Terra Seca
Havia tanta miséria
que as pedras viravam comida
o tempo lento doía
e a vida secava na terra
abrindo ferozes feridas
Opacas as faces marcadas
com cheiro de mal nascidas
os lábios encorrugidos
e as almas desventuradas
nesta vida, todas amortecidas
Vida, vida com cheiro de morte
pois fogo queimava a vida
que transcendia sem qualquer suporte
mas que brilhava por ser tão pura
e só restando quem era forte
Nalguma noite olhares discretos
que perdidos por seus pensamentos
batiam cascos na terra dura
levantando nuvens de poeira
que carregavam as chuvas nas costas dos ventos.
Alexandre Montalvan
Comentários
Um quadro descrito de tristes, mas reais traços...
Poema forte e realístico!
Parabéns, poeta amigo!
Bjs!
Nina Costa
O sertão e este chão estriado mexem com nossos versos que se espicham em palavras
E transformam o feio em Belo. Aplausos!!
Poesia bela e fantástica parecida com o "Realismo Fantástico" mostrado na obra "Cem Anos de Solidão" de Gabriel Garcia Marquêz, um dos maiores escritores, colombiano.
Uma poesia que mostra o sofrimento, principalmente do nordestino,com relação a vida dura com A Seca que assola muitas das regiões do nordeste. Bela composição e sequência nas acertadas palavras do aurtor.
"O realismo fantástico ou realismo maravilhoso, sendo este último nome utilizado principalmente em espanhol. É considerada a resposta latino-americana à literatura fantástica européia".
Parabéns prezado Alexandre Montalvan
Antonio Domingos
Linda e reflexiva poesia, Alexandre.
Aplausos!