL

 

Feriadão prolongado eu mereço

A gente cansa de descansar

O copo de cerveja, meu adereço

Neste carnaval vou arrasar.

 

Não é fácil assistir à cobertura

A gente acompanha a escrita:

"Alô comunidade, abaixo a ditadura

Canta cavaco, chora cuíca."

 

Os nomes são bem ousados,

Mensageiros da Aleluia

Acadêmicos dos Coitados

Grêmio Unidos das Cucuias

 

Lá vem outra escola

Minha cabeça mistura enredos

Pobre fica rico, rei pede esmola,

Com a PF não têm segredos.

 

O refrão é repetido, nada de novo:

"Canta cavaco, chora cuíca.

Alô comunidade, canta meu povo."

Vence quem trabalha, quem acredita?

 

Agora vejo tudo misturado

A bateria dá uma recuada

Passistas passam ao lado

De repente, tá tudo ajeitado.

 

Outra escola, outros temas

Circos, plantas e terras distantes

Lutas, culinárias e até cinema.

Tudo passa rápido em instantes.

 

E continua o desfile espetacular

Rainhas transformadas em feras

Operários que vivem de trabalhar

Tudo isso colorido na minha tela.

 

Outras escolas, outros motes

Brasileiros pedindo socorro

E dá-lhe close nos lindos decotes

Ah não, assim eu morro.

 

Os comentários são ufanistas

Difícil de escutar, quem resiste?

Tudo é belo, é futurista

É o Brasil provando, Ele existe.

 

Olha a escola aí gentem!

Coisa linda esse colorido

As imagens nunca mentem

Viva o nosso povo sofrido.

 

O carnaval é um mundo à parte

Tira-se a roupa, veste-se a fantasia

 Coisas ruins vão para o descarte

Fica a felicidade, resumida em utopia.

 

Por aqui quem dá o tom é a patroa

Enquanto as alas giram com gana,

Por uma coisinha à toa,

A dona da casa roda a baiana.

 

A apuração não perco por nada

Dez no quesito do baixo calão.

Enquanto resolvem na porrada,

A escola me ensina novo palavrão.

 

Meu carnaval é todo agito

Minha fantasia é o pijama

O samba enredo vai no grito

Desligo a TV e vou pra cama.

 

SAMUEL DE LEONARDO (TUTE)

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ABACA XIS

 

Este Brasil é a cara de Denorex.

(Parece mas não é)

Políticos que só Mentex

Inventaram um tal de duplex,

Não colou nem com Durex.

Depois fizeram um rolo com Rolex

Agora, desvendaram uma tentativa de golpex.

Aqui o povo não tem um segundo de rilex.

È tanta pancada, só tomando Dorflex.

Pensei em jogar a toalha,

mas fiquei com pena, é de grife, é Artex.

Já não escolho bebidas, virei um bêbado Flex.

Com sede, bebo de tudo, de Dolly até Sedex.

Se tem arroz, não tem feijão.

Se tem feijão, não tem arroz, na Marmitex.

Só confio no meu cãozinho Rex.

Minha cabeça gira, gira, tal qual Giroflex

Estou endoidando, estou Pirex.

Já que a gente sò se fudex,

o jeito é se proteger usando Joãotex.

 

Samuel De Leonardo (Tute)

 

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PÁGINAS MARCADAS

PÁGINAS MARCADAS

 

Num cantinho da estante

encontrei um livro de gramática,

de um tempo já distante,

onde aprendi função sintática.

 

Capa dura, um tanto empoeirado.

folheando, encontrei um bilhete,

um pedaço de papel amarelado,

como se fosse um lembrete.

 

Marcava a página de uma poesia,

nele um coração desenhado 

e a frase, "eu te amo noite e dia,

que fique aqui eternizado".

 

Noutra página, mais adiante,

um papel de bala de aniz,

uma mensagem insinuante

estampava a marca "Feliz".

 

Outra página, me surpreendo,

encontro uma flor ressecada.

Quem ofertou ainda me lembro,

foi ela, a primeira namorada.

 

Isso me manteve ocupado.

Então me veio à mente,

quem teria me ofertado,

tão singelos presentes.

 

A vida é feita de páginas marcadas

dentro de um  livro, de verdade.

São muitas as ações elencadas,

o que fica é a saudade.

 

SAMUEL DE LEONARDO (TUTE)

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OS MEUS ENTAS

Quero registrar os meus agradecimentos às amigas e aos amigos que se lembraram do meu aniversário.

Muitíssimo obrigado pelas homenagens.

 

OS MEUS ENTAS 

 

Há muito entrei na fase dos entas,

árduo foi o caminhar até agora.

O tempo passa rápido, ligeiro,

logo leva os anos embora.

 

Primeiro vieram os quarenta,

passou logo, um tormento.

A visão diminui, o grau dos óculos só aumenta.

O meu caminhar já é lento.

 

Cheguei então aos cinquenta,

acredito ainda estar maneiro,

a mente quer, mas o corpo é todo enguiço.

Recebi prêmios, medalhas e selos "Meio século de bons serviços".

Ganhei barriga, perdi cabelos.

 

Logo vieram os sessenta,

Hoje só  penso naquilo,dia e noite, noite e dia

iludido à espera, daquilo,

a mísera aposentadoria.

 

Bate a saudade do tempo de criança.

Então, quietinho a gente se senta

pensando que ainda há esperança

esqueleto escangalhado, a alma atenta.

 

Contente por mais um enta,

hoje agradeço os votos dos amigos,

que bom desfrutar da sua amizade.

Ainda somos jovens, jovens antigos.

 

Vamos esperar os anos seguintes,

acredito que o coração aguenta.

Agora que completo sessenta e oito.

(Por favor, sem piadas sobre os sessenta e nove)

só faltam doze para os oitenta

confesso, ter amigos é o que me move. 

 

Contudo, aguardamos  os setenta,

com a vida plena de felicidade,

quem sabe ultrapassar os noventa,

ser apenas idoso, nunca velho, apesar da idade.

 

Se olhar mais adiante, também,

com um pouco de sorte,

espero chegar aos cem,

com corpinho sarado, serelepe  e forte.

 

Que assim seja, amém!

 

SAMUEL DE LEONARDO (TUTE)

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CPP