Uma face do Império

Uma face do Império

 

 

 

 

 

 

 

Uma face do Império

 

Os fugidios cavalos trotam

Ora correm desembestados

Como a fugir a pagar pecados

Por aquelas campinas espaciais

Parecem dois cavalos jegues

 

Campinas esverdeadas e murchos

Os esverdeados resistem ao sol

Os murchos sofredores pelo sereno

 

Ora estatelavam a terra por torpor

Cansaço, fome e sede e secura

Não lhes faltavam água doce do rio

Lerdos esqueceram de suas naturezas

E liberdade em baixar as cabeças

E da água mineralizada beber

 

Ascenderam e declinaram precipícios

Carga no lombo, ouro, bagagem e Condessas

 

Velhos como cavalos mulas

Esqueceram-nos nos altíssimos

De altas frias serras quaisquer

 

Arriaram-se ao chão lamacento

Chuvas de Temporais hoje Atemporal

São oito patas- dois cavalos mulas

Chicotada tais e quais ferrenhas

 

O ferrete em brasas de marcar gado

Não ressuscitaram inertes ali lá

 

A caravana seguiu um destino

Os animais despencaram ribanceiras

Até chocar nas campinas abaixo abertas

O sopro do vendaval friaca mediúnica

Ressuscitaram estes cavalos- mulas.

 

Fim

Antonio Domingos

23\02\2020

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Comentários

  • Mais um excelente texto!! Parabéns Antônio!! 

    • Grato amiga Angélica....

      Nesta época, do Império, na busca do ouro das Minas Gerais as mulas eram mais fortes para cargas, os cavalos mais frágeis eram usados, daí os humildes versos.

      Abraço Antonio

  • Belo poema, caro Domingos:

    Este velho tropeiro virtual que ora lê a voss'merçê — com dois pés no sertão — sente, no rosto, uma nostálgica aragem, com aroma de ervas e capim, esquecendo-se até da brutalidade mesma do homem, dito caucasoide,  sobre seus semelhantes de ébano e de bronze que, com os muares desta terra, construíram-nos a nação.

    Abraço,

    j. a.

    • Agradecido de coração por sua leitura e valioso comentário caro Medeiros.
      Há milhares de Brasis...no Brasil..
      Na época do Império os animais eram meios de transportes de cargas....As mulas cruzamento de asno com égua era o animal mais resistente para longas viagens..Cavalos, mais frágeis, eram usados....O exagero eram maltratos para estes animais...Na época da busca do ouro das Minas Gerais, muitos animais foram maltratados.., daí um humilde retrato em nossa poesia.
      Abraço, Antonio

  • Antonio Domingos poesia maravilhosa

    da gosto de ler suas poesia meus parabéns...

    • Gratidão amiga e Poetisa Eudalia por sua deferência com este Poeta.

      obrigado antonio

       

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