VELHOS DITADOS

Não há boca tão bela

Quanto a escarlate da noite

Nem queda tão doce

Quanto o cair da tarde

Um azul celeste

Quanto o do céu ao meio dia

Um azar tremendo

Quanto ser bode expiatório

Um risco iminente

O de bater o rabo na cerca

Ou a tremenda mancada

Em ter comprado gato por lebre

 

Por sequer um minuto

Ter dormido no ponto

Necessidade maior

Que a de mudar da água ao vinho

Oportunidade ímpar

Em botar as cartas na mesa

E se preciso por fim

Por as barbas de molho

Ousar prometer mundos e fundos

E depois fazer tempestades em copo d’agua

 

Esperar sentado que uma mão lave a outra

Riscar com giz as impossibilidades do mapa

Assuntar assombração sem pés nem cabeça

Resolver as ranhuras pondo os pingos nos is

E por resposta receber baldes de água fria

 

Seria o mesmo que ignorar por completo

O perfume que emana da rosa aberta

Por desejar na língua o gosto do orvalho

Que encharca suave o veludo da pétala

 

PSRosseto

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Paulo Sérgio Rosseto

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Comentários

  • Eu também gostei muito de ler teu poema.

    É lindo!

    Aplausos!

  • 132483053?profile=RESIZE_710x

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