Cena trivial num barzinho de Birigui
Dia desses fui a um boteco com meu amigo Vavá. Pedi à atendente um chope e ele uma dose “daquilo que o passarinho não bebe”. Fomos servidos e de brinde veio um potinho bem suspeito de amendoins. Suspirei e tentei fazer de conta que o chopinho era o do Bar Pinguim, de Ribeirão, ou o do Bar Leo, da Rua Aurora. O amendoim, matutei, bem que poderia ser o rococó do Bar Leo ou o do Ponto Chic. Vi-me a filosofar, em silêncio: O que importa é a gente se sentir bem e ser feliz e exemplo disso se via no meu amigo. Que sorveu de uma vez a sua “branquinha”, fazendo uma careta medonha. - Se é bom assim, indaguei, - por que você faz essa careta? Vavá riu jocosamente e, com um punhado de amendoins na mão, respondeu rimando: - Você preferia que eu fizesse a cara da Maria Antonieta?
pedroavellar – janeiro 2022 – imagem da internet
Comentários
" O que importa é a gente se sentir bem e ser feliz..."
Disse tudo! Parabéns Pedro!
DESTACADO!
Muito grato e lisonjeado, Angélica!
Caro Avellar:
Gostei do texto e da ilustração. Já dei por encerrada minha etapa de ingestão de "espíritos" (para ficarmos na cativante e alquímica expressão inglesa), atendendo, há décadas, as exortações do fígado. E não tive oportunidade de bebericar em botecos de Birigui, até porque minha vivência de São Paulo é quase nula (embora, isso de bodegas, já tenha sido a minha praia). No entanto, como você acaba por colocar, por vezes um trago em Birigui vale mais que mil chopes no bem famoso Pinguim de Ribeirão Preto.
Abraço; j. a.
Com inteira razão, caríssimo. Gostei da expressão "ingestão de espíritos". Que talvez possa ter sequência espiritual, que não magoa o fígado. De fato, não tem preço o trago sorvido em boa companhia no lugarejo aprazível. Grato pelo comentário. Abraço!
Muito grato, caríssimo amigo.