Ainda que a noite me fosse clara
Sem o frescor do teu aroma por perto
As flores lá fora nada dizem para mim
Ainda que a lua tentasse me namorar
Ou me inspirar o mais profundo poema
A grama do jardim está cinza sob meus pés
Tua ausência é sentida por tudo aqui em casa
E até as paredes de pedra choram comigo
Meus suspiros ecoam pelos corredores
Enquanto os tapetes se escondem pelos cantos
A comida está sem tempero, a água não hidrata
O guarda roupa esconde as camisas que quero usar
E até o espelho se recusa a refletir meu rosto triste
Se você não quer mesmo voltar para mim
Devolva então a essência das coisas que ficaram
Tudo que eu preciso parece ter ido com você
E muito de você ficou aqui comigo
Se você não quiser mesmo voltar para mim
Mande-me ao menos a magia da noite
Para acalentar-me na tortura da solidão
Tornando mais leve o fardo do açoite
(CLÁUDIO ANTONIO MENDES)
Comentários
É sempre assim, não é? A ausência vai se alastrando por tudo, tomando conta de gente, de casa, de ar, da vida. Tudo é reverberação de falta! Aqui nesses versos a tristeza ficou linda!
Um apelo triste,belo e saudoso...
Encantado com os versos, parabéns, poeta!
Sentidos que ficam vazios onde o ser amado de um jeito sem explicação si vai, nosso olhos chora o amor
"Para acalentar-me na tortura da solidão
Tornando mais leve o fardo do açoite"
Aplausos de pé!
Beijos