A vida brilha. Mil bocas brotam.
Não quero dormir na noite maravilha.
Olho para o que fui, mesmo não sendo,
imagino sua face, seu disfarce.
Não quero mágoas que transpassem
ou atrapalhem minha trilha.
Trago o universo no peito.
Pranto e pena que espanta tanto,
espalhados no meu leito
sobre o lençol de linho branco
a espera do que deve ser feito.
Inúmeras fagulhas que viram centelhas,
crescem, avolumam-se em chamas vermelhas
rugindo nos espelhos da cristaleira.
Ouço gritos divinos, vindos
d'onde o vazio espia
acentuando desatinos
como se nada sabia.
As quatro paredes apertam
neste quarto, meu hibernal deserto,
ouço o que o universo envia.
Estou cansado de mim. Serei outro -
embora saiba inútil, o esforço -,
buscarei estrelas cadentes,
caídas, carentes.
As oferecerei meus versos dementes.
As tirarei da solidão silente.
Lhes cantarei uma universal canção.
A vida brilha, cega e envolve.
Quero de volta meu pequeno pássaro,
A inspiração do primeiro verso,
Meu sorriso puro.
Anda, devolve.
Paolo Lim
Comentários
E a prova disso é esta poesia linda carregada de sentimentos!
Amigo poeta, tiro meu chapéu para você!
Abraços carinhosos!
: )
Elaine Márcia : Apenas tê-la aqui, já me é um presente. Com seu comentário então, fico exultante. Bjs do amigo Paolo.
Muito obrigado pelo comentário, gentil amiga Angelica Owl. Aceite um carinhoso beijo do amigo Paolo.