Desde pequeno já conversava com muitos deles
Apenas eu não sabia que realmente estavam ali
Acostumei-me a estar com muita gente naquele
Quarto só não sabia que vieram desde que nasci
Talvez alguns pensem nossa como ele era sozinho
Verdade não tinha irmão mas era cercado de gente
Amigos colegas primos havia muito muito carinho
Cada dia que amanhecia sempre fora um presente
Mas de fato sempre houve aqui uma solidão perene
E parece que eles sabiam disto e estavam ali pra mim
Ouvíamos sons comprávamos discos fogo e querosene
Eu nunca me senti sozinho eram bons tempos isso sim
Mas eu cresci...
E acabei por me afastar sem saber que um dia estiveram
E ficou uma sensibilidade um lembrete um vazio estranho
Ficaram canções que como eles sempre me acompanharam
Até que um dia quando eu encarei uma tristeza sem tamanho
Eles se revelaram e num flash as imagens e eles estavam ali
Me alertaram que toda sensibilidade tem um preço elevado
Que as lágrimas viriam como nascente e elas iriam vir e cair
Mas havia um jeito de diminuir a dor de sentir-se abraçado
E eu sento a noite e deixo que eles tragam seus versos
Os acolho no coração no colo de uma nova ou velha canção
Deixo que suas próprias palavras sejam ouvidas pelo universo
E assim eu posso quem sabe aos poucos sair de minha escuridão
Deus abençoe os verdadeiros poetas
Carlos Correa