Madrugada sem ponteiros

Então eu digo confiante e confiado

O negrume dos olhos ou mesmo a castanheira
Não tem o controle para impedir tão pouco refletir
No toque dos mais atentos embora eu não conheça
Quem consiga enxergar através da densidade dos oceanos

Mas existe um momento vestido de fraqueza
Que absorve a força de quando os mares revoltos
Envoltos em ilhas encontram a chama e recolhem
Devolvendo ao mundo em forma de energia e explosão

Da afinação desse encontro sutil ainda que intenso
Surgem os tons numa frequência que apenas a natureza percebe
E as nuvens testemunhas deslizam em cascata
Vindas de algum lugar detrás das colinas estendo se
Em um grande véu a receber o poder de proteger o vale

Os cascos reconhecidos na pressa dos relinchos
Levantam as gotas ao cruzar a emergência dos riachos
Gotas que molham e contraem seu corpo
Fruta atrevida que adoça meus lábios

E o fogo se espalha no ritmo dos violinos
Alterando a cor envolvente do horizonte
O carmim penetra a neblina e de longe
Já não se distingue entre a madrugada
E o fio vermelho do entardecer

Teu corpo desenhado pela terra
Esculpido pelo vento
Incorporado pela leveza
E iluminado pelo movimento das chamas
Grita gira e geme
Em passos felinos rodeia a língua de fogo
E se entrega ao calor

Mas a canção chega ao fim
Nos fios de seus cabelos
Cordas de um bandolim
Naquela hora sem ponteiros
Quando pude sentir
A força de todos os elementos
Vivos em harmonia...dançando dentro de mim.

Deus nos abençoe
Carlos Correa

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Comentários

  • Sensacional!!! Parabéns Carlos! 

    DESTACADO! 

     

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