Quem bem lê, bem escreve!

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Quem bem lê, bem escreve!

Passeando por uma avenida a procura de um bom restaurante deparei-me com a seguinte situação: no primeiro restaurante podia-se ler “Restaurante – Cumida caseira com galinha caipira”; passei direto.

Porém as coisas não melhoraram; mais adiante mais um anúncio: “Ceja bem vindo e esprimente a linguiça.” Bom! Pensei com meus botões: “Vejamos mais adiante!”

Não mudou muita coisa e comecei a sentir náuseas por causa dos erros ortográficos: “Servimos suco natural do pó do guaraná a flôr de zíaco do amazonas!!!” Bem criativo, sem dúvida!!!! Mas perdi o apetite ao ler mais um cartaz: “Comeu, morreu! Bar Lanchonete e Budega.” Que raios seria isso??? Fui perguntar e a “Budega” era uma adega de aparência duvidosa. Resolvi ir embora e cear em casa, na segurança de meu lar.

Mas nosso cérebro é danado! Não para nunca e assim foi pelo caminho: “ Todos os produtos desta mesa contém glúteos em sua composição!” e “Não vendemos cerveja fiado, por gentileza não exista!"

E aí foi um festival de placas onde fiquei com a impressão de que todas se reuniram num mesmo trajeto para uma pegadinha. Havia para todos os gostos e necessidades: “Carta omante e consultas espirituais”, “Aluga-se kitimeti”, Café Casa de Shol”, “Lava: jato fonçionano!” “Coma à vontade: Homens 9,00, Mulheres: 8,00.”, “Pudim de leite condenado!”; e assim foi uma overdose de desconstrução que culminou na morte da Língua Portuguesa.

E quando pensei que tinha acabado, eis que leio, bem na esquina de minha casa, o golpe de misericórdia: “Pra uma noite tranquila, coxão Max! Seus sonhus nunca seram os mesmos!” Nunca mesmo, vou ter pesadelos o resto da vida!

No aconchego de meu lar depois de uma farta ceia, preparada com todo carinho, decidi distrair-me na net. Leso engano. Antes tivesse ido dormir.

Diante da tela do computador fico abismada com a quantidade de erros cometidos e “assassinatos” à Língua Portuguesa. Será que vivemos tanto no automático que  permitimo-nos aceitar a maneira chula com que é escrita nossa Língua? Por que não a defendemos já que é tão bela? Por pura acomodação, penso eu.

Sim! É mais fácil fazer vistas grossas do que fazer campanhas e projetos de incentivos à leitura. Sim! Pois a medida em que adquirimos conhecimentos, tornamo-nos escritores e pessoas melhores.

Ao ler publicações idôneas, aumentamos nosso hall de palavras, enriquecemos nosso vocabulário, fazemo-nos entender.

Quando lemos bons autores absorvemos as regras quase que instantaneamente, educamos nossa mente à forma correta da escrita e conseguimos perceber erros. Ao fazer-nos entender, aumentamos nosso leque de oportunidades e as melhorias acontecem também em outras áreas de nossa vida. Crescemos e contribuímos para que a ignorância seja ao menos um pouco, erradicada.

Infelizmente ainda no Brasil o hábito da boa leitura não é incentivado como deveria e, quem fala e escreve correto é motivo de piadinhas. Tudo isso é o reflexo de governos omissos que sucateiam a educação em prol de interesses próprios.

É mais fácil governar um povo inculto.

Afinal, quem bem lê, bem escreve, bem conhece seus deveres, bem luta por seus direitos.

 

Maria Angélica de Oliveira 24/08/2018

Concurso Literário Biblioteca Ataliba Lago.

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Angélica

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Comentários

  • Temos que estar sempre dispostos a continuar aprendendo.Boa reflexão.Que todos me perdoem pelos erros que cometi e cometo ao ousar escrever português.Afinal,é dificil passar sem alguns erros.Vida que segue de olho na aprendizagem.Parabéns!

    • Obrigada Sirlânio pelo comentário.

  • Esse texto retrata bem a fisionomia brasileira quanto à saúde da leitura e, consequentemente, da escrita. Eu particularmente não gosto de abreviações, e se me pego escrevendo errado, me incomoda e trato logo de corrigir. Tem gente que vê que está escrito errado, mas nem se abala, talvez por costume ou mesmo por comodismo. Tenho comigo que Escritor, em hipótese alguma, deve deixar um texto escrito errado, em qualquer circunstância. Bela composição, mana.

    Aplausos!

    • Obrigada novamente pelo carinho maninho lindo!

  • Bela reflexão linguística, minha amiga. Penso que os internautas usam de abreviações que são próprias da construção comunicativa do meio tecnológico. Porém, existem muitas pessoas que desconhecem o uso padrão da língua portuguesa e desconhecem o linguajar próprio dos internautas (rsrs) e aí nos deparamos com frases e palavras escritas "como as citadas por você". Infelizmente, vivemos em uma sociedade que preza o ter, uma geração descartável, líquida demais. A leitura exige tempo de qualidade e paixão, perfil de concentração e paciência. E ambos estão escassos nesta geração. Ainda bem, que apesar dos pesares, não estão em extinção leitores e escritores. Estamos aqui para disseminar a semente da cultura, da poesia e, da alegria que é estar de posse de um bom livro, engajada em uma leitura gostosa. Bjim

    • Obrigada Jennifer pelo carinho.

    • Excelente explanação.

      Aplausos!

    • Obrigada maninho lindo!

  • É Angélica, escrever o mínimo correto possível está dífícil com o ensino defasado que vemos hoje em dia.A linguagem internauta tem contribuiído para que se escreva menos correto ainda com as abreviações indevidas dos verbetes e uma linguagem nova que eu nem entendo. Gostar de ler, nem sempre, é falta de incentivo porque eu nunca vi meus pais lendo e, no entanto, eu comecei a ler muito criança ainda. E meus filhos que cresceram me vendo sempre com um livro nas mãos, nunca gostaram de ler, liam só o que lhes era devidamente necessário para não serem reprovados. Já meus netos que não têm nos pais bons leitores gostam muito de ler,

    Gostei muito do texto! Partabéns!

    • Obrigada Marso querida pelo comentário. Em minha casa sempre tivemos muitos livros mas poucos  se interessaram pela leitura.

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